Imagem: Reprodução.

Por Miguel Lucena*

(Miguezim de Princesa)

I
O deputado ficou
Com o juízo esquentado,
Queria fechar o Supremo
Com o cabo de um machado
E disse que o careca
Iria ser degolado.

II
Gravou um vídeo enraivado
De lá do Rio de Janeiro.
Foi na Serra de Petrópolis,
Entre o frio e o aguaceiro,
Que o deputado bradou
Um pau de bater tempero.

III
Chamou Fachin de fraquinho,
Xingou Gilmar de beiçudo,
Disse que Tofolli de tanto
Beber se tornou papudo
E o ministro Morais
Era um homem cabeludo.

IV

  • Aqui quem manda sou eu,
    Já deixo o meu endereço,
    Quem quiser venha me prender,
    Não sabem da missa um terço
    E é hoje que eu viro
    O carnal pelo avesso!

V
Depois que o deputado
Fez todo esse carnaval,
Não caiu nenhuma bomba
No supremo tribunal,
Ele ganhou a visita
Da Polícia Federal.

VI
Chegou no IML,
Quis brigar com uma agente,
Quase que arranca o quepe
Da cabeça de um tenente
E dizia: “Sou deputado,
Ninguém é mais que a gente!”.

VII
Ele ficou deslumbrado,
Agitado e barulhento,
Pensou que a política era
Um muay thai violento,
Esqueceu que um deputado
É só um entre quinhentos.

VIII
Agora, contra o sistema,
Está preso e algemado,
Os próprios colegas tramam
Para deixá-lo isolado,
É porque quem deve teme,
Já diz o velho ditado.

IX
Dizem pelos corredores,
É capaz de ser cassado,
A mesa da Casa corre
Em um ritmo acelerado
Pra se livrar do incômodo
De abrigar o deputado.

X
E assim, depois que a Câmara,
Resolver a cassação,
Daniel pode pegar
Um cacete e um facão,
Um machado e uma peixeira,
E, nessa vida brasileira,
Chamar tudo de ladrão!

*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor

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