Ciro Gomes. Foto: Reprodução

Por Coluna Eixo Capital/CB e Agenda Capital

Na quarta-feira à tarde, 19, o senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE), montou em uma retroescavadeira em meio a um protesto de policiais em Sobral, no Norte do Ceará, e acabou sendo baleado. Cid foi de carona no veículo, carregando um megafone na mão. Em vídeos gravados do momento da confusão, Cid Gomes tenta derrubar um portão em um bloqueio feito por policiais em uma base militar.

O coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como “Bancada da Bala”, deputado Capitão Augusto (PL-SP), diz que há chance de o movimento dos policiais militares do Ceará se alastrar pelo país. “A hora é de baixar a fervura e evitar que vá para outros Estados”, afirma.

De acordo com alguns especialistas na área de segurança, as greves de policiais militares tendem a ter um efeito dominó. Já se observa movimentações em diversos estados da Federação.

Leia a entrevista com o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, irmão do senador Cid Gomes.

Acredita que o motim realizado por PMs do Ceará é uma demonstração de que os governadores não controlam as polícias militares?

Ciro Gomes – Sim, os governadores têm pouco controle sobre as polícias em geral. Isso não acontece apenas no Brasil. Os governantes têm muito menos controle sobre as polícias do que estamos preparados para admitir.

O poder da bancada da bala ampliado em números de parlamentares nesta legislatura potencializa esse movimento?

Ciro Gomes – Sem dúvida. De forma geral, os parlamentares ligados às polícias tendem a potencializar os movimentos paradistas, uma vez que acenam com a possibilidade de anistia para as lideranças do movimento.

Esse movimento salarial do Ceará pode chegar no DF, onde a PM aguarda por
um reajuste semelhante ao da Polícia Civil, que aliás ainda não saiu?

Ciro Gomes – As greves de policiais militares tendem a ter um “efeito dominó”. Já se observa movimentações em diversos estados da Federação.

No governo Rollemberg, houve uma opção política de atender a PMDF e privilegiar a corporação?

Ciro Gomes – Não creio que houve uma decisão deliberada para privilegiar uma corporação em detrimento da outra.

Quem está mais errado naquela cena? O senador Cid Gomes que tentou atropelar policiais com uma retroescavadeira ou policiais que atiraram num cidadão?

Ciro Gomes – Os dois lados parecem errados. A atitude do senador foi destemperada. Colocou em risco a vida de outras pessoas. Policiais armados, realizando piquetes na porta de quartel, também representam um perigo.

O que você acha do ativismo político da PM não só nas questões salariais, como também no avanço das atribuições de outras corporações?

Ciro Gomes – Não há problema que policiais militares defendam suas pautas, desde que isso seja feito dentro dos canais democráticos. Obviamente, não podem extrapolar, ameaçar autoridades ou obrigar o comércio a fechar as portas.

Qual é a sua opinião sobre anistia a policiais que fazem motim?

Ciro Gomes – Esta é a grande questão: é greve ou motim? Como os policiais não têm direito à greve, os movimentos paradistas não são regulados pela justiça do trabalho. Essas situações, de acordo como a legislação, estão no âmbito de competência da justiça militar que, geralmente, se mostra bastante relutante em enquadrar estas paralisações como motins. Por não ter regulação nem enquadramento jurídico, estas greves tornam-se extremamente radicais. Creio que deveríamos aceitar a sindicalização das polícias militares, como França e Chile já estão fazendo.

O próprio presidente Jair Bolsonaro foi expulso do Exército por participar de um movimento grevista. Esse comportamento acaba servindo como exemplo?

Ciro Gomes –O que estimula o movimento grevista é a promessa de apoio por parte do governo federal. Isso, obviamente, causa um grande mal-estar com os governadores.

*Com informações do Agenda Capital e Correio (Arthur Trindade)

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