Dr. Miguel Lucena, delegado de Polícia Civil do DF.

“Um pseudopastor me pediu esta semana telha. Tijolo e areia, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Fui obrigado a dar-lhe uma resposta dura” (Miguel Lucena)

 Por Miguel Lucena*

A hipocrisia brasileira leva os intelectuais a endeusarem o povo – sempre inocente e puro – e isentarem os eleitores da corrupção que domina o sistema político-eleitoral. Para não perder votos, a maioria dos políticos finge que tudo está normal.

Não está. O jogo é muito sujo. Parte da sujeira vem do próprio eleitor, viciado e pedinte, sem coragem para ganhar a vida com o suor do próprio rosto.

Um pseudopastor me pediu esta semana telha, tijolo e areia, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Fui obrigado a dar-lhe uma resposta dura.

Uma mulher de classe média alta me procurou pedindo o complemento de um valor para colocar silicone no glúteo. Respondi que ainda não estou dando isso, não.

Os pedidos são inúmeros: contas de água, luz, telefone, aluguel, enxoval para crianças, cirurgias e dinheiro. É como se, ao anunciar uma pré-candidatura, o pretende se transformasse numa máquina de obrar tudo.

Tudo crime eleitoral. Depois, esses mesmos eleitores vão caçoar do político que depenaram, chamando-o de ladrão e ficha suja, quando, na verdade, são os legítimos representantes dos corruptos pedintes.

*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista, escritor e colunista do Agenda Capital

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