Vacina contra febre amarela. Foto: reprodução

O Distrito Federal registrou um aumento significativo do vírus H1N1 neste ano, o que tem provocado uma “correria” aos centros de saúde, farmácias e hospitais particulares do DF, em busca da vacina contra o vírus influenza.

A Secretaria de Saúde do DF (SES/DF), afirma que o ano de 2016 tem se mostrado “atípico” e chegou a dizer em alerta: “os registros ocorreram em maior quantidade e antes mesmo do período do inverno”.

Nesta sexta-feira (22), a SES/DF confirmou a quarta morte pelo vírus. A vítima foi um jovem de 18 anos de idade, morador de Ceilândia. Até o informativo anterior, na semana passada, haviam sido registradas três mortes causadas pelo vírus — de moradoras de Águas Claras, do Paranoá e de Vicente Pires. Uma delas tinha mais de 60 anos, e as outras duas estavam na faixa etária de 25 a 59 anos. O boletim também informa que há outra morte em fase de investigação.

Segundo dados da SES, há mais nove casos de H1N1 confirmados no DF em relação ao último documento, divulgado em 15 de abril. São 193 suspeitas e 51 confirmações, das quais fazem parte as quatro mortes. Dos casos positivos para o vírus, 41 são de pacientes internados por apresentarem a doença de forma mais grave. Nos outros 10, o quadro é considerado mais leve.

VACINAÇÃO

A campanha de vacinação contra a gripe começou em 18 de abril, para grupos considerados prioritários — crianças de 6 meses a menores de 5 anos, gestantes, puérperas de até 45 dias e profissionais da saúde. Nos três primeiros dias da campanha de vacinação para grupos considerados prioritários, foram vacinadas 58.863 pessoas.

De acordo com a Secretaria de Saúde, a meta é atingir 609 mil pessoas, a partir de 30 de abril, quando começa oficialmente a campanha nacional de vacinação, até 20 de maio. Brasília contará com cerca de 620 mil doses para atender a população. A imunização contra o vírus pode ser recebida em qualquer centro de saúde da rede pública, das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas.

 INFLUENZA (GRIPE)

Dr. Julival F. Ribeiro.O médico infectologista com especialização nos EUA e ex-diretor geral do hospital de base do DF, Dr. Julival Ribeiro, a convite do blog Agenda Capital, traz um estudo detalhado do vírus influenza, e vários esclarecimentos a população, através de um questionário de perguntas e respostas, para dirimir dúvidas.

Segundo a OMS, as epidemias anuais, resulta em 1 bilhão de casos de Influenza no mundo, resultando em torno de 3 a 5 milhões de casos graves e aproximadamente 250.000 a 500.000 mortes.

Todo ano, no Brasil, ocorre uma epidemia de gripe sazonal, geralmente entre abril e outubro, sobretudo nos estados onde as condições climáticas são mais definidas.  Vale lembrar, que a umidade relativa do ar (quantidade de vapor de água na atmosfera) desempenha um papel importante na transmissão do vírus da Influenza (menor umidade relativa e clima mais seco, maior transmissão do vírus).

Segundo o CDC/EUA, não é possível prever o comportamento da gripe a cada ano no que tange ao momento em que ela se dissemina, em relação à gravidade e a duração da estação, que pode variar de um ano para o outro, mesmo dentro de regiões de um mesmo país. O impacto das epidemias de Influenza é reflexo da interação entre a variação antigênica viral, o nível de proteção da população para as cepas circulantes e o grau de virulência dos vírus.

Há três tipos de vírus da Influenza, chamados de Influenza A, Influenza B e Influenza C. Influenza A e B estão associados com a Influenza sazonal e com muitos surtos e epidemias. Influenza C é relativamente rara e usualmente não causa surtos ou epidemias.  A Influenza A pode infectar humanos, bem como pássaros, porcos e outros animais. Influenza B e C são patógenos humanos.

