Palácio do Buriti, Brasília/DF. Foto: Agenda Capital

O clima entre o governo do DF e as forças de segurança pública azedou de vez. A morte do cabo Renato Fernandes, da Polícia Militar foi uma tragédia anunciada. Podia ter acontecido com qualquer um. Por isso a revolta de integrantes da PM, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros, do DETRAN e do DER.

As más condições de trabalho são públicas há algum tempo. O que não faltam são matérias em blogs, portais, tevês, rádios e jornais sobre o tema. O cabo Renato foi vítima do descaso. Morreu cumprindo seu dever de policial, mesmo sabendo que as viaturas da PM não possuem condições para participar de perseguição a bandidos.

Renato arriscou sua vida, como muitos outros policiais fazem todos os dias nas sucatas da PM. E não foi o primeiro acidente, só que desta vez com vítima fatal.

O veículo usado foi um Pajero Dakar. Após os sucessivos capotamentos de viaturas durante perseguições a criminosos, a orientação do comando da PM é “cuidado”. Não pelas ameaças dos bandidos, mas pela condição de uso de viaturas sem manutenção.

A frota de 318 viaturas do referido modelo que deveria ser retirada de uso em março do ano passado continua nas ruas por não ter como substituí-las. A viatura de prefixo 2844, que capotou matando o cabo Renato, e ferindo mais dois policiais estava sem manutenção mecânica.

Quando as 318 viaturas da Mitsubishi foram compradas pela PMDF em 2012, a justificativa era de que os veículos eram ágeis, robustos e confortáveis para o bom desempenho da Segurança Pública. Porém, de lá para cá, os sucessivos problemas apresentados pelo uso da frota já tirou vidas de alguns policiais e produziu graves sequelas em outros, além de pecar em vários aspectos conforme analise técnicos.

A ida ao velório pelo governador foi um erro de avaliação. Os grupos de WhatsApp das forças de segurança alertavam para Rollemberg e qualquer outro político não aparecer no cemitério de Taguatinga. Os ânimos estavam exaltados. A revolta era geral. Faltou assessor para falar a verdade ao governador. Ou foi pura teimosia. A missão deveria ficar exclusiva ao comando da PM e da Casa Militar.

No ar, para homenagear Renato, quatro helicópteros da PMDF, PCDF, Detran e PRF sobrevoaram o cemitério atirando pétalas de rosas. No solo, centenas de viaturas acionavam suas sirenes e dispositivos luminosos simbolizando o carinho pelo militar tombado em serviço. A revolta foi a causa da hostilidade. Mais do que previsível.

O momento é de restabelecer os laços. A insatisfação é geral. E as questões são pontuais. Os carros precisam de manutenção. Uma renovação da frota também é bem vinda.

Os coletes a prova de bala usados pela corporação estão vencidos. Ou seja, os policiais estão expostos. Não se deve esperar mais uma vítima. A ação tem que ser imediata. As forças de segurança pública cansaram de conversa e de tragédias.

Outra medida que deve ser tomada é com relação a promoção na Polícia Militar. O governador Rollemberg precisa avaliar e buscar solução. Não existe zona de conforto com essa situação. Porque uma hora ou outra o problema vai bater as portas dos gabinetes do Buriti. E em forma de uma nova tragédia. Mudanças constantes no comando das forças policiais também trazem instabilidade. É preciso evita-las

O governo precisa olhar com carinho para o plano de saúde dos militares e de suas famílias. Um policial sai muito seguro de casa, quando sabe que sua mulher e filhos estão protegidos.

Governador, valorizar nossos policias é preciso! Para o bem da nossa cidade. De todos nós. Um militar não defende uma sociedade que não os valoriza. É assim que funciona. E é para isso que serve o governo.

Por Ricardo Callado

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

1 COMENTÁRIO

  1. GDF precisa restabelecer laços com muitas áreas: Educação, Saúde, Segurança, e com o seu próprio eleitorado, os quais o elegeu confiando em promessas que não foram cumpridas, e hoje se encontra arrependido com o monte de medidas políticas completamente contrárias ao que outrora foi compromissado!
    Como pode, Rollemberg ficou por anos pleiteando ser governador, mas quando consegui causou uma tremenda decepção em seu eleitorado?!
    Esse tem muita conversa, só que não FRANCA como as enunciadas em seus pronunciamentos semanais na Radio Cultura, mas FRACA: Só confia e acredita quem trabalha junto com ele, ou ganha com suas políticas equivocadas!
    Esse governo está conseguindo fazer o que ninguém acreditava que era possível: Supera o governo passado em incompetência!
    Tomara que o próximo, não tente quebrar esse recorde de ruindade, pois Brasília está ficando uma verdadeira desordem.
    O Dia que esse governo acabar, Brasília acordará mais feliz!

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