Polícia Civil do DF atuando no combate ao crime. Foto: Reprodução

Fabiano Duarte Dutra era coordenador de Ortopedia do governo do DF. Ele nega participar de esquema apontado pela Polícia Civil e pelo MP.

O médico preso suspeito de queimar provas que poderiam incriminá-lo no suposto esquema conhecido como “máfia das próteses” foi dispensado nesta segunda-feira (24) do cargo de coordenador de Ortopedia da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Fabiano Duarte Dutra continua como servidor da pasta e vai responder a processo administrativo. Ele nega ter envolvimento com o esquema.

Ele foi preso na última sexta-feira (21) pela Polícia Civil e do Ministério Público do DF, na terceira fase da operação Mr. Hyde. Dutra também atuava no hospital Home – um dos investigados – como médico cirurgião.

Desde o fim de agosto, os órgãos investigam a atuação do suposto esquema criminoso, que lucrava com a colocação de órteses e próteses sem necessidade e superfaturados em pacientes. Segundo o inquérito, as fraudes movimentaram mais de R$ 30 milhões nos últimos cinco anos.

De acordo com o promotor de Defesa da Saúde (Prosus) Luis Henrique Ishihara, o cargo dele na secretaria permitia que ele tomasse decisões sobre produtos hospitalares. “Ele [Dutra] dá pareceres, relata para os demais órgãos as necessidades, faz contrato com compradores. Ou seja, tem inúmeras funções e efetivo poder de decisão nessa área de ortopedia, inclusive vinculados à área de órteses e próteses”, afirmou no dia da prisão. “Agora estamos investigando se ele é o elo entre máfia das próteses na área privada e na área pública.”

O médico foi denunciado à Justiça por embaraçar investigação de organização criminosa e por supressão de documentos. Juntas, as penas podem chegar a 14 anos de prisão. Ele negou as acusações à TV Globo, mas se manteve calado no depoimento a investigadores, nesta sexta.

A suspeita de que ele estava ocultando documentos partiu de uma denúncia anônima. Peritos foram ao local apontado, no Parque Ecológico Dom Bosco, e identificaram papéis, pendrives e HDs destruídos. Câmeras de segurança mostram o médico chegando e saindo de carro. A ação dele aconteceu dia 4 de setembro, três dias após a primeira fase da operação.

“Havia prontuários médicos, nome de outros funcionários do hospital, documentos indicando existência de repasses médicos e nome de planos de saúde”, afirma o delegado Adriano Valente, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco). Ele diz que pelo menos 150 vítimas já procuraram a polícia para denunciar abusos médicos.

De acordo com o promotor de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde do MP (Pró-Vida) Maurício Miranda, a operação Mr. Hyde “não vai terminar tão cedo”. “A todo momento surgem novos nomes. Já temos entre 30 e 50 médicos neurologistas e ortopedistas vinculados à TM Medical investigados”, declarou. A empresa citada é fornecedora de material cirúrgico, e suspeita de integrar o esquema em hospitais particulares.

Da Redação com informações do G1

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