A classificação em subtipos da Influenza tipo A é baseada nas características de duas glicoproteínas da cápsula viral: Hemaglutinina (HA) e a Neuraminidase (NA). Atualmente, há 17 subtipos de HA e 9 subtipos de NA.  Todos esses subtipos têm sido isolados em pássaros, porém somente 3 diferentes subtipos de HA e 2 diferentes subtipos de NA têm sido isolados de humanos.  Ver tabela abaixo.

Hospedeiro HA – subtipos NA – subtipos
Humanos H1, H2, H3 N1, N2
Pássaros H1 – H4 N1 – N9

A combinação entre a HA e NA é que dá o nome do subtipo (H1N1, H1N2 e assim sucessivamente).

Os vírus da Influenza são os únicos entre os vírus respiratórios com imensa capacidade de mutação, criando novos vírus com material genético diferente do que lhe deu a origem.

Pequenas mutações antigênicas (drift) geram novos sorotipos (cepas) em relação a uma temporada sazonal para a outra e pode resultar em epidemia devido a essa nova cepa. Essas pequenas mutações ocorrem em ciclos aproximadamente anuais.  Por isso, as epidemias de gripe ocorrem anualmente e se faz necessário uma nova composição da vacinação anual, pois os anticorpos formados contra as cepas anteriores podem não responder adequadamente contra as cepas novas do vírus.

Em relação às mutações antigênicas maiores (shift) há trocas de moléculas na Hemaglutinina (HA) e a Neuraminidase (NA) e ocorre somente com o vírus Influenza A. Esse fenômeno ocorre em menor frequência e, em aproximadamente, 40 anos.  Quando ocorre esse novo subtipo, a chance de uma pandemia é grande, em virtude de não termos ainda imunidade.

Em 2009, um novo vírus da Influenza A (novo subtipo H1N1), originado no México, se espalhou rapidamente pelo mundo. Ficou conhecido o vírus Influenza pandêmico H1N1 2009.

Dr. Julival Ribeiro - hbdf.1. O Que é Influenza?

Resposta: Influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do trato respiratório, comunitária, com distribuição global e elevada transmissibilidade.

2. Quais os vírus que causam Influenza?

Resposta: O agente etiológico da gripe é o Myxovirus influenzae, também denominado vírus Influenza.

3. Quais os Reservatórios dos vírus Influenza A e B?

Resposta: Os vírus da Influenza A estão presentes na natureza em diversas espécies, incluindo humanos, aves, suínos, cavalos, focas e baleias.

Os vírus Influenza B e C têm como reservatório somente seres humanos.

4. Como ocorre a transmissão?

Resposta: A transmissão ocorre por contato direto (pessoa-pessoa) ou através de superfícies ou objetos contaminados (indireta). A transmissão direta ocorre através de gotículas de aerossol (> 5 micras de diâmetro) expelidas durante o ato de espirrar, tossir ou falar de indivíduo infectado. A pessoa com Influenza pode transmitir o vírus a outras pessoas, até aproximadamente a 1 metro e meio de distância. Essa disseminação ocorre mais facilmente em ambientes fechados, sobretudo no inverno, quando as pessoas ficam por mais tempo juntas.

Transmissão indireta – uma pessoa pode adquirir Influenza ao tocar com as mãos, uma superfície ou um objeto contaminado com o vírus da Influenza e em seguida tocar os olhos, boca ou nariz. Estudos têm demonstrado que o vírus da Influenza pode sobreviver por 24 a 48 horas em superfícies como mesas de cafeterias, livros, superfícies rígidas, teclado de computador, maçanetas e mesas de escritório. Lavar as mãos com frequência ajuda você a reduzir as chances de se contaminar a partir desses objetos e superfícies.

5. Quais as medidas para reduzir a transmissão da Influenza?

Resposta: Vacinar anualmente.

– Boas práticas de Higiene: Higienização das mãos com água e sabão ou usar álcool-gel a 70%.

– Evitar manipular lenços ou objetos usados por uma pessoa doente.

– Utilizar lenço descartável ao espirrar, tossir ou falar e jogar o lenço no lixo após o uso.

– Pessoas doentes devem permanecer em casa, evitando ir ao trabalho ou à escola.

