Alguns cargos estão se tornando obsoletos, mas as habilidades humanas têm tudo para se tornarem mais desenvolvidas e necessárias

Por Marcelo Miranda*

Quando revemos alguns filmes de ficção científica de décadas passadas, como O Exterminador do Futuro, ficamos comparando e pensando nos “acertos” do roteiro com relação à realidade atual.

Apesar de não vermos um exército de robôs ou algo do tipo tomando as ruas e fazendo a revolução das máquinas, no mundo real estamos diante de uma tecnologia inteligente, que automatizou muitos de nossos processos e contribui ativamente para a geração de lucro e prosperidade das empresas.

A inteligência artificial só avança e, com a pandemia, ganhou proporções mais aceleradas, com negócios repensando cargos e substituindo humanos por máquinas nas mais variadas funções.

Ainda que não seja realmente possível prever 100% o futuro dessa aceleração e onde vamos chegar em termos de “capital humano”, hoje conseguimos dar palpites mais certeiros sobre o que está por vir. Prova disso é a consciência que as pessoas têm do impacto da tecnologia em nossas vidas.

Empregos estão ficando obsoletos

Cerca de 39% das pessoas acreditam que seus empregos estarão obsoletos em cinco anos, segundo uma pesquisa da PwC. Ao mesmo tempo, 73% acreditam que a tecnologia nunca poderá substituir a mente humana, enquanto 74% dizem estar prontas para aprender novas habilidades.

Comparar esses dados me fez refletir muito sobre o que realmente está em jogo aqui, isto é, o que está ficando obsoleto, ultrapassado. A conclusão é que, nessas análises, estamos falando de funções, não de pessoas.

Ou seja, cargos estão ficando ultrapassados, mas as habilidades humanas têm tudo para se tornarem mais desenvolvidas e necessárias.

Com base no que pensam os 39%, concluo que uma das principais características que irá nos manter ativos e prósperos no mercado de trabalho é a autoconsciência. E, a partir dela, temos um recurso poderoso para alcançar quaisquer que sejam as demais.

As famosas soft skills

Soft skills – como inteligência emocional, criatividade e resolução de problemas – são determinantes para todo e qualquer posicionamento de carreira. Por isso, essas sempre serão habilidades necessárias.

A criatividade e a adaptação, somadas à experiência que vivemos, nos torna aptos a criar alternativas quando estamos em dificuldade, e isso nunca será substituído por máquinas.

“Conhece-te a ti mesmo”

Pode parecer discurso de “autoajuda”, mas sem autoconhecimento não temos noção alguma se estamos ou não obsoletos no mercado de trabalho. A gente precisa fazer um dever de casa sobre onde nos posicionamos dentro da função que exercemos.

Quem acompanha meus textos por aqui já sabe que muitas das minhas ideias vêm de leituras de filosofia. Por isso usei a famosa frase “conhece-te a ti mesmo”, uma reflexão diária que precisamos fazer.

Quais habilidades humanas estão me deixando forte na vida e no mercado de trabalho? O que me ajuda a exercer bem as minhas atividades? O que preciso aprender melhor? O que gostaria de deixar como legado para as pessoas?

É claro que precisamos entender o que sabemos, onde estamos defasados de conhecimento, quais qualificações técnicas ou não precisamos adquirir. Mas o contexto é amplo, não apenas nas quatro paredes do escritório, pois antes de tudo acredito que precisamos ser uma pessoa boa para sermos um grande profissional.

Continue se aperfeiçoando

Cargos estão ficando para trás, certo? Mas cargos são exercidos por pessoas. Ainda que a pesquisa da PwC tenha constatado que a tecnologia irá eliminar muitos cargos, ela também vai criar outros. É nesse tipo de análise que precisamos nos inspirar para tomar decisões que vão impactar nossa carreira.

Por exemplo, 65% das pessoas consideram que a tecnologia vai melhorar as chances de trabalho no futuro, enquanto 74% acreditam que são responsáveis por atualizar suas habilidades, em vez que contar com os empregadores.

Esses dados nos mostram que, ainda no campo do autoconhecimento, temos a autorresponsabilidade.

Ou seja, não haverá pesquisa suficiente no mundo para determinar se o seu ou o meu cargo ficarão para trás.

Mas caberá a mim e a você continuarmos nos aperfeiçoando, procurando informação e estudo.

O investimento em educação pode ser alto, mas há também muito material disponível de forma mais acessível. E não podemos menosprezar o poder de nos mantermos atualizados sobre o dia a dia, informados, buscando novidades sobre nossas áreas, pesquisas novas que estão surgindo e por aí vai.

Além do mais, procure aprender com seus colegas, tente agendar reuniões e encontros que possam ser de troca de conhecimento.

Mantenha seus contatos por perto

Se existe uma habilidade que me parece ser fonte inesgotável de oportunidades, ela responde pelo nome de “networking”. Para sermos lembrados, precisamos nos conectar com pessoas, precisamos trocar experiências e saberes.

Manter a sua rede de contatos forte e em constante crescimento é uma estratégia forte de valorização como profissional. Há muitas oportunidades que surgem a partir dessas conexões, então, não podemos abrir mão das pessoas.

Devemos fortalecer nossos ciclos, inclusive para entendermos tendências, comportamentos e transformações.

Pessoas não ficam ultrapassadas

No fim das contas, a conclusão que eu chego sobre a reflexão de hoje é que, sim, a tecnologia pode ter deixado muitos cargos ultrapassados, e vários outros vão deixar de existir nos próximos anos.

Mas também precisamos lembrar que a tecnologia tem nos possibilitado moldar novas necessidades e, com isso, surgem também oportunidades. Com consciência, esforço e visão, pessoas não ficam ultrapassadas.

*Marcelo Miranda é o CEO da Consolis Tecnyconta na Espanha, filial espanhola do grupo multinacional francês Consolis, É um executivo reconhecido na criação de inovações que levam ao desenvolvimento sustentável.

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