Foto: Reprodução TV Band.

Os pré-candidatos fizeram citações a Reguffe, Lula e Bolsonaro e não apresentaram propostas concretas para o DF

Por Delmo Menezes

O primeiro debate dos candidatos ao Governo do Distrito Federal promovido pelo grupo Bandeirantes de Televisão, na noite deste domingo (08/08), podemos definir em uma única palavra: “sonolento”.

Sete pré-candidatos se apresentaram para debater frente a frente e apresentar propostas aos seus eleitores: o governador Ibaneis Rocha (MDB); o senador Izalci Lucas (PSDB); a assistente social Keka Bagno (PSol); o deputado distrital Leandro Grass (PV); a senadora Leila Barros (PDT); o ex-vice-governador e ex-senador Paulo Octávio (PSD); o especialista em educação Rafael Parente (PSB). Os políticos do PSTU, PCO, PC e DC não participaram do debate, promovido pelo Grupo Bandeirantes. A mediação no Distrito Federal ficou a cargo da jornalista Millena Machado.

Alguns candidatos estavam nitidamente nervosos, outros sem paciência de estar ali, e alguns nem sequer sabiam o que estavam fazendo no debate. Lamentável!!!

Propostas concretas para saúde, educação, segurança e transporte público, foram raríssimas. Alguns candidatos até que se esforçaram em apresentar algumas propostas caso sejam eleitos, porém sem definição clara e difíceis de se cumprir.

Debate

Dividida em cinco blocos, o debate foi marcado por críticas a Ibaneis e citações aos dois principais pré-candidatos à Presidência da República, o ex-presidente Lula (PT), e o presidente Jair Bolsonaro (PL). O senador José Antônio Reguffe também foi lembrado pelos colegas, citado por três deles. O apoio de Reguffe tem sido disputado pelos pré-candidatos. Izalci foi o primeiro a se referir ao senador, a quem prestou solidariedade. “Era para ele estar conosco. Sempre cumpriu os compromissos, mas, lamentavelmente, não pôde concorrer.”

Paulo Octávio também mencionou Reguffe e destacou pontos de concordância entre os dois, a isenção de impostos em medicamentos e o mutirão de cirurgias. O empresário se reuniu, no sábado, com lideranças regionais de partidos alinhados ao senador para discutir apoio à candidatura. Conforme apuramos, é grande a possibilidade de “PO” aumentar o número de apoio partidários em torno de sua candidatura nesta semana.

Leandro Grass, sempre citava o ex-presidente Lula em todos os blocos. O distrital falou que ele era o único representante do candidato ao Planalto nas eleições de outubro.  

Keka Bagno perguntou a Ibaneis se é possível resolver a crise na saúde do DF até o fim do ano. “Não tenho a menor dúvida de que podemos fazer muito pelo DF ainda. O presidente comprou o maior número de vacinas da história”, disse Ibaneis.

O governador Ibaneis foi o único que mencionou Bolsonaro, de quem é aliado. O chefe do Executivo local foi questionado por Leandro Grass a respeito dos valores que o DF recebeu do chamado orçamento secreto, escândalo do governo federal. “O senhor recebeu R$ 22 milhões e R$ 7 milhões foram para o Piauí”, afirmou o distrital, apontando que os valores foram usados em obras próximas à fazenda que o governador possui, no interior do estado. Ibaneis refutou afirmando que suas propriedades nunca foram beneficiadas com dinheiro público. “Estou tranquilo em relação às minhas propriedades”, disse o chefe do Executivo.

O governador respondeu que “nós tivemos o período mais difícil de todas as populações o que agravou todas as questões sociais, gerando fechamento de empresas e desemprego”. “Passamos a atender 60 mil famílias com o Cartão Prato Cheio, no valor de R$ 250. Criamos o programa do vale-gás e hoje distribuímos botijão de gás a 70 mil famílias. Temos problemas nas filas e vamos resolver. Abrimos mais quatro Cras e faremos mutirões”.

