Força Nacional de Segurança. José Cruz/Agência Brasil

Por Coluna Eixo Capital / Helena Mader

O acionamento da Força Nacional de Segurança Pública para conter manifestações na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios causou mal-estar entre policiais militares do Distrito Federal. A PM sempre se responsabilizou pela vigilância de protestos na área central, até mesmo em situações tensas, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016. Naquela ocasião, a Força Nacional reforçou o efetivo, mas toda a operação foi comandada pelo GDF, que optou pela instalação de um muro na Esplanada (foto), dividindo manifestantes contrários e favoráveis à saída da petista. Agora, o ministro Sérgio Moro baixou uma portaria, sem fazer menção a uma possível atuação conjunta com as forças do DF.

“Falta de respeito”

Os policiais militares do DF, que têm expertise para atuar em manifestações, se sentiram desprestigiados com a portaria. “É uma missão que a corporação sempre cumpriu com excelência, sempre atendemos todo o tipo de manifestação na Esplanada. O GDF, a cúpula da PM e a Secretaria de Segurança Pública têm que ser consultados e avisados. Senão, é uma falta de respeito à jurisdição dessas autoridades”, comenta o tenente-coronel Eduardo Naime, presidente da Associação de Oficiais da PMDF. Pelas redes sociais, o coronel Cláudio Ribas, ex-chefe da Casa Militar e atualmente na reserva, criticou a portaria. “A PM é competente e capaz de lidar com qualquer manifestação que ocorra na Esplanada. Moro empurrou essa e Ibaneis aceitou por submissão e sabujismo”.

Sem PMs no ministério de Moro

Para integrantes da corporação, a medida é mais um indício de um problema apontado por PMs de todo o Brasil: a falta de policiais militares na composição da cúpula do Ministério da Justiça e Segurança Pública. “É um ministério formado por generais e delegados da PF, que não entendem de policiamento ostensivo, de controle de massas ou de policiamento de manifestações. As tomadas de decisões, até mesmo as relacionadas à nossa área-fim, são feitas sem interlocução com as polícias militares”, reclama o tenente-coronel Eduardo Naime. “Esse ruído gerado pela portaria do ministro Moro é um reflexo dessa falta de assessoria especializada”, acrescenta o PM.

À QUEIMA-ROUPA 

Anderson Torres, secretário de Segurança do DF

O ministro Sérgio Moro ligou para o senhor ou para algum representante da Secretaria de Segurança para avisar sobre a portaria?

Não havia necessidade de o ministro Moro ligar para nenhum de nós por conta dessa portaria. Ela trata apenas do atendimento de uma demanda do GSI ao Ministério da Justiça para reserva de tropas da Força Nacional de Segurança. O GSI precisa dessa autorização para poder planejar um eventual emprego. Agora, ele já recebeu o OK para a tropa, já o seu emprego, esse sim passa por uma coordenação conjunta com a SSP-DF.

A portaria que autorizou o uso da Força Nacional na Esplanada não menciona as forças do GDF. Isso representa uma intervenção na segurança do Distrito Federal?

Em hipótese alguma. Na verdade, não faria sentido mencionar. Essas tropas citadas na portaria são uma reserva do GSI para uma eventual necessidade de defesa do patrimônio público na Esplanada e das pessoas que neles estiverem. Entretanto, o emprego de tropas de segurança, independentemente da origem delas, deve sempre seguir um planejamento integrado, que inclusive já está previamente delineado em um acordo existente, denominado Protocolo Tático Integrado de Manifestações (PTIM).

Como é hoje a articulação entre a SSP-DF e o governo federal para garantir a segurança de prédios públicos e de manifestantes durante eventos e protestos?

A melhor possível. Já houve duas reuniões agora em abril, e seguiremos nos coordenando para prover a segurança dos cidadãos e do patrimônio público do GDF sempre no alto padrão com que o brasiliense está acostumado.

Da Redação com informações do CB

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