Disputas judiciais e decretos abrindo e fechando setores da economia, traz incertezas aos empresários do setor. Em Ceilândia apenas atividades essenciais estão liberadas. De acordo com o GDF, salões de beleza e academias podem reabrir as portas em todo DF, com excessão da Ceilândia.

Por Redação*

A semana foi de incerteza para os empresários do Distrito Federal. No início, a expectativa era de que todas as atividades seriam retomadas gradualmente, seguindo calendário organizado pelo governo local. Os principais afetados foram salões de beleza e academias, que reabriram, na última terça-feira, e precisaram suspender, novamente, os serviços, no dia seguinte, devido a uma decisão judicial. O governo recorreu e, na quinta-feira, teve o pedido acatado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

Barbearia Chiquinho, na W3 Norte, acompanhou o vai e vem de decisões. Funcionou, na terça e quarta-feira; fechou, na quinta; e reabriu, ontem. Cícero Araújo, 33 anos, proprietário do estabelecimento lamenta a incerteza que a disputa, entre governo e judiciário, inflige aos comerciantes. “Deixou a gente em uma insegurança tanto jurídica quanto profissional. A gente se preparou para reabrir, atendendo ao decreto, atendendo à norma técnica da vigilância sanitária. Eu fiz um investimento, usei dinheiro que não tinha e, logo em seguida, já tive que fechar.”

Com a pandemia e necessidade de suspender as atividades comerciais, Cícero viu sua renda secar. Ele acumulou dívidas e reduziu a equipe de 18 para 10 pessoas. “Se for pra funcionar, que a gente funcione com uma data certa para poder trabalhar. Se não for, digam logo, porque do jeito que estão fazendo, toda hora uma decisão diferente, a nossa maior preocupação é não saber o que vai acontecer amanhã”, desabafa.

Em Águas Claras, a Barbearia CNUT de propriedade de Fábio Leão, também passou por momentos de incertezas. O último decreto do GDF estava muito confuso, afirma Fábio. “A gente abre um dia, investe em biossegurança, treina a equipe e depois não sabemos se permaneceremos abertos,  pois o governo deveria publicar um decreto com mais clareza”, diz o empresário. 

No salão de beleza de José Felix, 57 anos, não foi diferente. Após manter o local fechado por 4 meses, na quarta-feira, as portas estavam abertas, seguindo todo o protocolo de segurança determinado pelo governo, mas, na quinta, a atividade foi, novamente, suspensa. Ontem, abriu mais uma vez. Localizado na Quadra 300 do Sudoeste, a loja de José foi uma das poucas a abri. “Com essa instabilidade, você acaba desestimulando e deixando todo o segmento frustrado. Gerou uma frustração muito grande, por conta dos investimentos que foram feitos. Pra nós, é complicado, porque são muitas expectativas não só dos clientes, mas, também, dos funcionários.”

“Caos”

Outro setor afetado pelas mudanças foram as academias. A presidente-fundadora do Sindicato das Academias do DF (Sindac) descreve a situação como “o caos para o segmento”. De acordo com ela, o que era para ser uma questão simples de gestão se transformou em prejuízo para diversas empresas, que precisaram retomar contratos com empregados e investir na reabertura, seguindo as normas de segurança. “Os alunos estão estarrecidos, questionando o fechamento, porque academia é um lugar onde se cuida, justamente, da saúde. A nossa batalha, agora, é pra tornar o nosso serviço essencial.”

A academia Acuas Fitness, na Asa Sul, precisou mudar o cronograma de reabertura. Depois de ter planejado abrir as portas na próxima segunda-feira, a gerência do estabelecimento suspendeu a decisão. “A gente vai ter que refazer o retrabalho de marketing, ligar para os clientes, mandar e-mail, colocar nas redes sociais. É um retrabalho que a gente faz a cada novo decreto”, argumenta Fabíula Magalhães, gerente do local.

Para manter as portas abertas, no entanto, as lojas precisam seguir recomendações da vigilância sanitária. Academias, por exemplo, não podem utilizar catracas com biometria, e salões devem afastar as cadeiras de atendimento, em dois metros umas das outras.

“Meio aberto”

O clima de incerteza estava, também, entre os comerciantes de outras regiões do DF. Em Sobradinho, salões de beleza mantiveram portas semiabertas e muitas academias permaneceram fechadas. Nos estabelecimentos em atividade, funcionários usavam máscaras, e havia álcool em gel para clientes nos balcões.

Em Ceilândia e Sol Nascente/Pôr do Sol, no entanto, o cenário era diferente. O governador  Ibaneis Rocha (MDB) determinou a suspensão das atividades não essenciais, desde quinta-feira. Com a decisão, maioria dos estabelecimentos está proibida de funcionar. No Sol Nascente, a população respeitou a determinação. Somente locais como mercados, farmácias e padarias abriram as portas, ontem, e havia pouca gente na rua. No centro de Ceilândia, grande parte dos estabelecimentos suspenderam o funcionamento, mas era possível observar algumas lojas desobedecendo a decisão. Ambulantes ocupavam as ruas vendendo mercadorias em  bancas.

*Com informações do CB e Agenda Capital 

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