Se não tiver lenços de papel, use o cotovelo ao tossir ou espirrar e, em seguida, lave as mãos.

Caso seja necessário ir a uma Unidade de Saúde, comunique que está gripado e solicite uma máscara cirúrgica para evitar a transmissão para outras pessoas.

6. Qual o período de incubação da Influenza?

Resposta: 1 a 4 dias. Um único indivíduo infectado pode transmitir a doença para um grande número de pessoas suscetíveis.

7. Qual o período de transmissibilidade?

Resposta: 01 dia antes do início dos sintomas e até 07 dias após o início dos sintomas. Em crianças e em pacientes imunossuprimidos, esse período pode ser mais prolongado.

8. Qual a diferença entre síndrome gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave?

Resposta: Síndrome gripal: Na ausência de outro diagnóstico específico, considerar o paciente com febre, de início súbito, mesmo ainda que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia.

SRAG (Síndrome respiratória aguda grave) – individuo de qualquer idade, com internação hospitalar, por doença respiratória aguda grave caracterizada por febre, tosse e dispneia, acompanhada ou não dos seguintes sintomas: aumento da frequência respiratória de acordo com a idade, hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente; em crianças, além dos itens acima, observar também: batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência.

A dificuldade para respirar pode ser um sinal importante para a doença, assim como a presença de hipoxemia, desidratação, sonolência e a persistência da febre por mais de 72h.

9. Há alguma diferença entre gripe sazonal (gripe comum) e a gripe causada pelo H1N1?

Resposta: Não.  Os quadros clínicos são os mesmos. Entretanto, a infecção grave com a necessidade de internação ou com complicações fatais é significantemente maior nas infecções causadas pela Influenza A (H1N1) que nas causadas pela Influenza B.

As situações reconhecidamente de risco para o desenvolvimento de formas graves e de óbito da Influenza gripe H1N1 são: gestação, idade menor do que 2 anos ou maior que 60 anos e presença de comorbidades, como doença pulmonar crônica, cardiopatias (insuficiência cardíaca crônica), doença metabólica crônica (obesidade mórbida, diabetes), imunodeficiências, insuficiência renal crônica, entre outras.

10. Quais as complicações mais frequentes da Influenza?

Resposta: Pneumonias bacterianas secundárias, pneumonia viral primária, miosite, miocardite, pericardite, síndrome de Guillain-Barré, encefalite e mielite transversa.

11. Como fazer o diagnóstico laboratorial?

Resposta: De forma geral, a amostra preferencial para o diagnóstico laboratorial é a secreção da nasofaringe, colhido de preferência nos primeiros três dias do aparecimento dos sinais e sintomas.

12. Como é feito o tratamento?

Resposta: O antiviral Oseltamivir quando indicado deve ser utilizado, no máximo, em 72 horas a partir da data do início dos sintomas para melhor resultado terapêutico. Portanto, iniciar o tratamento mesmo sem o resultado do exame para detectar vírus da Influenza. Atentar para as interações medicamentosas, as contraindicações e os efeitos colaterais.

13. Quem deve tomar a vacina?

Todas as pessoas deveriam se vacinar, exceto crianças abaixo 06 meses. Não existe nenhuma contraindicação a pessoas saudáveis, fora do grupo de risco, fazer uso da vacina. Todas as crianças abaixo de nove anos de idade, que estejam tomando a vacina para Influenza pela primeira vez, devem receber duas doses com um mês de intervalo.

14. Quem é considerado grupo de risco para receber a vacinação oferecida pelos Serviços Público de Saúde?

Resposta: Crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, puérperas, trabalhador de saúde, povos indígenas, indivíduos com 60 anos ou mais de idade, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade, funcionários do sistema prisional, pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis. Crianças e adolescentes dos 6 meses aos 18 anos que estejam recebendo terapia prolongada com aspirina e, portanto, estejam sob risco de desenvolver Síndrome de Reye, após adquirir a Influenza.

