Urna eletrônica. Foto: Reprodução

Por Gerson Camarotti

Pela segunda vez, desde a redemocratização, o Brasil passará pela experiência de uma disputa presidencial extremamente pulverizada. Dessa forma, a eleição de 2018 terá uma semelhança com o pleito de 1989. Ou seja, com um excesso de candidaturas. Isso aumenta a chance de um desfecho imprevisível dessa disputa. A diferença, porém, é que em 1989 a eleição foi exclusivamente para o cargo de presidente da República. E agora, em 2018, serão eleições casadas para presidente, governadores, senadores e deputados. Isso poderá ajudar alguns candidatos com uma estrutura partidária mais forte. Mas não será um fator decisivo.

Diante da pulverização de candidaturas, o Brasil precisa aprender com erros do passado. Em 1989, a disputa ficou centrada principalmente em nomes, ficando de lado o discurso dos candidatos. Nada mais normal para um país que acabava de sair de um longo período de ditadura militar. Porém, em 2018, o eleitor precisa ficar atento no discurso dos candidatos. Até porque a figura de um “salvador da pátria” não se encaixa mais para o ambiente político do país e as necessidades do Brasil atual.

Mais importante do que um perfil sedutor, com soluções simplistas para todos os problemas nacionais, é preciso prestar atenção numa fala realista, mesmo que impopular.

Num momento em que o Brasil enfrenta déficits bilionários em suas contas e uma crise política prolongada, está na hora do país colocar na pauta dos debates os temas da responsabilidade fiscal e da ética pública. Não há dúvida que a operação Lava Jato, que em 2018 irá completar quatro anos, também entrará na pauta dos eleitores.

As pesquisas indicam forte rejeição aos políticos envolvidos em escândalos de corrupção. Isso ajudará a blindar a eleição de 2018 de discursos fáceis e voluntaristas.

O país tem conseguido sobreviver à sua principal crise política desde o fim da ditadura, que trouxe reflexos inclusive na economia. Mas agora, o país não tem mais gordura para queimar. Portanto, a partir de agora, quem tem a palavra é o eleitor para escrever o principal capítulo do Brasil no próximo ano.

Da Redação com informações do Estadão

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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