Estudo usa dados de infectados no mundo; incidência é maior na América e Europa. Candidíase e outras lesões na boca também podem aparecer durante infecção.

Por Pedro Alves

Um estudo feito pelos pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) aponta que 45% dos pacientes diagnosticados com a Covid-19 em todo o mundo apresentaram perda de paladar. Além disso, a pesquisa indica a possibilidade de candidíase e outras lesões na boca durante o período de infecção pelo novo coronavírus.

O levantamento analisou dados publicados em 40 outros estudos em todo o mundo. Segundo a análise, a perda de paladar é o sintoma oral mais frequente nos casos de Covid-19 e ocorre principalmente na América e a Europa, onde foi percebida em 53% e 50% dos casos, respectivamente. Já na Ásia, a taxa cai para 27%.

De acordo com a pesquisadora Eliete Guerra, uma das responsáveis pelo trabalho, o motivo pode estar relacionado com a formação genética de cada continente. “Acredita-se que está relacionado com a característica genética da população. Provavelmente devido a uma menor quantidade de receptores na mucosa”, explica.

O levantamento aponta ainda que as desordens no paladar apareceram mais em mulheres e nos casos de infecção moderada. Segundo Eliete Guerra, algumas das hipóteses levantadas para o surgimento do sintoma são associação com o uso de medicamentos ou uma inflamação nos botões gustativos causada pelo Sars-Cov-2 – vírus que provoca a Covid-19.

Ainda de acordo com a pesquisa, na maioria dos casos, o problema desaparece quando o paciente se cura da doença.

Outras lesões

Durante a análise, os pesquisadores também encontraram casos de pacientes que apresentaram candidíase e outras lesões na boca durante a infecção. De acordo com o estudo, os indícios apontam que esses problemas não são causados pelo Sars-Cov-2 em si, mas que o vírus pode facilitar a ocorrência de uma outra infecção, ao mesmo tempo.

O levantamento aponta que entre os possíveis motivos para isso também estão o uso de medicamentos e a presença da proteína ACE2 na boca, que facilita a entrada do vírus no organismo. Outra possibilidade é a debilitação do sistema imunológico.

“Nós sabemos que a candidíase e o vírus se manifestam em pacientes que tem um sistema imune comprometido, que estão usando algum tipo de medicamento, principalmente imunossupressores”, explica Eliete Guerra.

Segundo a professora, o próximo passo do estudo envolve a análise da saliva dos pacientes. O grupo quer descobrir se os anticorpos desenvolvidos pelos infectados contra a Covid-19 são detectáveis na saliva. A medida pode facilitar a colheita de material biológico para a realização de exames.

“Nosso objetivo é gerar uma produção científica que possa trazer conhecimento pros profissionais de saúde, principalmente do SUS. O dentista tem que participar do tratamento dos pacientes com Covid-19 e trazer impacto na formulação de políticas públicas voltadas a eles”, diz Eliete.

Com informações do G1/DF 

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