“Temos uma determinação inclusive do governador Ibaneis, para que possamos atender melhor a população mais carente”, diz o Cel. Alan
Por Delmo Menezes
Na tarde desta terça-feira (14), o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), Cel. Alan Alexandre Araújo, abriu seu gabinete para receber a reportagem do Agenda Capital.
Nesta entrevista exclusiva concedida ao Portal de Notícias Agenda Capital, o Cel. Alan Alexandre contou um pouco de sua trajetória até chegar ao topo da Corporação. O comandante falou também dos projetos sociais da instituição, serviço de saúde da corporação, período de seca no DF, diálogo com a comunidade, ajuda a outros estados da federação, abertura e reforma dos quartéis, dentre outros temas relevantes.
O comandante afirmou que ano que vem, há previsão de realização de um novo concurso público.
O Cel. Alan Alexandre Araújo, 49 anos, ingressou nas fileiras do CBMDF em 13/05/1991 com o Curso de Formação de Praças feito no 8° GBM – Ceilândia, e em seguida, ingressou no Quadro de Oficial Bombeiro Militar Combatente – QOBM/Comb.
O Subcomando-Geral da corporação está sob a chefia do Cel. Élcio Alves Barbosa, responsável, pela coordenação, fiscalização e controle das rotinas administrativas da Corporação.
Leia a íntegra da entrevista:
AC – O senhor entrou no Corpo de Bombeiros Militar do DF como praça em 1991 e hoje é o Comandante-Geral da Corporação. Como foi sua trajetória?
Cel. Alan – Primeiro quero agradecer a oportunidade de estar falando para um meio de comunicação que atinge todo o nosso DF. A nossa história é antiga. O pessoal com mais de 30 anos já começa a falar que a gente é bem antigo. Em 1991, eu era soldado da Aeronáutica. Teve um concurso para soldado do Corpo de Bombeiros, fiz o concurso, fui nomeado como soldado. Cursei de maio a novembro de 1991. Em dezembro eu passei no curso, e em janeiro de 1992, fiz o concurso para a Academia sendo agraciado com a aprovação. Em fevereiro de 1992 entrei na academia e fiquei até dezembro de 1994. Fui declarado aspirante em janeiro de 1995, quando iniciei a carreira. De 1995 até abril de 2022, sempre atuei na área operacional. Trabalhei em várias unidades como Brazlândia, depois fui para Taguatinga, onde fiz alguns cursos e fui me capacitando a trabalhar em diversas áreas da corporação. Tive a grata sorte de permanecer por muito tempo na área operacional. Posso dizer com certeza que foi graças ao apoio da nossa tropa que realmente são uns verdadeiros heróis da corporação, que fui bem-sucedido por onde atuamos. Fui também subsecretário chefe da Defesa Civil durante 01 ano. E agora mais recentemente antes de assumir o comando, era o subsecretário da Secretaria de Ciência e Tecnologia.
AC – O senhor assumiu o comando em abril de 2022 com muita legitimidade e sabemos que a tropa ficou muito feliz. Quais são as prioridades dentro do seu planejamento estratégico para a corporação?
Cel. Alan – Primeiro é manter a corporação como referência nacional e internacional graças ao planejamento que foi traçado. A capacitação/treinamento da tropa é muito importante para que a gente possa atender melhor a população do DF, e tendo como referência o que sempre o nosso governador Ibaneis fala, que nós temos as melhores forças de segurança do país. Então essa é minha meta, manter o CBMDF para continuar sendo o melhor Corpo de Bombeiros do País.
AC – Como está o diálogo com a comunidade?
Cel. Alan – Como temos várias unidades em várias cidades, a orientação aos nossos Comandantes de Unidades é que atenda a população na sua plenitude. Tudo que a população necessitar, pode procurar um quartel mais próximo da sua residência, que será bem atendido.
AC – Há previsão do Corpo de Bombeiros realizar novo concurso para provimento de vagas? A corporação vai chamar os aprovados do último concurso para recompor o quadro da instituição considerando que muita gente se aposentou?
Cel. Alan – Temos uma média de 200 militares que saíram. Fizemos a chamada da turma neste mês de junho do concurso de 2017. Por tudo que o mundo viveu com a pandemia, nós tivemos a renovação do concurso de 2017 que se encerra no mês de março de 2023. No ano que vem já há previsão de um novo concurso. Há possibilidade de a gente chamar os que estão aguardando convocação, quanto da realização de um novo concurso.
AC – Qual é o tamanho da Corporação hoje? É o suficiente para atender o DF?
Cel. Alan – Nossa Corporação tem um tamanho considerável, porém para atender a população, com maior qualidade e com menor tempo resposta, precisamos expandir.
AC – Qual a sua avaliação sobre a qualidade do ensino do Colégio Militar Dom Pedro II? É acessível a comunidade?
