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Por Redação

Treze anos depois de criar nenhum segmento de atacarejo, formato de lojas que misturam atacado ou varejo, com uma compra do Atacadão, o Carrefour volta à cena e vai desembolsar R $ 1,95 bilhão para 30 lojas do Makro, da holding holandesa SHV. O atacarejo respondeu por mais de 50% das vendas do grupo no Brasil, de R $ 62 bilhões no ano passado e também com lucro.

Depois de aprovado ou negociado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o grupo pretende fazer uma nova captação no mercado para uma compra. Os recursos usados ​​para compras estão fora de R$ 2 bilhões reservados para investimentos no Brasil este ano.

Após fechar o negócio, ontem à manhã, Noël Prioux, presidente do Grupo Carrefour Brasil e Sébastien Durchon, diretor financeiro, conversaram com a reportagem por telefone e deu detalhes da transação. Questionado se as lojas compradas do Makro são deficitárias, Prioux disse que não importa o resultado da empresa e que mais importante é a localização. “Esse negócio vai oferecer mais vendas e valorização e essa é a razão pela qual estamos dispostos a pagar esse preço”, disse Prioux. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Qual é o risco do Cade não aprovar a transação por causa da concentração de mercado?

Noël Prioux: Dependendo da loja do Atacadão, entre 50% e 60% dos clientes são consumidores finais e frequentam outros formatos de varejo. O cliente usa oito tipos de lojas. A nossa visão é o mercado global e o cliente seleciona onde quer comprar. O Atacadão tem muitos concorrentes. Se o Cade analisar dessa maneira não teremos problemas.

Há informações de que as lojas do Makro são deficitárias. O Carrefour está comprando prejuízo?

Prioux: Não importa o resultado das empresas que compram. Nós temos o nosso modelo. Mais importante para nós é a localização. A partir disso, vamos aplicar o nosso modelo. Esse negócio vai aportar mais vendas e valorização. É uma razão pela qual estamos dispostos a pagar esse preço.

Qual será a sinergia dessa compra?

Sébastien Durchon: Vamos converter como lojas e implantar ou nosso modelo. Isso quer dizer que a venda por metro quadrado vai aumentar bastante, 60% mais ou menos. O ponto de vista da estrutura de custos, o aumento será muito marginal. Já vínhamos abrindo 20 lojas por ano. Serão mais vendas com pouco custo a mais.

Qual é a escala que o Atacadão ganha com esse negócio?

Durchon: O Atacadão já é a maior empresa de atacarejo do País, e tem as melhores condições de compra. As lojas compradas vão se beneficiar e não podem esquecer os resultados financeiros. Dentro do grupo Carrefour Brasil, o banco Carrefour representa 30% do resultado operacional. Vamos disponibilizar nas lojas compostas ou no nosso cartão Atacadão. Esse negócio vai ajudar o banco também. Serão 30 lojas a mais, um resultado adicional para o banco.

Qual é a representatividade do Atacadão no Carrefour Brasil?

Durchon: Hoje o Atacadão representa a maior fatia do faturamento e é o formato que fornece mais lucro. Em 2019, o Ebtida (lucro antes de imposto, juro e amortização) foi de R $ 4.186 bilhões e mais da metade veio do Atacadão. É o modelo que mais cresce em número de lojas, mas todos os formatos do Carrefour estão crescendo muito, incluindo o comércio eletrônico. Vamos manter o ritmo de abertura de lojas também, investindo em todos os formatos.

Os recursos para compra de 30 lojas do Makro saem do total de R$ 2 bilhões reservados pelo Grupo Carrefour para investir este ano no País?

Durchon: O recurso para compra no Atacadão é algo mais do que os R $ 2 bilhões previstos para investir este ano. Uma compra de 30 lojas do Makro não impacta o plano de investimento normal do Grupo no Brasil. A boa parte do plano de expansão de 2020 (que prevê a abertura de 20 lojas da bandeira Atacadão, entre outros) está sendo executada. Se o Cade aprovar, vamos pagar um pouco menos de R $ 2 bilhões e financiar essa cifra com uma dívida adicional a ser contratada no mercado.

Os funcionários das lojas compradas serão mantidos?

Prioux: É um pouco cedo para dizer. Vai depender muito do que será aprovado no Cade. Mas, com a reabertura da loja com a bandeira Atacadão, vamos precisar de funcionários e o plano é aumentar a venda. Não sei se são os mesmos funcionários. Mas, com certeza, vamos manter um número muito alto de empregos. Para vender mais, precisamos de mais funcionários. Vamos contratar mais.

Por que o Carrefour não fez uma oferta para todas as lojas do Makro?

Prioux: O Makro não colocou tudo à venda. Eles vão focar em São Paulo. É uma boa estratégia para o Makro também. Para nós, é bom porque vamos consolidar outras lojas e expandir a operação pelo País, especialmente no Rio de Janeiro e no Nordeste, onde serão sete e oito novas lojas, respectivamente. Para os dois, acho que foi um bom acordo, realmente.

Há sobreposição de lojas compradas sobre as que o Atacadão já opera?

Prioux: Muito pouco. Não há sobreposição.

Qual é desdobramento desta compra no comércio online?

Proiux: O comércio online para nós é outra coisa. Não temos online para Atacadão. No futuro, poderemos usar como lojas do Atacadão como centros de distribuição para lojas do comércio online.

Quem tomou a iniciativa para fazer o negócio?

Durchon: Sempre conversamos com o Makro. Foi uma transação natural para os dois lados.

Com informações do Estadão

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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