15. Por que se deve tomar a vacina da Influenza anualmente?

O vírus Influenza induz altas taxas de mutação durante a fase de replicação, em especial, da hemaglutinina e neuraminidase, as duas glicoproteínas de superfície do vírus.  Estas mutações ocorrem de forma independente e habitualmente provocam o aparecimento de novas variantes para as quais a população ainda não apresenta imunidade, já que a infecção prévia por determinada cepa confere pouca ou nenhuma proteção contra os vírus de surgimento mais recente. O efeito da vacina garante apenas um período de 6 a 10 meses de imunização, fazendo-se necessária a vacinação anualmente.

A rede de vigilância epidemiológica da gripe coordenada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é realizada em vários países. As cepas de vírus Influenza coletadas nos vários países, inclusive no Brasil, são classificadas e catalogadas de acordo com os critérios estabelecidos pela OMS. Após essa análise, se determina a composição das cepas do vírus Influenza A e B a serem incluídas na composição da vacina que será disponibilizada no ano seguinte.

Por exemplo: a cepa A/Sydney/5/97 (H3N2) é uma variante do tipo A, de origem humana, isolada na cidade de Sydney em 1997, com antígenos de superfície H3 e N2.

Porém, o H1N1 não apresentou mutação desde 2009, o que faz com que a vacina de 2015 continue sendo eficaz contra a Influenza A causada pelo subtipo H1N1. Estudo realizado pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará, o vírus da Influenza A subtipo H1N1, circulando no Brasil, não sofreu mutação.

Em relação à Influenza A causada pelo subtipo H3N2 e a Influenza B, foram atualizadas em 2016, porque ocorreram pequenas mutações nessas linhagens.  Portanto, quem foi vacinado com a vacina de 2015 deverá ser vacinado com a vacina liberada em 2016, com intervalo de 30 dias para cobertura do vírus Influenza B subtipo H3N2 e um subtipo da influenza B, o Brisbane.

16. Qual a composição da vacina para o ano de 2016?

Resposta: Segundo a OMS, a composição da vacina contra a Influenza tem incluído três cepas virais: duas do tipo A, respectivamente dos subtipos H1N1 e H3N2, e duas do tipo B. Essa composição foi a partir de informações sobre modificações do vírus.

No Brasil, os dados da OMS mostram que até 2015 houve uma redução da gravidade. Além da redução da gravidade e mortalidade, a OMS mostrou através de seus dados de vigilância que a cepa mais incidente é a H3N2, e não a H1N1. O alerta nos serviços de emergência deve ser direcionado à Influenza, e não somente ao H1N1.

17. Quais as vacinas para Influenza estão disponíveis no Brasil? Quais as diferenças entre elas?

Existem dois tipos de vacina: a trivalente e a tetravalente (Quadrivalente). Uma dose de vacina trivalente cobre os dois subtipos do vírus influenza A — o H1N1 Califórnia e o H3N2 Hong Kong — e um subtipo da influenza B, o Brisbane.  A vacina tetravalente oferece ainda proteção para um segundo subtipo da influenza B, o Victoria. Ambas imunizam o H1N1 (vírus influenza do tipo A).

18. Quanto tempo após tomar a vacina começa a produção de anticorpos?

 Resposta: Após duas a três semanas da vacinação começa a produção de anticorpos contra a Influenza. É recomendável que a vacinação seja realizada anualmente nos meses de outono, objetivando-se, assim, que os níveis máximos de anticorpos sejam coincidentes com os meses de inverno, onde a doença é mais incidente em consequência da maior circulação vírus.

19. O grau de proteção após a imunização é igual para todas as pessoas?

Resposta:  A resposta na produção de anticorpos após a vacinação depende de vários fatores, incluindo a idade do receptor da vacina, exposição prévia e subsequente aos antígenos e a presença de condições que alteram a resposta imunológica.

20. Há risco de uma pessoa tomar vacina da Influenza e adquirir Gripe?

Resposta: Não. A vacina é composta apenas por vírus inativado.

