Por Delmo Menezes

Nesta terça-feira (29), usuários e servidores do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), farão um “grande abraço”, no hospital, as 09h. O hospital completou 50 anos com uma série de problemas, e de acordo com servidores ouvidos pelo Agenda Capital, necessita de ajuda para voltar a oferecer plenamente os serviços para o qual foi idealizado.

Servidores da rede pública de saúde, através das redes sociais, estão convidando os usuários e simpatizantes do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), para se manifestarem por meio das hashtags #somostodosHMIB e #grandeabracoaoHMIB, a fim de chamar atenção das autoridades e da população, em relação ao “caos e abandono”, em que se encontra o hospital.

O Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), no passado, já foi reconhecido como unidade de referência no Centro-Oeste, tendo a maior UTI Neo Natal e o melhor serviço de cirurgia pediátrica do Distrito Federal, além de oferecer a população um atendimento especializado em cirurgias de recém-nascidos da capital. O HMIB destaca-se também como hospital especializado em serviço de fertilização in vitro (bebê de proveta) e Unidade de gestação de alto risco.

SITUAÇÃO ATUAL

Hmib.2Na semana passada, o presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico), Gutemberg Fialho, o conselheiro José Leite Saraiva, a defensora pública do Núcleo de Saúde do DF, Karen Bezerra e a representante da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) Kênia Amaral, estiveram no HMIB, para vistoriar as condições de exercício da atividade médica e de assistência aos pacientes.

De acordo com a vistoria, a quantidade de médicos e enfermeiros é insuficiente para atender mais de 10 mil pacientes por mês, incluindo DF e Entorno. A caldeira da unidade tem parado repetidamente por falta de manutenção e os serviços de lavanderia, estão sendo realizados no Hospital Regional de Ceilândia.

Outros casos graves foram constatados durante a fiscalização, como as escalas noturnas da emergência, que são fechadas com apenas três médicos para atender os pacientes internados, inclusive em UTI, e os que chegam diariamente.

Segundo o relatório, o trabalho se torna mais complicado a partir da meia noite, pela insuficiência de profissionais. Não há como estabelecer prioridades na assistência, pela falta de plantonistas na emergência, e em virtude disso, os profissionais são frequentemente ameaçados e até agredidos fisicamente por pacientes.

Atualmente, três médicos plantonistas ficam responsáveis por 63 leitos de internação de alta complexidade. Os 21 leitos “oficiais” do pronto-socorro são insuficientes. Por isso, pacientes permanecem nos consultórios até que se consiga removê-los para outra unidade de saúde.

Segundo relato do SindMédico, o HMIB não tem hematologista, e possui apenas um nefrologista e um cardiologista, cada um com carga horária semanal de 20 horas. Grande parte dos pacientes internados são cardiopatas.

O Hospital da Criança e o Hospital de Base têm encaminhado pacientes crônicos com câncer para internação no HMIB, mesmo com a deficiência de atendimento especializado, quantidade de profissionais insuficiente e falta de espaço para internação. O hospital está sem os insumos necessários para realização de procedimentos cirúrgicos ginecológicos, não há compressas adequadas, focos cirúrgicos estão quebrados, roupas cirúrgicas e lençóis, entre outros itens estão em falta. “É o retrato triste de um hospital que já foi referência e chega aos 50 anos sem ter o que comemorar”, destaca o presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho.

HMIB-1HISTÓRIA DO HMIB

Em 22 de novembro de 1966, foi inaugurado o Hospital da L2 Sul, situado na SGAS 608, Módulo A, sendo considerado excelência e referência no ensino, na pesquisa, na gestão, e na atenção integral à saúde da mulher e da criança, apresentando os melhores indicadores de saúde do país.

Seu funcionamento se deu em 02 de janeiro de 1967, com 5.325 m2 e capacidade inicial de 150 leitos, desenvolvendo atividades nas especialidades de ginecologia e obstetrícia, pediatria, clínica médica, cirurgia geral, oftalmologia, otorrinolaringologia e odontologia. Nesta época, o HMIB funcionava como um Hospital Geral.

O servidor e ginecologista obstetra aposentado, Avelar Barbosa, foi o 1º residente do hospital e, juntamente, com a unidade também completa 50 anos de serviços prestados à comunidade. “Por 25 anos fui chefe da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia e, durante essa caminhada, cheguei a realizar 2.000 partos. Considero o HMIB a minha segunda casa, porque muitas vezes passei mais tempo aqui do que no meu lar”, destaca o profissional.

O cirurgião pediatra, Dr. Lucas Veras, servidor aposentado, foi diretor do hospital por 04 anos na gestão Cristovam. Trabalhou durante mais de 15 anos no HMIB. De acordo com o pediatra, “O HMIB já foi o melhor hospital especializado em cirurgia pediátrica do DF”, disse Lucas.

O ex-diretor do hospital e ginecologista obstetra da Unidade de Reprodução Humana, Dr. Alberto Barbosa, é servidor no HMIB há 40 anos. “Este hospital tem uma longa história, por isso, é muito importante que toda esta jornada seja resgatada”, ressalta.

Outro profissional que é sempre lembrado no HMIB, é o médico especializado em Terapia Intensiva Pediátrica, Dr. Bonifácio Carreira Alvim, que trabalhou no hospital durante 30 anos, e foi vice-diretor. De acordo com Bonifácio, “mesmo com toda dificuldade que o hospital se encontra, possui ainda a melhor Terapia Pediátrica e a melhor Unidade Neo Natal do DF”, relata.

Da Redação do Agenda Capital

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