Deputados de partidos que já indicaram voto a favor do impeachment, como o PSB e o PSD, tentam articular em suas legendas um movimento para aumentar o número de abstenções e impedir a aprovação da saída de Dilma Rousseff do governo.

A justificativa para não votar a favor do impeachment seria a de que a alternativa à presidente –o chamado “governo Temer/Cunha”, já que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, será o primeiro na linha de sucessão caso Michel Temer assuma a Presidência– seria pior do que a de deixar a petista no comando do país.

O movimento ganhou alento porque o placar de votos já declarados a favor do impeachment é considerado apertado.

De acordo com levantamento da Folha, 342 parlamentares chegaram a dizer oficialmente que vão votar pela saída de Dilma. É exatamente o número necessário para a admissão da abertura de processo contra Dilma. Ao longo do dia, o número caiu. Por volta das 21h, eram 339 os que afirmam apoiar o impedimento.

É exatamente o número necessário para a admissão da abertura de processo contra Dilma.

Apesar da onda a favor do impeachment e das contas alardeadas pela tropa de choque de Temer e de Cunha, de que eles já teriam o apoio de 360 deputados, até agora o placar oficial não indicou larga margem de votos contra a presidente.

Isso deu alento a parlamentares para lançarem esse movimento dentro de suas legendas para tentar reverter algum voto já declarado e mesmo facilitar que “indecisos” como os do PR, por exemplo, não pulem para o barco de Temer.

O slogan “nem Dilma nem Cunha” daria a esse grupo justificativa nobre para não optar por nenhum dos dois lados.

A ideia é que pelo menos 20 deputados se retirem do plenário, no domingo, alegando que não podem votar numa sessão presidida por Eduardo Cunha, que é réu no escândalo da Lava Jato. O peemedebista é acusado de receber recursos em contas no exterior.

Caso o movimento não consiga angariar pelo menos duas dezenas de apoiadores, ele deve ser abortado. “Ninguém vai querer ser mártir sozinho. Muitos têm um eleitorado que não entenderia uma posição de abstenção tomada isoladamente”, afirma um dos deputados que tentam consolidar o grupo.

Na atual conjuntura, movimentos de parlamentares que se opõem frontalmente a Cunha ou que têm interesses regionais que seriam contrariados com a vitória de Temer poderiam desequilibrar o placar pró-impeachment, tornando o resultado do domingo incerto e a guerra por votos, “sangrenta” no dia final, segundo dirigente partidário que acompanha o movimento de perto.

Fonte: Folha / Mônica Bergmo

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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