21. Quais os efeitos colaterais da vacina para Influenza?

Resposta: Aplicada por injeção, a vacina pode causar desconforto no local da aplicação e um mal-estar leve e passageiro (no máximo 24 horas após a aplicação), como se fosse o início de um resfriado.

22. Qual o risco de pessoas com doenças crônicas não transmissíveis apresentar reações à vacina?

Resposta: A possibilidade de ocorrer um evento adverso após a vacinação em pessoas com doença crônica é semelhante a qualquer outro indivíduo.

23. Quais os componentes das vacinas usadas no ano de 2016?

Os componentes da vacina Fluzone (Sanofi) são: Octilpenol etoxilato e formaldeído. Na apresentação de dose única da vacina não há preservativo. Na de múltiplas doses há o (thimerosal-mercúrio). Não contém adjuvante.

Os componentes da vacina Fluarix Quadrivalente (GSK) é formulada sem preservativos. Cada dose contém octoxinol (TRITON® X-100), α-tocoferol e polisorbatol (Tween 80). Cada dose, também, pode conter quantidades residuais de: hidrocortisona, gentamicina, ovoalbumina, formaldeído e deoxicolato usadas no processo de fabricação. Não contém adjuvante.

A vacina fabricada pelo Instituto Butantan – é uma vacina trivalente e cada dose de 0,5 ml contém: formaldeído, traços de neomicina e triton X-100 (octoxinol9). Não contém adjuvante.

Na produção da vacina, os vírus da vacina são propagados em ovos embrionados de galinha.

Informe ao seu médico se você já teve alguma reação alérgica à vacina contra o vírus Influenza ou se você tem alergia a ovo, à proteína de galinha ou a qualquer outro componente da fórmula.

24. Existe alguma vacina fora do Brasil que não contém na sua composição a proteína do ovo?

Resposta: Sim. Ela é aprovada para uso em adultos maiores de 18 anos.  Essa vacina é fabricada usando a tecnologia recombinante.

25. Eu posso pegar a gripe ingerindo ou preparando carne de porco?

Resposta: Não. O vírus da Influenza não se transmite pela comida.

26. A vacina da Influenza pode interferir no resultado de alguns exames laboratoriais?

Resposta: Sim. A vacina Influenza (fragmentada e inativada) pode interferir na resposta a alguns testes laboratoriais para vírus, como HIV-1, vírus da hepatite C e HTLV-1.

27. Deve as gestantes receber a vacina trivalente ou quadrivalente inativada para Influenza?

Resposta: Sim.  Em qualquer período da gestação.

As gestantes têm risco aumentado de complicações, devido a alterações que ocorrem naturalmente no sistema imune durante a gestação. A própria gravidez pode levar a certa dificuldade na respiração, isso é, particularmente, relevante no segundo e terceiro trimestre da gestação.

Há recomendação que todas gestantes, em qualquer período da gravidez, receba a vacinação contra a Influenza, devido ao risco de graves complicações associadas ao aumento de hospitalização e óbito em gestantes expostas ao vírus. Há evidência que a vacinação em gestantes protege os recém-natos de adquirir Influenza por até 6 meses, menos probabilidade de prematuridade, aborto e de recém-nato com baixo peso ao nascer. Estudos de vacinação da Influenza durante a gestação não evidenciou danos para a mãe e o feto.

Estudo recente mostrou que em torno de 50% dos recém-natos não foram hospitalizados devido à Influenza em gestantes que foram vacinadas em comparação aos recém-natos, cujas mães não foram vacinadas.

A bula do Instituto Butantan recomenda a vacinação para mulheres que estão com mais de 14 semanas de gestação durante a temporada de vacinação contra Influenza. Segundo a bula, a preferência pela vacinação a partir do segundo trimestre da gravidez se deve ao fato de se evitar associação temporal com a ocorrência de abortos espontâneos, comum durante o primeiro trimestre da gravidez.

28. Quem está amamentando pode tomar a vacina?

Resposta: Sim. Não existem contraindicações formais para a administração da vacina em mulheres que se encontrem amamentando.

