Na prática, o militar será a voz do presidente dentro do órgão

Por Redação*

O presidente Jair Bolsonaro decidiu nomear o almirante Flávio Rocha, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), para auxiliar na transição entre a gestão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o atual ocupante do cargo, Nelson Teich. Na prática, o militar será a voz do presidente dentro do órgão. A intenção é deixar o chefe do Executivo inteirado sobre tudo que ocorre na pasta e moldar as novas políticas de combate ao coronavírus, priorizando a abertura econômica. Rocha está na secretaria desde fevereiro e tem participado ativamente de eventos do governo, sempre ficando a par de decisões e ajudando o presidente a definir estratégias.

Ao contrário de Mandetta, que teve autonomia para escolher sua equipe e formou um batalhão de especialistas para definir as políticas de saúde, o novo ministro terá sua gestão avaliada de perto pela ala militar do governo. Dois dias antes de demitir o ministro da Saúde, militares já se articulavam para escolher um nome, diante da iminente troca de comando na pasta, e Teich foi quem mais recebeu aprovação tanto do presidente quanto de seus auxiliares. Bolsonaro cogitou a nomeação do deputado Osmar Terra (MDB-RS), mas foi alertado de que o desgaste político poderia ser tão grande que sua própria gestão no comando do país seria colocada em risco se o parlamentar fosse alçado ao posto.

Teich tem experiência superficial no meio político e é considerado alguém com baixo potencial na área de gestão pública, características que permitem ao Planalto ter maior controle e abertura para interferência nas decisões que serão tomadas. Publicamente, Bolsonaro não esconde seus planos de acompanhar de perto as ações do Ministério da Saúde. “Ele (Teich) vai nomear boas pessoas, eu vou indicar algumas pessoas também, porque é um ministério muito grande”, justificou. “Foram sugeridos nomes, sim, para começar a formar um ministério que siga a orientação do presidente de ver o problema como um todo e não uma questão no particular”, afirmou o presidente, na entrada do Palácio da Alvorada.

Mandetta saiu do cargo após embates públicos com Bolsonaro em razão de ações de combate ao coronavírus. Ele sempre defendeu o isolamento social, medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas Bolsonaro pretende priorizar ações econômicas.

Político demais

Deputados federais já falavam na quarta-feira que o Palácio do Planalto estava tentando fechar um nome com o perfil mais técnico do que político. Um dos pontos que contou contra o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), anteriormente, o mais cotado para assumir o cargo, foi justamente o fato de o nome ser político demais, apesar de ter tido apoio de muitos parlamentares da base do presidente.

*Com informações do Correio

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