Preferida pelos adolescentes, a gíria é também uma forma de manifestar a sensação de pertencimento

Por Aurea Regina

Gíria é um tipo de linguagem empregada em um determinado grupo social, mas que pode se estender à sociedade em razão do grau de aceitação. Portanto, a gíria pode ficar restrita ou pode se tornar pública.

Praticamente todo mundo usa gíria. O fenômeno da linguagem se popularizou depois da década de 60, quando comunicadores mais rebeldes resolveram contestar a língua tradicional e começaram a soltar verbetes considerados ousados. Originária de grupos, a gíria é uma palavra comum que substitui termos oficiais. Normalmente é um vocábulo regional, espalhado com facilidade pelas redes sociais, novelas, programas populares de grande audiência da tv e até telejornais.

Preferida pelos adolescentes, a gíria é usada por pessoas de qualquer idade, independente da profissão e pode revelar preconceito, sentimentos de frustração, felicidade, concordância e discordância com a situação econômica ou política do país ou ainda expressar a realidade de quem fala. É também uma forma de manifestar a sensação de pertencimento. Existem categorias de gírias, como as relacionadas ao crime, homoafetivas e esportes (skate, futebol, automobilismo, surfe, academias de ginástica), além de outras.

Na linguagem culta, gíria é considerada plebeísmo, ou seja, desvio que caracteriza falta de instrução. Como o tipo de linguagem está relacionado à imagem que se deseja transmitir, é importante avaliar se o ambiente é propício para usar a informalidade exagerada que a gíria propõe para que o uso indiscriminado não acarrete em perda da credibilidade. Principalmente para quem é líder, fala em público ou é formador de opinião, é recomendável perceber o grupo antes de se aventurar falando gírias que podem não colaborar com a sua imagem pessoal e profissional.

Confira algumas gírias da moda que podem não ser muito aceitas no mundo corporativo, por exemplo:

Tipo assim– De todas, é a gíria que mais ‘rouba’ substantivos. Inserida em todo lugar, ‘tipo assim’ é a substituição para quase tudo. Mesmo quando o comunicador conhece a palavra que deseja usar, escolhe a gíria para ilustrar a fala. O uso indiscriminado tende a convencer que o orador não conhece a própria língua.

Mano– Sinônimo de irmão, ‘mano’ é um verbete que promove aproximação, sem muitas vezes haver permissão pra isso. Mais usada no estado de São Paulo, a gíria é usual para demonstrar confiança no outro.

Véio– Não tem relação com a idade do interlocutor. ‘Véio’ é outra palavra que denota intimidade e é inserida no lugar do nome da pessoa com quem fala. Não há nada mais valioso do que o nome da gente. Trocar o nome por ‘véio’ é no mínimo, um desrespeito.

Puta – Já atendi diversos executivos que buscaram o Coaching de Comunicação para se comunicar melhor e vários diziam ‘puta’ para expressar indignação e surpresa. Advertidos sobre a palavra de baixo calão e que poderia comprometer a imagem profissional, todos disseram que não percebiam o que falavam. ‘Puta’ pode ter a intenção de descrever algo grande, de alto impacto e tranquilamente é substituída por: grande, muito, impecável, enorme, etc.

Deu ruim– Na intenção de confessar que algo deu errado, o orador diz ‘deu ruim’. E pode também dizer ‘deu bom’ para o contrário. A formação incorreta da frase mostra falta de habilidade no uso do português.

Dá para perceber que a gíria tem substituto. Portanto, se deseja transmitir uma imagem pessoal de qualidade, priorize as palavras que podem impactar positivamente.

Da Redação com informações Portal Administrador

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

1 COMENTÁRIO

  1. Tipo assim, mano… Falar gíria no meio corporativo é um puta dum desrespeito, véio! Pode dar ruim!

    Mas, entre amigos, pode vir a ser até estranho falar muito certinho. O legal é a pessoa ter noção do público para quem está falando, e se adequar às “regras” (quase sempre implícitas) do meio.

    Matéria interessante =)

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