Apesar de os futuros candidatos negarem abertamente acordos e negociações, está aberta a temporada de aproximações, conversas e dossiês

Por Kelly Almeida
 
A pouco mais de um ano dos eleitores brasilienses irem às urnas decidir o futuro político do Distrito Federal, a movimentação dos futuros candidatos ao Governo do DF está a todo vapor. É certo que, na política, o combinado de hoje não indica uma aliança nas próximas eleições, mas, com a proximidade da disputa, começam a surgir conversas e dossiês dos postulantes aos cargos eletivos. O quadro ainda é indefinido, mas, além de Rodrigo Rollemberg (PSB), que vai tentar a reeleição, nomes conhecidos — e outros de pouca expressão — cavam o próprio espaço.

Cinco vezes deputado federal, o médico Jofran Frejat (PR) aparece entre os líderes nas pesquisas de intenção de votos para 2018. Ele não assume que tentará o GDF, até porque a antecipação de candidatura é proibida pelas regras eleitorais, mas o político está em negociações. Frejat despacha e recebe aliados no 12º andar do Liberty Mall, no Setor Comercial Norte. Ele fica em uma das quatro salas alugadas pelo PR para o partido desenvolver os trabalhos no DF.

Frejat tem a vantagem de não ter figurado em escândalos de corrupção e desvios de dinheiro público. Faz questão de lembrar ter sido o idealizador dos postos de saúde e da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) enquanto esteve à frente da Secretaria de Saúde.

Apesar de ter 80 anos, adversários não o subestimam. Até porque, o “quase gol” nas últimas eleições o deixou com sede de vitória. Em 2014, ele começou a disputa como vice na chapa encabeçada por José Roberto Arruda (PR). Mas, em 13 de setembro, a 22 dias das eleições e com Arruda impedido pela Justiça de continuar no pleito, Frejat assumiu o posto. Mesmo com uma campanha curta, ele conseguiu votos suficientes para avançar ao segundo turno, mas acabou perdendo para Rollemberg. Em 2018, quer a revanche.

Resta saber qual será o grupo apoiador de Frejat. Se ele fechar com os tradicionais aliados da direita — Arruda, Tadeu Filippelli (PMDB) e Paulo Octávio —, garantirá boa arrecadação de fundos para a campanha. O problema é que todos do trio respondem a escândalos e têm pendências judiciais, o que pode se converter em propaganda negativa durante a campanha.

Uma alternativa é firmar aliança com políticos mais ao centro e que passaram ao largo de rumorosos casos de corrupção, como o atual presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), ou o senador Cristovam Buarque (PPS).

Um aliado de peso — para Frejat ou qualquer outro postulante ao GDF — seria José Antônio Reguffe (sem partido-DF). O senador não pretende disputar novo cargo em 2018, já que uma das promessas dele é cumprir integralmente o mandato de parlamentar até 2022, mas tê-lo no palanque seria significativo. Afinal, Reguffe conquistou 826 mil votos em 2014, mais do que os 812 mil de Rollemberg para o Palácio do Buriti.

Corrida nos bastidores

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o deputado federal Izalci Lucas. Foto: reprodução assessoria

Enquanto Frejat se articula, os adversários em potencial também não perdem tempo. Deputado federal, Izalci Lucas (PSDB) tem costurado uma candidatura pelo partido. Em reuniões recentes, disse que quer o apoio do secretário-geral da legenda, Virgílio Neto, e da ex-vice-governadora do DF Maria de Lourdes Abadia, também do PSDB.

O ex-secretário de Justiça Alírio Neto (PTB) é outro que tem procurado alianças para garantir vaga em uma chapa majoritária em 2018. Ele e o deputado federal Alberto Fraga (DEM), que teve a maior votação para a Câmara dos Deputados no DF em 2014, decidiram que estarão juntos no próximo pleito. Outro rosto conhecido que tem circulado entre os interessados em disputar o Buriti é o da ex-distrital Eliana Pedrosa (PPS). Nas últimas eleições, ela tentou, sem sucesso, uma vaga de deputada federal.

Enfraquecido com denúncias de corrupção, o Partido dos Trabalhadores (PT) não vê um cenário favorável para os cargos majoritários. Mas deve lançar algum candidato ao Palácio do Buriti para defender as bandeiras e os programas sociais da legenda.

Novas apostas

Não são apenas os nomes conhecidos do eleitorado que têm feito as costuras com o olhar voltado para 2018. Representantes de setores específicos da sociedade — como os ligados ao comércio e à religião — acreditam que a rejeição a candidatos “tradicionais” representa um trunfo. Eles enxergam uma janela para oxigenar os corredores do poder no DF.

Entre os comerciantes, o nome ventilado é o do presidente da Associação Comercial do DF, Cléber Pires. Para os representantes das indústrias, a aposta pode ser o presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Jamal Jorge Bittar. Do setor da construção civil, pode vir uma candidatura do empresário José Humberto Pires, secretário de Governo na gestão de Arruda. Pires foi dono dos antigos supermercados Planaltão. Atualmente, está construindo um centro clínico em Taguatinga.

Líderes religiosos também têm dedicado atenção especial às próximas eleições. O grupo Da igreja Universal não pretende ficar de fora das disputas e pode apoiar o empresário Wanderley Tavares, presidente regional do PRB. Em 2014, a legenda elegeu Júlio César como o distrital mais votado na Câmara Legislativa. O nome do pastor seria uma opção para 2018, mas as denúncias reveladas com a Operação Drácon podem frustrar planos maiores para o ex-secretário de Esportes do DF.

No campo jurídico, a possibilidade de uma candidatura do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) Ibaneis Rocha tem sido fortemente ventilada. Resta saber se ele terá força e estofo político para sustentar uma eleição. Nessa área, quem também anda sendo assediado é o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

O defensor é conhecido por tratar muito bem a sua equipe, inclusive levando os funcionários para comemorar as vitórias em viagens internacionais. Mas Kakay, um dos advogados preferidos dos políticos encrencados com a Justiça, já disse que não pretende disputar.

Enfraquecido com denúncias de corrupção, o Partido dos Trabalhadores (PT) não vê um cenário favorável para os cargos majoritários. Mas deve lançar algum candidato ao Palácio do Buriti para defender as bandeiras e os programas sociais da legenda.

Aqueles que quiserem converter as aspirações políticas em votos terão um longo chão a percorrer. A boa notícia para os potenciais candidatos é que o caminho está aberto. Pesquisa de opinião encomendada por grupo de políticos interessados em testar seus nomes para 2018 revelou que, a um ano das eleições, mais da metade do eleitorado (58,9%) não sabe em quem vai votar para governador.

A indecisão somada aos votos nulos e brancos eleva esse índice para incríveis 91,4% dos entrevistados. O levantamento foi realizado pelo Instituto Dataplan, entre os dias 25 e 28 de agosto, e ouviu 1.125 pessoas.

Da Redação com informações do Metrópoles

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