Ser homem ou mulher não deveria ser um critério objetivo na escolha de um ministro de Estado. Ministros em países democráticos devem ser escolhidos por suas aptidões técnicas e políticas. A eles, a única tarefa que importa é dar um rumo estratégico às áreas de interesse do país, independente de pormenores como cor de pele, religião, sotaque ou opção sexual.

Quando Michel Temer, no entanto, anunciou a composição ministerial de seu governo sem nenhuma presença feminina, pela primeira vez desde o auge da ditadura militar, a internet veio abaixo. De um lado, grupos ligados à esquerda questionaram a medida, imaginando que é papel do presidente nomear ministros que representem os diversos perfis da sociedade. De outro, grupos ligados à direita encararam a decisão com naturalidade, como fruto de uma composição meramente técnica.

De fato, a pressão levou Temer a escolher uma mulher, Maria Silvia Bastos Marques, para presidir o BNDES. Maria Silvia, por ironia do destino, acabou se tornando uma das pessoas mais qualificadas da nova composição do novo governo, formado na maior parte, especialmente fora da área econômica, por figurões da velha política, com pouca capacidade técnica e muita cota partidária.

Abaixo, selecionamos 10 mulheres competentes, que poderiam ser nomeadas ministras no governo Temer (com sugestões de ministérios e secretarias que permanecem ativos ou foram excluídos, integrados a outras pastas). Todas elas possuem qualificações para os seus cargos, algumas técnicas, outras políticas.

E antes de conhecê-las, um alerta importante: diferente das listas de sugestões de outras publicações, todos os nomes citados aqui possuem uma mínima identidade política com o novo governo. Ou seja: são figuras viáveis, que poderiam perfeitamente compor a equipe ministerial de Temer.

  1. ELENA LANDAU – MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA

Mestre em economia pela PUC-Rio, Elena Landau é uma referência quando o assunto é o setor elétrico brasileiro. Sua atuação no governo FHC, como assessora do BNDES durante o processo de desestatização do setor elétrico, lhe garantiu uma imersão na área. Elena é autora de livros sobre a regulação jurídica do setor (sua área de formação ainda é o Direito, apesar do mestrado em Economia).

Promover uma desestatização na área de geração de energia (e dentre as 3 áreas, geração, transmissão e distribuição, a geração ainda é a única com grande presença estatal), poderia ser um projeto tocado por Elena que iria de encontro com aquilo que o governo Temer defende.

2. ELLEN GRACIE – MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

Ellen-gracieEx-presidente do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie é jurista e antropóloga, e fez carreira na Procuradoria da República. Em 2000, tornou-se a primeira mulher a integrar a Suprema Corte Brasileira. Durante o processo, contou com amplo apoio de movimentos feministas.

Com atuação no STF e no Tribunal Superior Eleitoral, Gracie é uma figura gabaritada e bem qualificada para assumir um dos mais controversos cargos na Esplanada nos dias atuais.

Segundo a jornalista Mônica Bergamo, da Folha, Temer convidou Ellen para a CGU, mas o cargo foi recusado.

3. REGINA MADALOZZO – MINISTÉRIO DO TRABALHO

Regina-Madalozzo1PhD em economia pela University of Illinois, Regina Madalozzo é hoje professora associada ao Insper, a tradicional faculdade paulista, considerada uma das mais conceituadas do país na área de Economia e Negócios. Sua especialização enquanto economista ocorreu na chamada “Economia de gênero”. Com diversos trabalhos publicados sobre a área, Regina é um nome alheio ao cenário político, o que quebraria uma tradição no Ministério do Trabalho, que nos últimos anos se tornou uma pasta distante do perfil técnico.

Com 11 milhões de desempregados no país, o cargo ganha força, em especial pelo debate em torno da extensão dos benefícios trabalhistas pagos pela previdência. Como Diretora-Superintendente do Instituto Futuro Brasil, que posteriormente daria origem ao Centro de Políticas Públicas do Insper, Regina é um nome essencialmente técnico em um mar de indicações políticas.

4. ANA AMÉLIA LEMOS – AGRICULTURA

Ana - AméliaÉ senadora pelo PP gaúcho e possivelmente um dos poucos nomes, entre os citados aqui, que realmente foram ventilados pelo governo Temer. Ana carrega, além da disposição de uma senadora de primeiro mandato, ainda não viciada pela política partidária, o peso de uma das congressistas mais engajadas na oposição ao modelo de política econômica adotada durante o governo Dilma Rousseff.

Com carreira na iniciativa privada, onde trabalhou como jornalista cobrindo a área politica para a afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, Ana Amélia assumiria um ministério da Agricultura de Michel Temer pelas mais diversas razões – não apenas pela tradição de manter políticos gaúchos na pasta, mas especialmente pelo seu trabalho enquanto senadora.

