O professor, Rene Kirstein, recebe sua primeira dose da vacina COVID-19 da AstraZeneca da enfermeira Susanne Kugel, em meio à disseminação da doença coronavírus (COVID-19) em Grevesmuehlen, Alemanha, 5 de março de 2021. REUTERS / Fabian Bimmer

Alemanha, Itália, França interromperão a aplicação da vacina contra covid-19 da Oxford/AstraZeneca, atingindo ainda mais a campanha de vacinação da Europa

Por Reuters

BERLIM / GENEBRA (Reuters) – Alemanha, França e Itália disseram nesta segunda-feira (15), que suspenderão de administrar a vacina da Oxford/AstraZeneca para o combate a COVID-19, depois que vários países relataram possíveis efeitos colaterais graves, desorganizando a já difícil campanha de vacinação da Europa.

Dinamarca e Noruega pararam de aplicar o imunizante na semana passada, após relatar casos isolados de sangramento, coágulos sanguíneos e baixa contagem de plaquetas. Islândia e Bulgária seguiram o exemplo, e Irlanda e Holanda anunciaram suspensões no domingo.

As ações da Alemanha, que é um dos maiores e mais populosos países da Europa aprofundarão as preocupações sobre a lenta distribuição de vacinas na região, que tem sido afetada por escassez devido a problemas na produção de vacinas, incluindo a da AstraZeneca.

A Alemanha alertou na semana passada que enfrenta uma terceira onda de infecções, a Itália está intensificando os bloqueios e os hospitais da região de Paris estão próximos de ficar sobrecarregados. O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, disse que, embora o risco de coágulos sanguíneos seja baixo, não pode ser descartado. “Esta é uma decisão profissional, não política”, disse Spahn, acrescentando que estava seguindo uma recomendação do Instituto Paul Ehrlich, o regulador de vacinas da Alemanha.

A França disse que estava suspendendo o uso da vacina da Oxford/AstraZeneca enquanto se aguarda uma avaliação do regulador de medicamentos da União Europeia, prevista para terça-feira. 

A Itália disse que a suspensão foi uma “medida de precaução e temporária” enquanto se aguarda a decisão do regulador. A Áustria e a Espanha pararam de usar lotes específicos e os promotores na região de Piemonte, norte da Itália, apreenderam anteriormente 393.600 doses após a morte de um homem horas depois de ele ter sido vacinado. Foi a segunda região a fazê-lo depois da Sicília, onde duas pessoas morreram logo após serem vacinadas.

A Organização Mundial da Saúde – OMS apelou aos países para que não suspendam a vacinação contra uma doença que já causou mais de 2,7 milhões de mortes em todo o mundo. “Até hoje, não há evidências de que os incidentes sejam causados ​​pela vacina e é importante que as campanhas de vacinação continuem para que possamos salvar vidas e deter doenças graves do vírus”, disse o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier.

O Reino Unido disse não ter preocupações, enquanto a Polônia disse acreditar que os benefícios superam quaisquer riscos. SINTOMAS “INCOMUNS” A vacina da AstraZeneca foi uma das primeiras e mais baratas a serem desenvolvidas e lançadas em grande volume desde que o coronavírus foi identificado pela primeira vez na China central no final de 2019 e deve ser o esteio dos programas de vacinação em grande parte do mundo em desenvolvimento.

A Tailândia anunciou planos na segunda-feira para prosseguir com a injeção da empresa anglo-sueca, após suspender seu uso na sexta-feira, mas a Indonésia disse que vai esperar o relatório da OMS. A OMS disse que seu painel consultivo estava analisando relatórios relacionados à injeção e divulgaria suas conclusões o mais rápido possível. Mas disse que é improvável que mude suas recomendações, emitidas no mês passado, para uso generalizado, incluindo em países onde a variante sul-africana do vírus pode reduzir sua eficácia.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) também disse não haver indicação de que os eventos foram causados ​​pela vacinação e que o número de coágulos sanguíneos relatados não foi maior do que o observado na população em geral. O punhado de efeitos colaterais relatados na Europa perturbou os programas de vacinação, que já estavam sob pressão devido ao lançamento lento e ao ceticismo da vacina em alguns países.

A Holanda disse na segunda-feira que constatou 10 casos de possíveis efeitos colaterais adversos notáveis ​​da vacina AstraZeneca, horas depois que o governo suspendeu seu programa de vacinação após relatos de possíveis efeitos colaterais em outros países.

A Dinamarca relatou sintomas “altamente incomuns” em um cidadão de 60 anos que morreu de um coágulo sanguíneo após receber a vacina, a mesma frase usada no sábado pela Noruega para cerca de três pessoas com menos de 50 anos que estavam sendo tratadas no hospital. “Foi um curso incomum de doença em torno da morte que fez a Agência Dinamarquesa de Medicamentos reagir”, disse à agência em um comunicado na noite de domingo. Um dos três trabalhadores de saúde hospitalizados na Noruega depois de receber a injeção do AstraZeneca morreu, disseram autoridades de saúde na segunda-feira, mas não havia evidências de que a vacina fosse a causa. Eles disseram que continuariam com a investigação e que nenhum outro caso suspeito foi notificado desde sábado.

A AstraZeneca disse anteriormente que conduziu uma revisão cobrindo mais de 17 milhões de pessoas vacinadas na União Europeia e no Reino Unido, que não mostraram evidências de um aumento do risco de coágulos sanguíneos. As investigações sobre os efeitos colaterais potenciais são complicadas, pois a história de cada caso e as circunstâncias em torno de uma morte ou doença são examinadas. 

As autoridades austríacas disseram que a revisão do lote da AstraZeneca levará cerca de duas semanas. A EMA informou que até 10 de março, um total de 30 casos de coagulação sanguínea foram registrados entre cerca de 5 milhões de pessoas vacinadas com a vacina AstraZeneca no Espaço Econômico Europeu, que liga 30 países europeus.

A OMS disse que até 12 de março, mais de 300 milhões de doses de vacinas COVID-19 foram administradas em todo o mundo, sem que nenhuma morte tenha sido causada por qualquer uma delas.

Com informações da Reuters

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