RICARDO BOECHAT FOTO NILTON FUKUDA / ESTADAO

Aeronave caiu em cima de um caminhão que trafegava pelo Rodoanel, na chegada a São Paulo

Por Redação

SÃO PAULO – O jornalista Ricardo Eugênio Boechat, de 66 anos, morreu na queda de um helicóptero no Rodoanel no início da tarde desta segunda-feira, 11. A aeronave caiu no quilômetro 7, próximo ao acesso à  Rodovia Anhanguera, na chegada a São Paulo, em cima de um caminhão.

Minutos após o acidente, o Corpo de Bombeiros informou que duas pessoas tinham morrido na queda. A confirmação de que o jornalista era um dos ocupantes veio cerca de uma hora depois. A outra vítima fatal é o piloto Ronaldo Quattrucci, que era sócio-proprietário da empresa à qual a aeronave está registrada.

Segundo o capitão Augusto Paiva, da Polícia Militar, o motorista do caminhão é João Francisco Tomanckeves, de 52 anos, morador de Caxias do Sul. Ele teve apenas ferimentos leves e às 14h40 já estava no 46º DP para prestar depoimento. No entanto, ao chegar na delegacia, o homem passou mal e precisou ser levado ao Pronto-Socorro de Perus.  À polícia, o motorista relatou que estava saindo da praça do pedágio, na faixa da cobrança expressa, quando viu a aeronave, mas não teve tempo para frear ou desviar.

O capitão disse que testemunhas relataram que o helicóptero tentou um pouso de emergência em uma alça de acesso do Rodoanel à Anhanguera. Ainda não se sabe qual foi o problema na aeronave.

Boechat era apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM, além de ser colunista da revista IstoÉ. Trabalhou no Estado e, também, nos jornais O Globo e O Dia. É ganhador de três prêmios Esso e, segundo o site da Band, é um dos maiores ganhadores da história do Prêmio Comunique-se, em que foi reconhecido como âncora de rádio, âncora de televisão e colunista. Também foi eleito o jornalista mais admirado do País na pesquisa do site Jornalistas&Cia em 2014.

A confirmação da morte do jornalista veio da direção de jornalismo da Band ao Estado. Ele estava voltando de Campinas, onde tinha ido dar uma palestra no Centro de Convenções do Royal Palm Plaza para 2,7 mil pessoas, o evento era promovido pela empresa farmacêutica Libbs, que seria a responsável pelo transporte de Boechat. Procurada, a empresa disse que estava apurando as informações e que se posicionaria em breve.

SP – HELICÓPTERO/RODOANEL – GERAL – Helicóptero caiu na Rodovia Anhanguera, em São Paulo, nesta segunda-feira (11). Dois tripulantes da aeronave morreram carbonizado, sendo uma das vitímas o jornalista Ricardo Boechat. 11/02/2019 – Foto: JOSÉ LAZARETE JUNIOR/FOTOARENA/FOTOARENA/PAGOS

O helicóptero, uma aeronave  Bell Jet Ranger, prefixo PT-HPG, fabricada em 1975, não era da emissora de televisão. Tinha capacidade para cinco lugares, estava com a declaração anual de inspeção de aviação válida até maio deste ano e com o certificado de aeronavegabilidade válido até maio de 2023. Ele pertence à empresa RQ Serviços Aéreos Especializados, cuja sede fica no Tatuapé, zona leste, empresa com uma frota de quatro aeronaves especializada em filmagens, fotografias e reportagem. O Estado não conseguiu contato com representantes da empresa até as 14h30 desta segunda.

Em nota, a A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC )informou que o helicóptero estava em situação regular, com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) válido até maio de 2023 e a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) em dia até maio de 2019. As investigações sobre as causas da queda estão sendo conduzidas pelo 4.º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), do Comando da Aeronáutica.

Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) disse que os investigadores do SERIPA IV já iniciaram a Ação Inicial da ocorrência, que é o começo do processo de investigação com a coleta de dados. Eles fotografam cenas, retiram partes da aeronave para análise, reúnem documentos e ouvem relatos de pessoas que possam ter observado a sequência de eventos. “A investigação realizada pelo CENIPA tem o objetivo de prevenir que novos acidentes com as mesmas características ocorram”, diz a nota.

Repercussão

O apresentador José Luiz Datena interrompeu a programação da Band nesta tarde para confirmar a morte de Boechat. Emocionado, Datena disse que ele era “uma pessoa especial” e um dos maiores jornalistas do País.

A rádio Band News ficou fora do ar na tarde desta segunda, após a confirmação da morte de Boechat.

Pelo Twitter, o presidente Jair Bolsonaro se expressou: “É com pesar que recebo a triste notícia do falecimento do jornalista Ricardo Boechat, que estava no helicóptero que caiu hoje em SP. Minha solidariedade à família do profissional e colega que sempre tive muito respeito, bem como do piloto. Que Deus console a todos! — Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 11 de fevereiro de 2019

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chamou Boechat de “um dos maiores jornalistas da sua história”. “Sua atuação diária demonstrava sensibilidade em defesa do interesse público e do jornalismo de qualidade. Toda a solidariedade a seus familiares, amigos e colegas da Rede Bandeirantes”, escreveu.

Boechat era torcedor do América-MG, que prestou homenagem ao jornalista nas redes sociais. “Expressamos nossos sentimentos à família e aos amigos do jornalista e das demais vítimas desse triste acidente.”

Acidente

Segundo o Corpo de Bombeiros, a aeronave caiu em cima de um caminhão que trafegava pela via, no sentido interior, próximo à praça do pedágio. O motorista do caminhão foi socorrido pela concessionária.

Os bombeiros informaram que 11 viaturas foram deslocadas para o local. Pessoas que estavam próximas ao local do acidente contam ter visto uma movimentação estranha do helicóptero antes da queda.

O operador de máquinas Marcio Manoel da Silva Santos, de 34 anos, testemunhou o acidente. “Estava na rodovia na moto, com minha mulher na garupa. O helicóptero já estava voando baixo. Ela disse que ia cair, mas não acreditei”, disse. “Mas depois, olhando pelo retrovisor da moto, vi quando caiu. Primeiro, o helicóptero bateu no caminhão. Depois, bateu no chão explodiu”, afirmou.

Santos relatou que parou sua moto, deu a volta pela contramão e foi até o caminhão. Havia partes do avião na cabine da carreta e ele encontrou o motorista preso no cinto de segurança. Ele foi socorrido.

“Eu vi o helicóptero baixo, com a hélice quase parando, rodando de um jeito estranho. O helicóptero bateu no caminhão e depois explodiu”, disse Orlando Vieira da Silva, de 30 anos, morador da comunidade Vila Sulinas, às margens da rodovia.

“O helicóptero deu pelo menos uma volta antes de cair. Foi muito estranho. Depois, ouvi o estrondo . Fez muita fumaça”, disse o morador da comunidade Morro Doce, Anderson Donato, de 25 anos.

Às 15h40 uma das pistas foi liberada para o tráfego de veículos, um guincho já está no local para remover o caminhão.

Foram feitas interdições parciais na pista do Rodoanel, sentido Perus, e na Anhanguera, sentido Jundiaí. A concessionária CCR Rodoanel informou que os motoristas podem acessar a Anhanguera, no sentido São Paulo, e pegar um retorno no quilômetro 18 para seguir para o interior.

Nota do Grupo Bandeirantes de Comunicação

Da Redação com informações do Estadão/BRUNO RIBEIRO, GILBERTO AMENDOLA, ISABELA PALHARES, JULIANA DIÓGENES e PRISCILA MENGUE

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