Precisamos de uma medicina para nosso país, que tenha acesso a conhecimentos  como gestão, marketing e negócios 

*Por Marcus Carvalho

Singular e diversificado, o setor da saúde congrega uma cadeia rica responsável pelo desenvolvimento e evolução deste ecossistema que representa 9% do nosso PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. A inovação permite que a saúde tenha acesso a novos modelos de negócios, estes, motivados pelo avanço da tecnologia e por melhores práticas de assistência e promoção mais acessíveis à população.

É um cenário novo que precisa ser inserido em toda a cadeia de forma integral, para permitir uma interlocução mais eficiente e uma saúde democrática à população. Nesta engrenagem dinâmica chamada saúde, estas novidades de negócios vêm também estimuladas por uma nova geração de líderes, cientistas e pensadores, que possibilitam um discurso mais direto e objetivo, porém ainda “solitário”, por que não está par a passo com a “velha guarda” da saúde. Nesta lacuna, ambas as gerações precisam de diálogo.

Por outro lado, este movimento provoca uma revolução. O empreendedorismo médico é um case neste sentido. Temos histórias de médicos empreendedores, como: Jorge Moll, Adiel Fares, Cláudio Lottenberg. Mas, este “novo segmento” que começou tímido, atualmente tem ganhado mais espaço e conquistado ambientes de discussões em eventos e se disseminando por todo o País.

O empreendedorismo no Brasil, segundo artigos científicos, começa a ter um formato mais profissional na década de 1990, a partir do surgimento de entidades, como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Anualmente, segundo uma pesquisa divulgada pelo Governo Federal, há cerca de 600 mil empreendimentos abertos no Brasil.

Outro estudo que aponta a “era de empreender” como realidade brasileira é da Global Entrepreneurship Monitor, realizada em 2014/2015, pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), na qual aponta que – nos últimos dez anos -, o empreendedorismo pulou de 23% para 34,5%, o que significa que 1/3 da população economicamente ativa tem o seu próprio negócio.

Crise econômica, taxa de desemprego em crescimento e outros fatores elevaram este percentual, mas grande parte destes desbravadores se encoraja na jornada empreendedora em razão da transformação. De agregar valor à sociedade em que vive e, principalmente, manter um propósito muito maior e relevante que fomente a desenhar um mundo melhor. É uma nova cultura do empreendedorismo que visa a empatia e valores com sinergia aos negócios.

Ainda não há dados oficiais sobre o empreendedorismo médico, no entanto, o que é notável, é o seu crescimento rápido e o quanto o mesmo está provocando engajamento de toda a cadeia da saúde. Uma vez que o médico, quebra paradigmas, e vai além de sua função de garantir o trato humanizado para com seu paciente, o melhor atendimento e acolhimento, este profissional começa a ter uma função mais holística.

Sai do jaleco para novos trajes de gestão, de criar modelos de negócios, de se aculturar em marketing e ferramentas tecnológicas que possibilitem mais agilidade para seu “novo negócio”. E como é esta transição para o médico? Desafiadora. Ainda o ensino da Medicina foca apenas em oferecer ao futuro médico, habilidades técnicas, essenciais para o seu dia a dia e incompletas para aplicar até na gestão do seu próprio consultório. O que isto significa? Que o médico em sua maioria das vezes para gerir seu ambiente trabalho ou até mesmo para empreender não tem competência para tal e sofre para adquiri-la, neste sentido o empreendedorismo médico ocorre de forma intuitiva o que pode afetar o resultado em todas as esferas do empreendimento.

O empreendedorismo médico é uma realidade, o que precisa ser feito, é entidades representativas como Ministério da Saúde e Educação visualizarem esta área como essencial para o desenvolvimento da carreira do médico e começarem a apoiar este profissional, possibilitando que o mesmo, tenha acesso a conhecimentos como gestão, marketing e negócios.

Inserir no ensino da Medicina e implementar novas disciplinas também sustentaria mais o médico para o sucesso de sua jornada. Estamos evoluindo, graças a pequenas iniciativas e até mesmo do esforço do próprio médico em empreender no Brasil. Precisamos de uma Medicina transformadora para o nosso País.

* Marcus Carvalho é médico formado pela Universidade Federal da Bahia com especialização em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Fundador da primeira clínica com modelo de negócio popular no Estado da Bahia. Dr. Marcus é gestor hospitalar do Hospital AMA Soluções em Saúde e CEO e fundador da plataforma digital de gestão de carreira “Sucesso Médico”.

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