Foto: Reuters

Subvariante, chamada de BA.2, já foi encontrada em ao menos 49 países e parece ter uma taxa de crescimento ainda maior que a BA.1; mas não há evidências de que cause doenças mais graves do que a Ômicron original.

Por Redação*

Uma nova subvariante da Ômicron está se espalhando rapidamente em algumas partes do mundo. A subvariante, chamada de BA.2, foi encontrada em ao menos 49 países, incluindo os Estados Unidos. Em alguns países, como na Dinamarca, a BA.2 já ultrapassou a Ômicron original (BA.1) como a variante dominante.

Como ela não gera uma assinatura específica em testes de laboratórios, evento chamado de falha no alvo do gene S, pode parecer como outras variantes de coronavírus no primeiro momento, algo que fez a subvariante ser conhecida como “a variante furtiva”.

O quanto devemos nos preocupar com essa Ômicron “furtiva”? Os vacinados ainda estão protegidos? E quanto aqueles que tiveram COVID-19 recentemente, eles podem ser reinfectados? E os testes podem identificar essa subvariante?

Para obter responder essas e outras perguntas, conversei com a analista médica da CNN, Dra. Leana Wen. Wen é uma médica de emergência e professora de política e gestão de saúde na Escola de Saúde Pública do Instituto Milken da Universidade George Washington. Ela também é autora de “Lifelines: A Doctor’s Journey in the Fight for Public Health”.

CNN: Devemos nos preocupar com essa nova subvariante Ômicron?

Dra. Leana Wen: Devemos ser cautelosos e monitorar novas informações à medida que elas surgem, mas não devemos nos preocupar.

Aqui está o que sabemos sobre a BA.2. Dada a rapidez com que se espalhou e até mesmo desbancou a variante original e muito contagiosa da Ômicron, conhecida como BA.1, em alguns lugares, essa nova subvariante parece ter uma taxa de crescimento ainda maior. Não há evidências de que cause doenças mais graves do que a Ômicron original, que tem sido associada a doenças mais leves do que variantes anteriores, como a Delta.

Estudos preliminares do Reino Unido também mostram que as pessoas vacinadas e com dose de reforço estão tão bem protegidas tanto contra a BA.2 quanto a BA.1. Isso é muito importante, porque significa que é improvável que essa população fique gravemente doente se infectada com esta nova versão da Ômicron.

CNN: Se você for diagnosticado com COVID-19, como você saberá se tem a variante original da Ômicron versus a subvariante?

Wen: A maioria das pessoas não descobre com qual variante está infectada porque isso requer uma tecnologia especial chamada sequenciamento, que acontece em certos laboratórios. No momento, a Ômicron BA.1 original ainda contabiliza mais de 99% das novas infecções nos EUA, portanto, se você for diagnosticado com COVID-19, é provável que esteja com ela.

CNN: Se alguém se infectou recentemente com a Ômicron original, poderia ser reinfectado com a nova variante?

Wen: É improvável. Infecção recente, especialmente combinada com a vacinação prévia, protege contra a reinfecção. Não sabemos quanto tempo a proteção imunológica vai durar. Dado o quanto BA.1 e BA.2 são semelhantes uma com a outra, parece lógico que alguém que acabou de ter COVID-19 e, portanto, provavelmente a BA.1, não vai contrair BA.2 em um breve futuro.

CNN: A nova dose de reforço específica para a Ômicron funcionará contra a BA.2?

Wen: A Pfizer e a Moderna anunciaram que estão testando vacinas contra a Ômicron. Como BA.1 e BA.2 são subvariantes da Omicron, espera-se que a vacina provavelmente seja eficaz contra ambas.

No entanto, não saberemos, até que os testes clínicos sejam concluídos, o quão eficaz é o novo reforço específico da Ômicron em comparação com a vacina e o reforço que já estamos usando. Ninguém deve esperar por uma dose de reforço da Ômicron se já for elegível para receber o reforço. Se você está a cinco meses de duas doses de Pfizer ou Moderna, ou dois meses da dose única da vacina Johnson & Johnson, você deve receber um reforço agora.

CNN: O que poderia acontecer se a BA.2 se tornar dominante nos EUA?

Wen: Esta é certamente uma possibilidade, como já ocorreu em outros países. Uma variante mais transmissível significa que ela domina as variantes anteriores.

No melhor cenário possível, temos pessoas protegidas o suficiente aqui nos EUA devido à vacinação, e a infecção recente da BA.2 não causa um aumento substancial nos casos. Poderíamos continuar assim e ter uma calmaria nos números de casos durante a primavera e o verão. Outro cenário é que a BA.2 diminua de forma acentuada os casos que estamos observando e acabamos tendo uma quarta onda mais prolongada do que teríamos com a BA.1 sozinha.

Em ambas as situações, o importante é seguir monitorando se a vacinação e os reforços continuam protegendo contra doenças graves da BA.1 e BA.2. Em caso positivo, isso significa que as vacinas são bem-sucedidas — é para isso que as vacinas foram projetadas, para nos manter fora do hospital e prevenir doenças graves e morte.

CNN: A “furtividade” significa que a nova subvariante não é identificada nos testes?

Wen: Não, não há evidências que sugiram que a BA.2 não seja detectável com PCR laboratorial ou testes caseiros de antígeno.

CNN: Qual é o seu conselho para proteger a mim e minha família dessa subvariante?

Wen: Há muitas pessoas que devem querer continuar tomando precauções para não serem infectadas pelo COVID-19: aqueles que são imunocomprometidos, por exemplo, ou outros que são clinicamente frágeis e, portanto, ainda vulneráveis a resultados graves apesar de serem vacinados. Existem famílias com crianças menores de 5 anos que ainda não são elegíveis para a vacina, embora pareça que isso pode mudar em breve.

Um outro vírus contagioso significa que as pessoas que desejam evitar o COVID-19 precisam continuar tomando precauções. O fundamental é o uso de máscara em locais fechados e a qualidade da máscara é realmente importante. A melhor máscara é aquela que esteja bem ajustada e confortável, que você possa usar consistentemente e é certificada N95, KN95 ou KF94.

Use essas máscaras sempre que estiver dentro de locais fechados e próximo a pessoas com status de vacinação desconhecido. Enquanto os números de infecção por coronavírus estejam altos em sua comunidade, você talvez queira tomar precauções adicionais pedindo, por exemplo, a todos fora de sua casa, que façam um teste rápido antes de se aglomerar com você em ambientes fechados.

CNN: Será essa a última variante que veremos?

Wen: Quase certeza que não. Novas variantes estão surgindo o tempo todo, porque é isso que os vírus fazem: eles sofrem mutações quando se replicam. Se uma nova variante causa preocupação global depende se ela é mais contagiosa, mais forte ou se pode anular a imunidade anterior. É por isso que o monitoramento em tempo real é tão importante e é também por isso que a vacinação é fundamental. Quanto mais imunidade da população tivermos, menos vírus se espalharão e sofrerão mutações e mais rápido todos poderemos emergir dessa pandemia.

*Com informações da CNN

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