Líder do governo no Congresso e presidente nacional do PMDB, o senador Romero Jucá (RR) saiu em defesa, nesta segunda-feira (20), da PEC (Proposta à Emenda à Constituição) que apresentou na semana passada para blindar os presidentes da Câmara e do Senado.

Alvo da Lava Jato, Jucá fez duras críticas à imprensa, a que se referiu como “vivandeiras e carpideiras”, e disse que não iria se “acovardar”.

“Não sou réu, estou sendo investigado, cobro a investigação e vou continuar aqui agindo do jeito que sempre agi. Não vou me acovardar, não vou me apequenar e vou exercer o meu mandato aqui na plenitude, fazendo os enfrentamentos que eu entender que devo fazer, sem ter medo. Medo é uma palavra que eu não conheço”, afirmou Jucá na tribuna do Senado.

Jucá se disse alvo de perseguição de setores da imprensa e responsabilizou jornalistas pelo fato de senadores terem retirado assinaturas de apoio à PEC que apresentou para dar isonomia de tratamento aos presidentes dos Poderes. Pressionado, acabou retirando a proposta no dia seguinte.

“Quero aqui dizer, com muita tranquilidade, aos meus adversários e a quem quer me marcar com uma estrela no peito: eu não vou morrer de véspera, eu não me entrego, eu sei o que eu defendo, eu sei o que eu fiz, e eu sei o que vou fazer”, disse Romero Jucá.

Ele disse ter tomado a decisão de apresentar a PEC no final do ano passado, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou por liminar o afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado.

“Pensei com meus botões: será que é justo que nós tenhamos o presidente e o vice-presidente tendo um tipo de tratamento e os presidentes dos outros Poderes tendo outro tipo de tratamento pela decisão do Supremo Tribunal Federal, que não está escrita na Constituição?”, ponderou Jucá.

IMPRENSA

Jucá comparou o trabalho dos jornalistas ao nazismo, à Inquisição e à Revolução Francesa.

“No passado, a turba fazia linchamentos. A gente viu muito isso ao longo da história do mundo. Hoje, quem tenta fazer linchamentos não é a turba, é a imprensa e setores da sociedade”, afirmou o senador.

Ele disse ainda que “as novas carpideiras e vivandeiras”, como se referiu aos jornalistas, “choram os defuntos ainda vivos”.

Ele disse ainda que “parte da imprensa não dá chance a ninguém de se defender”.

“Escolhe aleatoriamente e parte para o estraçalhamento, sem se preocupar com a verdade, sem se preocupar com a coerência, sem se preocupar com a família das pessoas, com a história de cada um”, criticou Jucá.

Ao mencionar gravação divulgada pela Folha em maio na qual aparece dizendo que é preciso “estancar a sangria”, afirmou que não se referia à Lava Jato e que nunca tramou contra a operação. O episódio levou à sua queda do Ministério do Planejamento.

“Eu não tive acesso à totalidade das gravações. A Folha de S.Paulo pode ter tido; eu não tive”, afirmou.

“Nós mudamos já todos os indicadores macroeconômicos do Brasil. Essa era a sangria. Falta mudar ainda os microeconômicos, o desemprego e o endividamento, mas vamos mudar”, completou.

FORO

Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Romero Jucá reagiu à disposição dos ministros do STF de restringir a prerrogativa de políticos.

“Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada”, afirmou o senador ao jornal.

Na semana passada, o relator das ações oriundas da Operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, disse ser contra o foro privilegiado.

O ministro Luís Roberto Barroso enviou ao plenário do Supremo, também na semana passada, um processo para discutir a redução do alcance da prerrogativa de foro de deputados, senadores e ministros.

Da Redação com informações da Folha

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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