Ibaneis perguntou a Paulo Octávio se não haveria conflito de interesse caso ele venha a ser eleito governador. Paulo Octávio respondeu: “No tempo todo em que fui deputado, senador e vice-governador, eu nunca tive contratos de obras públicas aqui no DF. Fiz questão de não ter. No seu governo, que eu saiba, só temos uma obra pública em que a Paulo Octavio participa. Se for governador, abro mão de qualquer recurso público do GDF”, disse Paulo Octávio.

Paulo Octávio destacou que pretende investir nas policlínicas. “Nelas, vamos ter pediatria, ginecologia, ortopedia e endocrinologia. Porque as pessoas vão às unidades básicas de saúde e voltam para casa, não resolvem os problemas. Aí vão para os hospitais. A opção de criar as policlínicas é a opção nova que vamos apresentar”.

O senador Izalci disse que o DF tem “uma defasagem grande na área de segurança pública, na Polícia Militar, no Corpo de Bombeiros e na Polícia Civil”. “Em 2009, era para termos 19 mil PMs e, hoje, temos 10 mil. Nós temos um déficit. A segurança passa por emprego, assistência social e dignidade no atendimento das pessoas”, comentou.

Leila Barros destacou a importância do ensino profissionalizante e a busca ativa pelas crianças e adolescentes em evasão escolar. A pré-candidata do PDT afirmou, ainda, ser a favor do aumento do diálogo entre os governos do DF e do Entorno, e propôs a criação de uma agência de desenvolvimento ligada ao BRB. “São os pequenos e médios empresários que geram empregos.

Leandro Grass afirmou que a educação foi prioridade dele ao longo do mandato de deputado distrital. “Quando iniciou a pandemia, em março de 2020, a única coisa que o governo foi capaz de fazer foi jogar para a televisão um conjunto de aulas completamente desconectadas dos projetos pedagógicos.”

A crise na assistência social que o DF enfrenta foi muito comentada pelos candidatos. Rafael Parente avaliou que a população distrital foi a que mais empobreceu nos últimos anos e denunciou a desassistência aos pobres, “apesar de a gestão atual dizer que cuida das pessoas.” “Precisamos integrar e aprofundar as políticas de atendimento. “Atendi nos últimos meses mães que davam farinha e água para seus filhos. Os assistentes sociais adoeceram pela falta de responsabilidade de sua gestão. Queria que o senhor (Ibaneis) conhecesse mais as pessoas, quem tem fome, tem pressa”, afirmou.

Entrevista pós-debate

Ibaneis Rocha destacou que ainda tem muito mais a falar da gestão dele. “Não dá pra se falar de tudo, principalmente para quem fez tanto por essa cidade. Nós temos muito a mostrar ainda, o que ficará para a propaganda eleitoral, onde poderemos prestar contas à sociedade”.

Já o deputado distrital Leandro Grass destacou a possibilidade de apresentar ideias. “Foi um debate bom, de caráter propositivo. Consegui mostrar os problemas da atual gestão e também mostrar quais as nossas soluções”.

O senador Izalci Lucas lembrou que é necessário ter planos claros a apresentar à população. “O eleitor precisa saber as propostas. O DF tem que ser um modelo para o país, não dá para ser no improviso”.

Paulo Octávio salientou a importância do debate no sentido de possibilitar uma melhor escolha da população. “Um momento democrático, muito oportuno, para que os candidatos apresentem suas ideias, seus projetos, suas metas”.

A senadora Leila Barros pontuou que houve muito respeito entre todos os pré-candidatos. “Nós precisaríamos mais tempo, mas foi um debate educado, todo mundo bem moderado, as pessoas se respeitaram”.

Rafael Parente, no entanto, disse que aguardava mais ação de todos os pré-candidatos. “Meio monótono, às vezes um blá blá blá, essa coisa de política. Eu esperava um pouco mais de adrenalina”.

Por fim, Keka Bagno lembrou da importância do papel que ela representa na pré-candidatura. “Foi muito bom, nos diferenciamos. Mostramos que nós mulheres negras estamos prontas para enfrentar uma conjuntura política tão difícil”.

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Da Redação do Agenda Capital

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

1 COMENTÁRIO

  1. Muito chato o debate! e suas propostas sao ruins ou pior, não são de competência do Presidente, discursar sobre merenda escolar ( funções do governador ou do prefeito ) ou ainda que o SUS. tem boa reputação é o fim da picada.

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