5. CLÁUDIA COSTIN – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

claudia-costinAtual Diretora Global de Educação do Banco Mundial, Cláudia Costin possui uma longa lista de atuação na gestão de políticas públicas. Cláudia foi ministra de Administração e Reforma do Estado durante a gestão FHC, secretária de educação na cidade do Rio de Janeiro, durante a gestão de Eduardo Paes e presidente da ONG Victor Civita, mantida pelo grupo Abril.

Em um momento delicado, onde o Ministério da Educação enfrenta severos cortes de verba (incluindo bolsas de mestrado e doutorado, bolsas de auxílio permanência, corte de investimentos em universidades e salários de professores universitários defasados em relação à inflação), o cargo demanda alguém com experiência em gestão, para contornar o momento.

6. MARA GABRILLI – MINISTÉRIO DAS MULHERES, IGUALDADE RACIAL E DIREITOS HUMANOS

Mara-Gabrielli4Deputada tucana por São Paulo, Mara Gabrilli chegou à Câmara dos Deputados em 2010, após iniciar sua carreira política como vereadora na capital paulista.

Após sofrer um acidente de carro em 1994, Mara ficou tetraplégica, motivo pelo qual decidiu criar uma ONG que carrega seu nome: o Instituto Mara Gabrilli, que desenvolve projetos para integrar pessoas com deficiência e promover uma melhoria na sua qualidade de vida. Entre os projetos do instituto, destaca-se o “Cadê Você?”, que localiza moradores de comunidades carentes com deficiência, ajudando-os a melhorar suas condições.

Sua indicação para o ministério (extinto por Temer), garantiria um nome considerado “pacífico”, sem causar grandes choques com organizações de direitos humanos e, ainda assim, capaz de dar ao governo a base política demandada por ele ao distribuir os cargos na Esplanada dos Ministérios.

7. MARIA LUIZA VIOTTI – MINISTÉRIO DE RELAÇÕES EXTERIORES

maria-luiza-viotti-Brazil-PresidentAtual embaixadora do Brasil na Alemanha, Maria Luiza integra o corpo diplomático do Itamaraty há 40 anos, passando por diversos cargos da chancelaria brasileira desde que entrou para a instituição, em 1976.

Maria Luiza foi indicada para representar o Brasil no Conselho de Segurança da ONU, em 2011, e caso a indicação para comandar o ministério ocorresse, seria a primeira mulher em quase 2 séculos a ocupar o cargo, que teve José Bonifácio como seu primeiro ministro.

Apesar de não ter seguido carreira, Maria Luiza é graduada em economia pela Universidade de Brasília. Nas suas quatro décadas no Itamaraty, já ocupou cargos na sub-Secretaria-geral da instituição para a América do Sul e a Diretoria-geral de Assuntos Internacionais.

8. MÔNICA DE BOLLE – SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL

mônica de bollePhD em economia pela London School of Economics, Mônica de Bolle é especialista em crises financeiras e macroeconomista de formação. Com uma atuação como economista no Fundo Monetário Internacional entre 2000 e 2005, Mônica atualmente é professora adjunta na John Hopkins School Of Advanced International Studies, em Maryland, nos Estados Unidos.

Como colunista do jornal Folha de São Paulo, ela foi responsável por levantar um dos mais acalorados debates entre os economistas brasileiros no ano passado. Sua tese de que o Brasil se encontra em ‘dominância fiscal’ (um momento no qual a taxa de juros perde a capacidade de influenciar na inflação), levantou a discussão sobre os aumentos de juros no país em um grave momento de recessão.

Atuando junto a um ministro com bom traquejo político para passar no Congresso as reformas necessárias, Mônica desempenharia uma função vital para o país em um momento de fragilidade na contabilidade pública.

9. VIVIANE SENNA – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Viviane-SennaÀ frente do Instituto Ayrton Senna por quase duas décadas, Viviane Senna e sua instituição já ajudaram na formação de 695 mil educadores brasileiros, impactando na vida de 18 milhões de estudantes em todo o Brasil.

Psicóloga por formação, Viviane integra o conselho consultivo de inúmeras instituições brasileiras, como a Confederação Nacional da Indústria, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Federação Brasileira de Bancos, o Santander e o Itaú. Em 2003, tornou-se integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, criado pelo então presidente Lula.

10. ELAINE PAZELLO – MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA

Elaine -PazelloMestre pela PUC-Rio e doutora pela USP, a economista e professora Elaine Pazello é especialista em mercado de trabalho, com ênfase em distribuição de renda e análise sobre a pobreza.

À frente de uma das maiores pastas da Esplanada dos Ministérios, Elaine garantiria sobriedade ao debate mais fundamental de todo o governo Temer – como ajustar a Previdência. Reajustes constantes no salário mínimo somados ao alto custo de benefícios como seguro-desemprego, e a dificuldade em mudar o sistema no funcionalismo público, levaram a Previdência para uma situação de difícil resolução.

Da Redação com informações site spotniks

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here