Cel. Alan – Uma das metas do comando e com apoio tanto da Secretaria de Educação, quanto do governador Ibaneis Rocha, é podermos abrir mais uma sede do Colégio Dom Pedro. Então, se nós tivermos uma segunda unidade, vamos poder atender praticamente o dobro do que atendemos hoje. Há uma busca muito grande pelos alunos. É considerado um dos melhores colégios quando da aprovação dos alunos para as faculdades públicas.
AC – No período mais intenso da pandemia da Covid, muitos militares passaram por problemas psicológicos e familiares. Como está a saúde mental da Corporação? Os militares do CBMDF têm algum plano de saúde?
Cel. Alan – Nós temos um plano de atendimento. Além da nossa Policlínica que atende tanto a parte médica, quanto a parte odontológica, nós temos o Centro de Assistência, que atende a parte psicológica dos militares. Não sendo possível atendê-los no centro, nós temos as clínicas e os hospitais credenciados. Temos uma boa cobertura. Precisamos ampliar esta cobertura assistencial, e para isso estamos fazendo alguns estudos para fazermos uma arrecadação maior para poder beneficiar mais pessoas da família bombeiro militar.
AC – O período de seca intensa no DF já iniciou. Como será a atuação do CBMDF na prevenção contra os incêndios florestais?
Cel. Alan – Temos um plano de operações que chamamos de Verde Vivo, onde há um incremento de cerca de 2.000 mil militares no período. Esses militares são divididos em guarnições e equipes, em 15 pontos do Distrito Federal. Nesses 15 pontos do DF, a gente tem uma situação em que estamos mais presentes para atendimento à comunidade. O pessoal é distribuído de forma que quanto mais rápido chamarem o Corpo de Bombeiros, mais rápido nós vamos chegar nesses focos de incêndio.
AC – Está previsto aquisição de mais viaturas e equipamentos de EPI’s principalmente para o combate a incêndios florestais?
Cel. Alan – Sim, principalmente as duas turmas que estão saindo da formação, e para a turma que está entrando. Já existe a previsão de aquisição, tanto de viaturas rápidas, quanto de equipamentos de proteção individual.
AC – Qual é a importância das ações conjuntas entre os diversos órgãos do CBMDF, como: Comando Operacional – COMOP, a Diretoria de Saúde – DISAU, o Grupamento de Atendimento e Emergência Pré-Hospitalar – GAEPH, além do SAMU-DF?
Cel. Alan – O Corpo de Bombeiros está dividido em área-meio e área-fim. O Comando Operacional é o responsável pelas atividades de Bombeiro em si. Temos a ambulância que todos conhecem como a ambulância do bombeiro, que é idêntica a ambulância do SAMU. Temos um alinhamento com o SAMU onde se proporciona uma melhor cobertura e um melhor atendimento a população. Temos esta interação com a Secretaria de Saúde, e Segurança Pública, que são duas áreas bem abrangentes no DF. Os gestores destas pastas fazem a integração. Nós fazemos por intermédio do Grupamento de Atendimento Pré-Hospitalar, a locação, treinamento e o tipo de atendimento. A integração é realizada pelas duas Pastas para melhor atender a população do DF.
AC – Como é a atuação do Grupamento de Aviação Operacional (GAVOP)?
Cel. Alan – Essa é uma unidade especializada é responsável pela execução das atividades relacionadas à Aviação Operacional nas diversas missões desempenhadas pela Corporação. Está no comando do GAVOP, o TC Lira. O grupamento é composto pelo 1º Esquadrão de Aviação Operacional (1º ESAV) e pelo 2º Esquadrão de Aviação Operacional (2º ESAV). O 1º ESAV conta com dois helicópteros para atendimento da sociedade do Distrito Federal e entorno. Esses atendimentos englobam missões de resgate de vítimas graves, de prevenção e combate a incêndios florestais, de monitoramento ambiental, de transporte inter-hospitalar, resgate aeromédico, de treinamentos operacionais e de apoio a corporações coirmãs. O 2º ESAV possui dois aviões, do modelo AirTractor 802F, desenvolvidos para o combate a incêndios florestais e monitoramento ambiental. Além das aeronaves tripuladas, o GAVOP conta também com aeronaves remotamente pilotadas (Drones). Essas aeronaves auxiliam nas missões de busca, monitoramento de incêndio florestal e apoio em prevenções.
AC – Periodicamente o CBMDF atende diversas ocorrências domésticas como: vazamento de gás nos condomínios, explosão de panelas de pressão, dentre outros. Como tem sido a fiscalização nos prédios residenciais do DF? O CBMDF tem realizado algum tipo de palestra para orientar a população?
Cel. Alan – Temos um serviço que foi iniciado em algumas unidades residenciais na Asa Sul, de orientação aos porteiros e as equipes de serviço. Todos foram orientados que em caso de sentir algum cheiro de vazamento de gás, princípio de incêndio, deve-se adotar alguns procedimentos. A ideia de expansão desses serviços para as cidades mais verticalizadas como Taguatinga, Águas Claras, está em andamento. O Grupamento responsável por isso, fica em Taguatinga Sul, que é o Grupamento de Prevenção e Combate a Incêndio Urbano, que será o responsável em fazer esta redistribuição, e essa nova fase desse treinamento, junto a população de Águas Claras e Taguatinga.
