Senador e pré-candidato a Presidência da República, Álvaro Dias. Foto: Reprodução.

Nós não estamos priorizando as coligações, exatamente para não comprometer a proposta (Álvaro Dias).

Por Redação

O senador Álvaro Dias (Podemos), deve ser a preferência no período pré-eleitoral a partir dos próximos dias. O partido vem conversando com algumas legendas entre as quais o DEM e o PRB, para uma possível aliança a nível nacional. Enquanto as definições oscilam, Álvaro vem sendo cortejado por Geraldo Alckmin (PSDB) para uma possível dobradinha, onde o paranaense seria vice, o que ele nem quer ouvir falar.

Analistas políticos enxergam como bons olhos o crescimento do senador neste período pré-eleitoral, por ser considerado ficha-limpa e ter um discurso de centro-direita, o que poderia levá-lo a ter chances de se tornar o próximo presidente do Brasil.

Nesta entrevista que foi concedia ao portal UOL, o senador do Podemos, afirma que “Escamotear a realidade é tática dos condenados“. O presidenciável diz que não está descartada uma aliança em torno do seu nome com alguns partidos.

Leia parte da entrevista

O senhor tem uma carreira longa na política brasileira e atualmente está como pré-candidato à Presidência por um partido novo, que cresceu em cadeiras na Câmara, mas que ainda continua pequeno em relação aos outros. Isso vai demandar mais esforço?

Álvaro Dias – A proposta que eu apresento na campanha é de ruptura com esse sistema político e de governança e só se justificaria num partido nascente. O Podemos não tem um ano, foi lançado no dia 1º de julho de 2017. Ele está distante do establishment, não integra esse quadro partidário de siglas contaminadas. Essa proposta de ruptura só teria sentido quebrando paradigmas, obviamente, e isso só é possível num partido que tem esse perfil. Que ainda não é um partido, é um movimento que poderá se constituir partido se nós tivermos uma reforma política mais competente.

Qual seria, então, o lema desse movimento, pensando nessa proposta de ruptura?

Álvaro Dias – O lema é a refundação da República, que passa pela substituição do sistema político e sistema de governança, por intermédio de um conjunto de reformas, que terão que ser apresentadas ainda no calor das urnas, nos primeiros cem dias de gestão, quando ainda se obtém alto índice de credibilidade e de confiança da população.

O candidato “outsider“, que vem de fora da tradição política, surgiu nas últimas eleições como uma novidade. Não é possível dizer que o senhor esteja desconectado da tradição política brasileira, pela sua experiência e pelos cargos que já ocupou. Como o senhor vai chegar agora com uma proposta nova sendo já alguém conhecido desse cenário antigo e um pouco desgastado atualmente?

Álvaro Dias – Talvez esse seja o grande equívoco de analistas. Obviamente, eu não espero que ninguém reconheça o equívoco, mas quem está afirmando o equívoco é a população, através da pesquisa Datafolha, que apresentou as duas exigências majoritárias da população: passado limpo e experiência administrativa, portanto nada relacionado com a figura de um “outsider“, que chega de outro planeta para salvar o mundo. Nada relacionado com a figura de “outsider” e tudo relacionado, sim, à figura de um político que possa ter tido a experiência positiva e tenha um passado limpo. É isso que diz a pesquisa, que é exatamente a posição dos brasileiros neste momento.

Eu me apresento como alguém que está se desconectando do establishment, alguém que sempre contestou esse sistema. Me coloco como contestador desse sistema há muito tempo, por isso eu só fui governo quando governei o Paraná quatro anos e mais sete meses no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso.

De resto, dos 41 anos de mandato, estou agora no 42º, eu sempre fui oposição, exatamente pelo inconformismo. Inquieto sempre diante da prática política no interior dos partidos. Eu digo que eu conheci esse monstro nas suas entranhas, porque estive nesses anos no interior dele. Por isso que eu tenho autoridade para combatê-lo agora, porque sempre o combati. Não é uma proposta eleitoreira.

Eu digo sempre que, em 2010, eu imaginava que alguém viesse com a proposta de ruptura, e não veio. Em 2014, da mesma forma. Ao contrário, esse sistema foi se consolidando e ganhando adeptos e sendo transplantado para estados e municípios, distribuindo a incompetência e a corrupção. Por essa razão que eu avalio que a experiência administrativa positivamente comprovada, no meu caso, fui governador, e a experiência política de todos esses anos me autorizam a dizer que é possível, sim, propor e substituir esse sistema.

O senhor acha que vai ser possível se apresentar como essa pessoa que está se distanciando do establishment sem fazer coligações, sem se associar a outras siglas?

Álvaro Dias – Nós não estamos priorizando as coligações. Exatamente por isso, para não comprometer a proposta, já que os políticos, em boa parte, sobrevivem à sombra desse sistema. A substituição dele significará a exclusão de muitos do mundo da política. Por isso, nós não temos facilidade em coligação, mas estamos trabalhando coligação menor para ampliar um pouco o nosso tempo de TV e de rádio, e temos esperança de concretizar uma coligação que possa nos dar um tempo razoável para fazer o nosso proselitismo.

Já existem nomes e siglas que o senhor consideraria?

Álvaro Dias – Já. Foi até divulgado há algum tempo, e não fomos nós que divulgamos, foi o próprio partido. O PRB (Partido Republicano Brasileiro) divulgou que estava em entendimento conosco para uma aliança. Isso tudo se interrompeu durante a janela partidária, mas certamente teremos que retomar isso brevemente. Temos tempo até julho, até as convenções.

Se o senhor tivesse que dar apoio em um segundo turno para algum candidato, caso não vá ao segundo turno, quem o senhor apoiaria?

Álvaro Dias – Olha, eu não cogito. Não precisa fazer análise de hipóteses, porque eu descarto a hipótese de não estar no segundo turno. Nós estaremos no segundo turno. Eu não sei quem vamos enfrentar, mas estaremos lá. Pelo menos essa é a minha convicção. Eu aposto nessa possibilidade e não discuto outra alternativa.

O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa anunciou sua filiação ao PSB (Partido Socialista Brasileiro), mas não falou ainda em candidatura. Se ele vier a ser candidato à Presidência, isso muda alguma coisa?

Álvaro Dias – Passa a ser a um candidato competitivo. Obviamente, valoriza-se esse confronto. Tem que esperar para ver.

Da Redação do Agenda Capital

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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