29. Pode a gestante continuar amamentando enquanto usa a medicação antiviral para Influenza?

Resposta: Sim. Não há nenhuma evidência que a medicação antiviral para tratamento da Influenza leve a efeitos adversos na gravidez e a mãe poderá continuar amamentando.

30. Como a vacina é acondicionada? Precisa de equipamento especial?Resposta: A vacina contra Influenza deverá ser conservada em temperatura entre +2°C e +8° C e ao abrigo da luz. Não deve ser colocada no congelador ou “freezer”; o congelamento é estritamente contraindicado. Nunca congelar.

31. Qual a relação entre Síndrome de Guillain-Barré e a vacina da Influenza?

A síndrome de Guillain-Barré (SGB) é caracterizada por uma polineuropatia inflamatória desmielinizante aguda, que compromete, sobretudo, os nervos periféricos e leva a graus variados de fraqueza motora progressiva e ascendente, podendo atingir os membros superiores e a face.

Muitas causas podem causar SGB: dois terços das pessoas que desenvolveram a doença relatam que tiveram previamente infecções respiratórias e gastrintestinais (diarreias).  Infecção com a bactéria Campylobacter jejuni é o fator de risco mais comum para GBS. Pessoas podem desenvolver SGB após ter tido Influenza ou outras infecções, tais como por CMV ou pelo vírus Epstein Barr. Em raras ocasiões, a SGB pode ocorrer após dias ou semanas após uma pessoa ser vacinada.

Diferentemente da vacina de vírus Influenza de origem suína, utilizada em 1976 e 1977, associada com elevado risco para se desenvolver a síndrome de Guillain-Barré, as vacinas preparadas, subsequentemente, a partir de outras cepas virais, não têm sido claramente associadas com aumento da frequência de SGB; se o risco existe, provavelmente é 1 caso adicional para cada 1 milhão de pessoas vacinadas.

Qualquer pessoa pode desenvolver SGB. A incidência de SGB aumenta com a idade, sobretudo em pessoas acima de 50 anos. Pessoas que desenvolveram SGB dentro de 6 semanas após a vacinação de Influenza não deve receber uma dose adicional da vacina. Em relação aos pacientes que já tiveram a SGB, é indicado esperar pelo menos 1 ano após o episódio para se administrar alguma vacina.

Entretanto, pessoas com a Síndrome de Guillain-Barré pertencem aos grupos de alto risco de complicações graves da gripe, sendo que alguns especialistas acreditam que os benefícios da imunização justificam a vacinação destes pacientes. Entretanto, deverá ser pesado o risco / benefício.

32.  Crianças e adultos com doenças neurológicas crônicas podem ser vacinadas contra a Influenza?

Resposta: Se você tem uma doença neurológica crônica, você faz parte do grupo de alto risco de adquirir Influenza. Se você tem qualquer das seguintes condições neurológicas descritas abaixo, você é candidato a tomar a vacina para Influenza:

Acidente Vascular Cerebral, paralisia cerebral, esclerose múltipla, doenças hereditárias e degenerativas do sistema nervoso ou muscular, dificuldades de aprendizagem, epilepsia e lesão medular.

Procure seu medico para se informar sobre a vacinação. Por exemplo, pessoa com esclerose múltipla, ao receber a vacina para Influenza, só deve receber a infusão de Lemtrada seis meses após a vacinação.

33. A vacina Influenza ao ser aplicada pode levar a Síncope?

Resposta: Sim. A síncope pode ocorrer em associação com a administração de vacinas injetáveis. Por isso, após a aplicação da vacina, a pessoa deve esperar uns 30 minutos antes de sair da clínica de vacinação.

34. Há diferenças entre Influenza e Resfriado?

Resposta: Sim. Influenza e Resfriado são doenças distintas, causadas por vírus diferentes, mas que apresentam vários sintomas em comum. A Influenza e o Resfriado são infecções respiratórias causadas por vírus. O agente etiológico da gripe é o Myxovirus influenzae, também denominado vírus Influenza.  O resfriado é causado por algumas espécies de vírus: Rinovírus (principal causa dos resfriados), Adenovírus, Vírus Sincicial Respiratório, Coronavirus, Echovirus e Paramixovirus.

