Foto: Reprodução

Por Redação

O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (20), um protocolo para aplicação da cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes em todos os casos, inclusive os com sintomas leves, para tratar do novo coronavírus. O protocolo é uma orientação para a rede pública de saúde.

O uso do medicamento é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e foi o principal ponto de divergência com o ex-ministro da Saúde Nelson Teich, que deixou o cargo na semana passada. O protocolo foi publicado no momento em que o ministério é comandado interinamente pelo general Eduardo Pazuello.

Leia o protocolo que libera o uso da cloroquina em casos de sintomas leves

Termo de consentimento

Segundo o protocolo, “a prescrição de todo e qualquer medicamento é prerrogativa do médico”. Médicos da rede pública temem pressão pelo uso da cloroquina.

O texto também diz que o paciente vai ter que assinar o termo de consentimento a respeito da aplicação de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento.

O termo indica que “a cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos colaterais”, citando disfunção cardíaca e alterações visuais, por exemplo.

Os dois remédios têm formulações diferentes, mas que levam a mesma substância, a cloroquina. Os benefícios clínicos são parecidos, mas os efeitos adversos não. A hidroxicloroquina é considerada um pouco mais segura, com menos efeitos colaterais.

O termo de consentimento salienta que “não há, até o momento, estudos demonstrando melhora clínica dos pacientes com covid-19 quando tratados com hidroxicloroquina”.

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Sintomas leves e protocolo

Entre os sintomas leves listados pelo governo, estão coriza, diarreia, dor abdominal, febre, tosse, entre outros.

A aplicação indicada da cloroquina é de 450 miligramas a cada doze horas no primeiro dia. A mesma quantidade poderá ser usada a cada 24 horas do segundo ao quinto dia de tratamento.

O medicamento deverá ser usado junto com a azitromicina, com uma dose de 500 miligramas, uma vez ao dia, por cinco dias. Nos casos leves, não está prevista a internação do paciente.

Outra possibilidade de tratamento para sintomas leves indicada pelo protocolo é combinar a azitromicina com sulfato de hidroxicloroquina. A dose seria aplicada nos mesmos períodos da cloroquina, mas em uma quantidade menor, de 400 miligramas.

O protocolo também aponta o mesmo uso desses medicamentos para sintomas moderados, como tosse e febre persistentes.

Ministério quer evitar “autoprescrição”

Para a pasta, a “autoprescrição” de medicamentos “pode resultar em prejuízos a saúde e/ou redução da oferta para pessoas com indicação precisa para o seu uso”.

A cloroquina é um remédio usado para o tratamento de doenças como lúpus e malária. Alguns pacientes com lúpus temiam a falta do medicamento em razão de uma corrida em busca do medicamento.

O ministério indica que o protocolo foi feito “considerando a existência de diversos estudos e a larga experiência do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina” no tratamento dessas doenças. E diz que “não existe, até o momento, outro tratamento eficaz disponível para a covid-19”.

No texto, o Ministério da Saúde diz que, “até o momento, não existem evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a covid-19”.

O protocolo diz que “existem muitos medicamentos em teste, com muitos resultados sendo divulgados diariamente”. “E vários destes medicamentos têm sido promissores em testes de laboratório e por observação clínica, mesmo com ainda muitos ensaios clínicos em análise”.

“Contramão”

O protocolo seria uma “medida imposta na contramão das evidencias cientificas”, avalia o médico Evaldo Stanislau, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia. “Temos evidências que demonstram que não só não há benefício como há risco”, avalia.

“Não dá para gente usar essa droga agora. Não tem base científica. As sociedades brasileiras, todos os grandes e respeitados institutos científicos, com metodologia e baseados em estudos, evidenciaram que a hidroxicloroquina não traz benefício, mas risco”, comenta Stanislau.

Da Redação do Agenda Capital e UOL

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