A notícia de que o presidente Michel Temer teria dado o aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha mergulha o Brasil na mais grave crise desde o impeachment de Dilma Rousseff

Por Fábio Alves

Independentemente de comprovada ou não, a denúncia do dono da JBS, Joesley Batista, de que o presidente Michel Temer teria dado aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha mergulha o Brasil na mais grave crise desde o impeachment de Dilma Rousseff.

A denúncia, que foi publicada no início da noite pelo jornal O Globo, faz parte de uma delação premiada que teria sido acertada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista. Da delação, teria resultado uma gravação do presidente Michel Temer.

Se a gravação vier a público com a voz de Temer a crise atingirá proporções inimagináveis. E, para o mercado, o impacto será grande.

Por enquanto, apenas pela denúncia sem a gravação, ficará politicamente muito mais difícil avançar no cronograma de tramitação das reformas, em particular a da Previdência, devido ao ruído ensurdecedor de tal denúncia.

Se o governo Temer conseguir que a reforma da Previdência siga seu caminho na Câmara dos Deputados, onde ainda não há data definida para a votação em primeiro turno no plenário, vai aumentar consideravelmente o custo para não somente fazer essa PEC andar, como também impedir diluição adicional do texto-base do relator Arthur Maia (PPS-BA).

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Muito vai depender de como o Palácio do Planalto vai administrar essa crise. Por volta das 21h30, o presidente Michel Temer distribuiu nota à imprensa, negando que tenha “participado ou autorizado” qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Conseguirá o presidente Temer e seus principais assessores negar peremptoriamente as acusações?

A denúncia também atinge o senador Aécio Neves, que já está envolvido nas delações no âmbito da Lava Jato. Mas para o mercado, o foco é Temer. E as reformas. Sem a aprovação da Previdência, como fica o ciclo de corte de juros do Banco Central? Poderá a crise deixar Temer na posição de um presidente sem nenhum capital político e detonar fatalmente sua governabilidade prematuramente? São perguntas sem respostas na fotografia de hoje.

Mas para o mercado, incertezas dessa natureza e magnitude representam fuga para ativos que representem segurança contra riscos elevados.

Na abertura dos mercados desta quinta-feira (18), será possível medir a extensão do estrago à imagem e à governabilidade na visão dos investidores, refletido nos preços dos ativos.

Da Redação com informações do Estadão

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