Ana Prestes, candidata do PCdoB a Câmara dos Deputados.

Por Delmo Menezes

Filiada ao PCdoB há 20 anos, famosa pelo sobrenome que herdou do avô Luiz Carlos Prestes, da “Coluna Prestes”, a candidata Ana Prestes (PCdoB), nasceu em Moscou em 1977, período em que seus avós, Luiz Prestes e Maria Prestes, militantes históricos do PCdoB, estavam exilados na União Soviética. Feminista convicta e mãe de Helena e Gabriela, Ana é escritora e autora do livro infanto-juvenil “Mirela e o Dia Internacional da Mulher”. Ela luta pela ampliação da bancada de mulheres no Congresso Nacional, que hoje representa cerca de 10% do conjunto de parlamentares.

Ana Prestes. mãe de Helena e Gabriela. Crédito: Flores

Aninha como é conhecida pelos amigos, é socióloga e doutora em Ciência Política, iniciou sua trajetória no movimento estudantil, que segundo ela, “foi um período de muita efervescência política, com uma onda de neoliberalismo e desmonte do nosso país”.

Nesta entrevista ao Agenda Capital, a candidata a deputada federal pelo PCdoB-DF, que disputa pela primeira vez uma vaga na Câmara dos Deputados, afirma que sua candidatura nasceu a partir de uma plataforma democrática e popular, que tem como premissa a luta pela retomada dos direitos que foram perdidos.

Leia íntegra da entrevista:

AC – Por que ser candidata a deputada federal?

Ana Prestes – Estou na militância do meu partido há 20 anos, lutando pelos direitos das mulheres. Trabalho com democracia participativa, e acho que estou em condições de representar uma parcela significativa da população. Dentro do Congresso Nacional vou lutar pelo desenvolvimento integrado do DF e do Brasil com inclusão de verdade, educação, saúde, cultura, e participação democrática.

AC – Qual a principal bandeira que vai defender na Câmara dos Deputados em caso de vitória nas urnas?

Ana Prestes – Ampliação dos direitos das mulheres, ampliação da representação feminina no parlamento do Brasil, que hoje está em último lugar no ranking da América do Sul. Nós não temos nem 10% de mulher no parlamento. Nas minhas propostas, estão o cumprimento do Plano Nacional de Educação, a anulação da Emenda 95 que congelou os investimentos da saúde e educação por 20 anos

AC – O atual modelo político se tornou ineficaz. A corrupção no país não diminuiu. Como resolver esta situação?

Ana Prestes – A corrupção é sistêmica no mundo político e não somente no Brasil. Você tem que ampliar e fortalecer os órgãos de controle, com a realização de mais concursos, fortalecer as instituições da justiça e ampliar o controle social.

AC – Como é ser mãe e feminista nos dias de hoje?

Ana Prestes – É ao mesmo tempo gratificante e triste. Gratificante porque nós estamos vivendo tempos de mais participação das mulheres na política, no trabalho, na área de ciência e tecnologia. Ao mesmo tempo triste, porque nós estamos vendo uma onda conservadora muito intensa crescendo, o aumento da violência contra as mulheres, o feminicídio muito forte aqui no Distrito Federal. É preocupante, mas nos dá força para continuar a nossa luta.

Ana e sua vó Maria Prestes, militantes históricos do país. Foto: Reprodução

AC – Como foi sua experiência de vida em Moscou na época da ditadura militar em nosso país?

Ana Prestes – Quando eu nasci meus pais eram exilados políticos na década de 1970, que foi o período mais difícil da ditadura militar no Brasil. Foi por isso que eu nasci em Moscou. Na década de 1980, retornamos ao Brasil no início da redemocratização. Me lembro de uma infância feliz, em um país muito avançado na época. Mesmo com todos os problemas e o fim da União Soviética, vimos um povo que amparava a todos com saúde, educação, moradia, transporte público, acesso a alimentação de qualidade. Esta foi minha experiência em Moscou.

AC – Seu avô Luiz Carlos Prestes, famoso por ter formado a “Coluna Prestes” pelo Partido Comunista do Brasil, de alguma forma influenciou o seu lado político?

Ana Prestes – Totalmente. Na minha infância e adolescência, a gente respirava política na casa do meu avô. Na primeira eleição depois da ditadura, meu avô apoiou o Brizola do PDT. Então a casa do meu avô Carlos Prestes, era frequentada por vários políticos, como o próprio Brizola, Fernando Morais, escritores e artistas. Meu avô me inspirou a seguir na política por um Brasil melhor e com menos desigualdade social

AC – Depois da queda do Muro de Berlim e da União Soviética, ainda há espaço para o socialismo e comunismo no Brasil?

Ana Prestes – Com certeza. As ideias socialistas elas não morrem. A gente vai experimentando, vai tentando. A ideia do socialismo, é da comunhão, do crescimento coletivo e da distribuição da riqueza entre os pobres e os ricos. De todos os sistemas políticos, é o mais humano do mundo.

AC – Qual o diferencial na sua campanha política?

Ana Prestes – O nosso diferencial é dar segmento a ampliação da representação feminina no parlamento. É a candidatura de uma mulher que vem de uma família de tradição política na esquerda brasileira há quase 100 anos, que ajudou a organizar politicamente o país. Além disso, vemos como algo novo a forte atuação na solidariedade internacional, uma das vias da minha militância.

Da Redação do Agenda Capital

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