AC – Algumas regiões administrativas carecem de um quartel do Corpo de Bombeiros, até mesmo para diminuir o tempo resposta de atendimento. Está no seu planejamento alguma previsão de construção, como em Vicente Pires, Sobradinho II, Sol Nascente e Itapoã?
Cel. Alan – Sim. Nós temos uma determinação inclusive do governador Ibaneis, para que possamos atender melhor as populações que mais necessitam, como por exemplo: Por do Sol/Sol Nascente, com previsão de construção. A Estrutural também tem previsão. Semana que vem faremos uma visita em Vicente Pires para verificar a área, onde possivelmente será nossa nova unidade. Uma equipe técnica composta pelo comando operacional, pessoal do centro de obras, e nosso pessoal do planejamento, estarão na cidade para verificar a localização e a posição desse lote.
AC – E os projetos sociais do CBMDF, como por exemplo: o Bombeiro Mirim, Aleitamento Materno, Bombeiro Idoso, tem previsão de expandir para outras regiões administrativas?
Cel. Alan – Temos sim. Isso com a expansão das regiões administrativas, como por exemplo na cidade Estrutural. Assim que a unidade for inaugurada, teremos a necessidade de implementar estes serviços. É uma cidade que tem uma demanda social nesse sentido, e principalmente no aleitamento materno, onde precisamos ampliar a capitação. Assim que tivermos mais unidades teremos condições de ampliar estes serviços que é de grande relevância para a população.
AC – Há previsão para reforma dos quartéis?
Cel. Alan – Temos em andamento a reforma dos quartéis que chamamos de quartéis pioneiros. São unidades que foram construídos na década de 60. Muitos monumentos de Brasília já estão passando por reformas, e não é diferente com nossas unidades. O quartel próximo ao Palácio do Planalto, está sendo reformado. O do Gama está em vias de lançamento da licitação. O do 3º BI que fica no SIA, já passou por uma fase de reforma, e vamos implementar a outra. Então, os quartéis mais antigos estão sim sendo reformados. Dentro do nosso planejamento estratégico, estamos modernizando algumas umidades, como o Comando-Geral do CBMDF.
AC – O Corpo de Bombeiros do DF tem se destacado a nível Brasil no atendimento especializado, nas ocorrências em tragédias, calamidades, emergências, como por exemplo: em Minas, Bahia, Mato Grosso e outros estados. Esta parceria vai continuar?
Cel. Alan – Na realidade é o nosso foco principal, ou seja, apoiar a quem mais precisa. É um dos lemas do governador Ibaneis. Assim que eu assumi, foi um dos pedidos tanto dele como do secretário de Segurança, que nós ajudássemos a quem realmente necessita. Esses desastres/catástrofes, o Corpo de Bombeiros do DF tem pessoal treinado, e alguns equipamentos qualificados para isso. Durante o meu comando, a esperança que temos, é de poder adquirir mais equipamentos e treinar mais pessoas, para que possamos atender todo o Brasil, e fora do país. O Corpo de Bombeiros do DF já atuou em dois terremotos no Haiti, onde enviamos equipes para poder apoiá-los. O CBMDF é sim um ajudador a disposição. Quem necessitar basta solicitar que estaremos prontos.
AC – E os acidentes graves que têm ocorrido no Lago Paranoá?
Cel. Alan – Estamos expandindo o número de postos de guarda-vidas, que são bombeiros militares treinados especificamente para trabalhar no meio líquido, ou seja, na água. Nosso Lago Paranoá pode não parecer, mas ele tem a terceira frota náutica do país. Estamos atrás do Rio, São Paulo. A cidade de Salvador está perto. Diante dessa ampliação, recebemos recentemente barcos mais rápidos e motos aquáticas, que são os famosos Jet Skis, para que trabalhássemos mais rápido em todos os pontos do lago. Há também a possiblidade de palestras nas escolas nesse sentido de prevenção ao afogamento.
AC – Qual a mensagem que o senhor deixa para a população do DF e para a Tropa?
Cel. Alan – Para população do meu Distrito Federal (sou nascido e criado aqui), conte sempre com o Corpo de Bombeiros. Estamos prontos a qualquer hora, a qualquer momento, e em qualquer lugar, para cumprir qualquer missão que nos for delegadas. E a nossa Tropa, eu solicito que continuem sendo os Bombeiros Militares mais prontos do Brasil. Vocês são os nossos verdadeiros heróis que estão de prontidão dia e noite, aos finais de semana, feriados, para atender a população. Conte com o Comandante-Geral. Aqueles que precisarem do Comando-Geral da Corporação, estaremos sempre a disposição. As novas ideias serão sempre bem-vindas.
Siga o Agenda Capital no Instagram>https://www.instagram.com/agendacapitaloficial/
Da Redação do Agenda Capital