Os sinais e sintomas dos resfriados aparecem dois ou três dias após a exposição ao vírus. Os mais comuns são: coriza, espirros, tosse, dor de garganta, lacrimejamento, moleza, febre baixa e de curta duração.  É importante se fazer o diagnóstico diferencial com o da gripe, pois é uma doença bem mais grave.

35. Quão efetiva é a vacina para Influenza?

Resposta: Se você tem sido vacinado contra Influenza e por um acaso adquirir uma Gripe, ela será menos grave, sendo menos provável de desenvolver complicações.

Você também pode experimentar sintomas semelhantes ao da gripe por até 48 horas após a vacinação, significando que seu sistema imune está respondendo à vacina.

36. Quais os riscos de vacina contendo Thimerosal?

Resposta: Thimerosal é um preservativo que contém mercúrio e é usado em vacinas que contêm múltiplas doses para prevenir a contaminação ao se extrair repetidamente as doses para aplicação. Não há dados que indiquem que Thimerosal usados nas vacinas tenham causado autismo ou outros problemas individuais.  Segundo o FDA/ EUA, não há evidência convincente de danos causados por pequenas doses de Thimerosal como preservativo nas vacinas de Influenza, exceto um ligeiro edema e vermelhidão no local da injeção.

Um estudo analisando a vacinação com Influenza de mais de 2000 gestantes não demonstrou nenhum efeito adverso em relação ao feto associado com a vacina da Influenza.

37. Qual o papel dos adjuvantes nas vacinas?

Resposta: São substâncias adicionadas à vacina com o objetivo de aumentar a resposta imune, porém seu mecanismo de ação não é completamente conhecido. Estes levam a uma resposta imune mais persistente à vacina e permite uma dose mais baixa da vacina a ser usada. Adjuvantes em uso incluem vários sais de alumínio (alum), MF59, AS04, AS03, virossomas e monofosforil lipídio A. Por exemplo, o alumínio está presente nas vacinas que previnem Hepatite A, Hepatite B, difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo b (Hib) papillomavirus (HPV) e infecção por pneumococos.

No ano de 2015, o FDA/EUA aprovou a primeira vacina para Influenza sazonal com adjuvante (MF59) para ser usada em adultos a partir de 65 anos de idade. Dados de aproximadamente 40 ensaios clínicos demonstraram uma boa resposta imune e bom perfil de segurança.

Nenhuma vacina para Influenza disponibilizada no Brasil, ano de 2016, contém adjuvante.

38. Qual a relação entre Narcolepsia e vacina de Influenza?

Resposta: A narcolepsia é uma doença neurológica crônica que se caracteriza por uma sonolência diurna excessiva, muitas vezes incontrolável, que provoca episódios de sono súbito.

A vacina Pandemrix foi produzida na Europa pela GlaxoSmithKline e foi desenvolvida especificamente para a cepa pandêmica 2009 H1N1. A vacina Pandemrix tem na sua composição um adjuvante chamado ASO3 (esqualeno), cujo objetivo foi aumentar a resposta imune.

Cientistas do Reino Unido encontraram evidências cientificas em relação à associação entre a vacina Pandemrix 2009 H1N1 e narcolepsia em crianças na Inglaterra – HPA (Health Protection Agency). Esses achados são consistentes com estudos realizados na Finlândia e outros países da Europa. No estudo finlandês e inglês foram de 0,6 a 0,9 casos a cada 100.000 doses de vacina e não se encontrou mais a associação em anos subsequentes.

Em 2014, o CDC / EUA publicou um estudo, cujo objetivo foi verificar se havia associação entre vacina pandêmica 2009 H1N1 e vacina Influenza sazonal 2010/2011 e narcolepsia.  A análise incluiu mais de 650.000 pessoas que receberam a vacina Influenza pandêmica 2009 H1N1 e mais de 870.000 pessoas que receberam a vacina sazonal 2010/2011. O estudo concluiu que a vacinação não foi associada com aumento de risco para narcolepsia.  Convém ressaltar que a vacina Pandemrix 2009 H1N1 com adjuvante AS03 nunca foi licenciada nos EUA. Nunca foi usado adjuvante na vacina para Influenza sazonal nos EUA.

