Pouco antes do fim da eleição, campanha de Maduro tenta convencer eleitores a votar. - Carlos Jasso/Reuters/Direitos Reservados

Por Agência EFE – Caracas

As questionadas eleições presidenciais da Venezuela neste domingo são marcadas pelo clima de desconfiança de grande parte da população, que aderiu ao boicote convocado pela oposição deixando as ruas e os centros de votação vazios.

Apesar de o chavismo afirmar que o país vive uma “festa eleitoral”, muitos cidadãos definem a situação como “triste”. Mesmo tendo votado, eles estão cientes de que há um setor da população que não confia nos resultados que sairão das urnas.

As ruas e seções eleitorais vazias evidenciam que muitos atenderam o boicote convocado pela principal aliança de oposição, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), que não participou do pleito.

“Se as pessoas seguirem pensando desta maneira nunca vamos sair disso. Elas não pensam que têm uma oportunidade de escolher o destino de nosso país”, disse à Agência EFE a dona de casa Rosa Colmenares, criticando os compatriotas que não foram votar. Poucas pessoas estavam na seção eleitoral de Colmenares no leste de Caracas. Apesar disso, ela pediu que os venezuelanos pensem com o coração e pensem diferente para conseguir uma mudança de governo.

No outro lado da cidade, no bairro de Catia, um reduto do chavismo no oeste de Caracas que também estava pouco movimentado, o operário Francisco Azuaje concorda com a compatriota. “Vim votar para ver se mudamos o país. Não estou de acordo com a convocação pela abstenção”, afirmou.

A maior parte dos eleitores em Catia passava pelos chamados “pontos vermelhos”, as tendas montadas pelo chavismo para controlar os votos, para informar que já tinham participado da votação, uma cena que se repetiu em várias regiões visitadas pela EFE. A EFE testemunhou a alegria de um homem que contava a outro ter recebido uma mensagem no celular que informava sobre o recebimento de um bônus após ter confirmado o voto no “ponto vermelho”. A maior parte das pessoas se negava a falar com jornalistas por temer os “coletivos chavistas” que defendem a revolução.

Enquanto as seções eleitorais estavam vazias, o comércio funcionava normalmente, registrando grandes filas.

No Colégio Miguel Antonio Caro, a seção eleitoral do presidente e candidato à reeleição Nicolás Maduro, havia mais pessoas esperando o ônibus para ir à praia do que para votar. Alguns diziam, sem gravar entrevista por medo dos coletivos chavistas, que a abstenção venceu as eleições.

No entanto, há também aqueles que garantem que as eleições transcorreram normalmente, de maneira organizada, porque as pessoas conseguiram votar sem nenhum contratempo. “Votei rapidinho. É confiável porque o sistema é bom, um dos melhores do mundo”, disse Domingo Oviedo depois de votar em uma seção eleitoral do leste de Caracas que também estava vazia.

No centro da cidade, Marcos Rojas, um aposentado de 63 anos, disse que não votaria porque as eleições já estavam definidas. “De qualquer forma, quem vai vencer é o presidente. Além disso, não confio no Conselho Nacional Eleitoral para nada”, afirmou.

Apesar de alguns venezuelanos terem aproveitado o dia para fazer exercícios, levar as crianças ao parque ou ir ao supermercado, a maior parte das ruas de Caracas estava praticamente vazia.

Maduro enfrenta no pleito o ex-governador Henri Falcón, um chavista dissidente que se afastou da MUD para participar do pleito, o ex-pastor evangélico Javier Bertucci e o engenheiro Reinaldo Quijada.

Da Redação com informações da Ag. EFE /EBC- Caracas

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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