Primeiro e único presidente cassado na história do Brasil, o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL), disse na noite de ontem (11), em discurso no processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que o sistema político brasileiro “está em ruínas”. Relembrando o processo enfrentado por ele em 1992, que resultou na perda dos seus direitos políticos por oito anos, Collor manifestou-se favoravelmente ao afastamento de Dilma.

Trigésimo oitavo senador a discursar, Collor criticou a Lei 1.079 de 1950, que disciplina o impeachment. “Não podemos mais rechear a nossa história com deposições, suicídio, renúncia ou impedimentos. Não existe formula mágica dentro do nosso presidencialismo, ainda mais com a lei nos moldes da nossa 1.079, a ressurrecta, que dá margem a permanentes ameaças a qualquer governo”, discursou Collor.

Presidencialismo

Collor também criticou o presidencialismo de coalizão que, segundo ele, está baseado na “cooptação” e no “fisiologismo que envergonham a classe política”. “Lá se vão 127 anos de crises e insurreições, de crises e conflagrações, de golpes e revoluções. Suplantada a aristocracia imperial, superamos a oligarquia republicana, convivemos com estado de sítio, de exceção, enfrentamos ditaduras civil e militar e ainda hoje estamos em processo de redemocratização. Sob o presidencialismo usufruímos tão somente de espasmos da democracia. Não há mais como sustentar um sistema anacrônico, contaminado e deteriorado em sua essência”, disse o senador alagoano,

Para Collor, em nenhum outro momento da história, o país viveu crise tão grave. “Jamais o Brasil passou, como hoje, por uma confluência tão clara, tão entrelaçada e aguda de crises na política, na econômica, na moralidade e na institucionalidade. Chegamos ao ápice de todas as crises, chegamos às ruínas de um governo, às ruínas de um país”.

Na avaliação do ex-presidente, passados mais 24 anos de sua cassação, a população evoluiu na participação política, mas os políticos regrediram politicamente. “Reafirmo que uma nova política precisa se estabelecer, seja qual for o resultado de hoje, precisamos virar esta página, repensar e instituir a política pela qual a sociedade clama. O atual processo de impeachment que nada mais é, do que a tentativa de, a partir do passado, aplainar o presente, para decantar o futuro”.

Da Redação com informações EBC

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here