Por Miguel Lucena*

A tragédia de Janaúba, norte de Minas Gerais, com a morte que já chega a 10 crianças queimadas pelo vigia Damião Soares dos Santos, de 50 anos, é a medida da prioridade que o Estado brasileiro dá à Educação, vítima de eternas promessas não cumpridas.

O Estado – União, Governo de Minas Gerais e Município de Janaúba – designaram um alienado mental para prover a segurança da escola infantil Gente Inocente, no bairro Rio Novo. Todos sabiam do problema, mas a nomeação do vigilante era só para cumprir a exigência legal, para tapear a lei, sem que houvesse uma preocupação real com a segurança dos pequenos.

Conheci realidade semelhante na Bahia, no início dos anos 90. A presidente da Associação dos Professores Licenciados, Maria José Rocha, denunciava à época que o governo designava os servidores alcoólatras para serem vigias e porteiros das escolas públicas. Trabalhando bêbados, eles pegavam no sono e deixavam qualquer um entrar nos educandários. Como não havia computadores nesse tempo, os ladrões se especializavam em furtar carteiras escolares. As drogas começavam a fazer parte da vida dos estudantes, introduzidas por quem tinha livre acesso às escolas.

O sentimentalismo brasileiro vai ficar chorando, lamentando e fazendo cenas de consternação, mas é necessário exigir que o Estado pague pelo crime que permitiu ser praticado, ao nomear uma funcionário incapaz e temerário para segurança de uma escola infantil pública. Da pessoa que indicou ao governante que o nomeou, todos são responsáveis pela tragédia.

*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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