39. Quais as medidas usadas para o paciente ao se dirigir ao Serviço de Saúde com sintomas de Infecção Respiratória?

– Qualquer pessoa com suspeita de Infecção Respiratória, ao chegar à emergência, deve receber uma máscara cirúrgica e ser alocado em local reservado para evitar a disseminação do vírus da Gripe.

– A pessoa, ao ser direcionada para fazer qualquer exame, deve usar a máscara cirúrgica e o setor deve ser avisado da possibilidade do paciente estar com Influenza.

40. Paciente com Influenza, que requer hospitalização, quais são as recomendações?

Precauções padrão – é aplicada para todos os pacientes, independentemente do diagnóstico ou suspeita de infecção:

– Higienização das mãos;

– Utilizar EPI (luvas, máscara, avental, protetor ocular), de acordo com o grau de exposição;

– Descarte seguro de perfurocortantes (não encapar ou desconectá-las);

Precauções para Gotículas (Respiratórias): Indicada para pacientes com infecção transmitida por gotículas (maiores de 5µ), através de tosse, fala e espirro (ex: Influenza sazonal, rubéola, meningite, adenovírus);

– Quarto privativo ou coorte (pacientes com o mesmo microrganismo);

– Higienização das mãos;

– Usar máscara cirúrgica ao entrar no quarto privativo e retirar antes de deixar o quarto, desprezando-a no lixo e, imediatamente, fazer higienização das mãos com álcool a 70%;

– Se o paciente sob Precaução Respiratória precisar se deslocar para realizar exames ou para outra unidade do hospital deve usar uma máscara cirúrgica.  Informar ao setor antes de remover o paciente;

– Permanecer no quarto privativo por 7 dias após o começo dos sintomas ou 24 horas após a resolução do estado febril. Essa precaução pode ser prolongada em crianças ou pessoas com imunodepressão, pois pode disseminar o vírus da Influenza por mais tempo;

– Dentro do possível, evitar visitas ao paciente internado com Influenza. O visitante deverá usar mascara cirúrgica, evitar tocar em superfícies ou artigos e higienizar as mãos com álcool a 70% imediatamente após retirada da máscara cirúrgica.

41. Quando o profissional de saúde deve usar máscara para aerossóis?

Resposta: Em procedimentos com risco de geração de aerossóis (ex: intubação, aspiração, broncoscopia). Realizar em quarto privativo e, se possível, em unidade de isolamento respiratório com pressão negativa e filtro HEPA.

Da Redação do Agenda Capital

6 COMENTÁRIOS

    • Sr. José Soares
      O Agenda Capital consultou o especialista Dr. Julival Ribeiro, autor da matéria, e o mesmo disse que não há nenhuma correspondência. Obrigado por acessar o Agenda Capital. Abraços. Delmo Menezes – Editor-Chefe

  1. Quero parabenizar o conteúdo do texto, que é esclarecedor.
    E gostaria de saber se existe alguma forma da vacina que não contenha formaldeído.
    Tenho uma púrpura desencadeada por esse elemento e me abstenho de receber a dose, mesmo tendo necessidade já que sou profissional da saúde e me exponho bastante.
    Já tive problemas sérios e não posso me arriscar novamente.
    Desde já, obrigada

  2. Prezado Dr. Julival
    Parabéns pelo texto excelentemente redigido, de forma muito clara e objetiva.
    Apenas 2 considerações:
    1. Ficou em aberto na minha opinião o tempo de isolamento para crianças e pacientes imunodeprimidos. Pois Existem recomendações para manter até 14 dias;
    2. Em relação ao tratamento é um pouco controverso quando é quem deve ser tratado, porém tem trabalhos mostrando que em pacientes graves, estes podem se beneficiar mesmo após 3-5 dias após iniciado os sintomas.

    Abraço
    Tarquino G Sánchez

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here