Dra. Sônia Brito, diretora e secretaria-substituta da SVS-MS

Eu tenho a sorte e o privilégio de estar aqui desde a criação da Secretaria de Vigilância em Saúde no ano de 2003 (Sônia Brito)

Por Delmo Menezes

Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco, especialista em Saúde Pública pela Fiocruz, mestre em Saúde Coletiva na área de concentração em Epidemiologia em Serviços de Saúde e servidora da Universidade Estadual de Pernambuco. Este é o perfil profissional da médica sanitarista Dra. Sônia Maria Feitosa Brito, atualmente diretora do Departamento de Gestão da Vigilância em Saúde (DEGEVS) e secretária-substituta da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde.

Dra Sônia Brito, diretora da DEGEVS/SVS/do Ministério da Saúde. Foto: Agenda Capital

Atuando desde 1996 como gestora em vários cargos no Ministério da Saúde, nesta entrevista exclusiva concedida ao Agenda Capital, Sônia Brito fala sobre o Departamento de Gestão da Vigilância em Saúde (DEGEVS/SVS/MS), a interface com a gestão do SUS e tripartite, no fortalecimento do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, e com alocação de recursos físicos e financeiros nas ações de Vigilância em Saúde.

 

Leia a íntegra da entrevista:

AC – Dra. Sônia me fale um pouco sobre o Departamento de Gestão da Vigilância em Saúde (DEGEVS) do qual a senhora é a responsável.

Dra. Sônia Brito – O departamento da DEGEVS é como se fosse um grande apoio ao gabinete da SVS. Ela faz uma interface com todos os outros Departamentos, e faz a integração também com a gestão do SUS, ou seja, com a gestão tripartite. Uma das principais funções deste Departamento é fazer com que as ações e as políticas que tem que ser negociadas e pactuadas com as diversas áreas da SVS, sejam articuladas. Eu coordeno por exemplo o Grupo de Trabalho (GT) de Vigilância em Saúde, que é um GT que apoia as decisões da comissão intergestores tripartite. Neste GT, são os gestores que decidem sobre as estratégias, as ações, os planos, as políticas públicas e o financiamento da Vigilância, com representação no Ministério da Saúde, Estados e Municípios. Este é um grande papel nosso aqui no Departamento. Um outro papel que nós desenvolvemos no âmbito da SVS, é estar na Coordenação-Geral de Desenvolvimento de Epidemiologia em Serviços (CGDEP), que tem como coordenadora-geral a Dra. Elizete Duarte. É uma Coordenação também estratégica e horizontal dentro da Secretaria de Vigilância em Saúde. Ela faz também articulação com todos os Departamentos da SVS para vermos principalmente quais são as demandas de Educação em Saúde, e de pesquisa nas diversas áreas de atuação da Secretaria. A CGDEP faz articulação com as instituições e o acompanhamento de pesquisas de desenvolvimento de capacitação, como mestrado, especialização, cursos de curta duração, para fortalecer o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. Um outro aspecto muito operacional é a articulação interfederativa. Nós coordenamos todo o processamento de cursos que vão de forma direta ou automática, ou de ações pontuais que a gente necessita fazer um reforço, a exemplo do que está acontecendo agora nos estados do Amazonas e Roraima, para fortalecimento de algumas ações que são necessárias para o repasse dos recursos pontuais.

AC – A sua Diretoria trabalha em conjunto com a Coordenação de Planejamento e Orçamento (CGPLAN) dentro da Secretaria de Vigilância em Saúde?

Dra. Sônia Brito – Sim, trabalhamos em conjunto com a Coordenação-Geral de Planejamento e Orçamento da SVS. A gente faz uma articulação direta e praticamente diária, para que os recursos   dessa ação orçamentária específica que é o incentivo financeiro para Estados, DF e Municípios, sejam repassados de forma automática e regular.

AC – Na Secretaria de Vigilância em Saúde a senhora é a secretaria-substituta. Como é o alinhamento das decisões junto aos escalões superiores?

“Eu tenho muito orgulho de estar a 15 anos na Secretaria de Vigilância em Saúde (Sônia Brito). Foto: Agenda Capital

Dra. Sônia Brito – Eu tenho a sorte e o privilégio de estar aqui desde a criação da Secretaria no ano de 2003. É uma honra e sempre um desafio muito grande de ser a secretária-substituta dos secretários que por aqui passaram. No decorrer desses 15 anos, a Vigilância em Saúde foi ampliando o escopo e aumentando sua complexidade. Eu faço isso pela segurança de ter secretários que sempre me apoiaram. O nosso atual secretário, Dr. Osnei Okumoto é uma pessoa com a qual eu tenho uma relação extremamente generosa além da confiança que ele tem por mim. Na Secretaria, é de fundamental importância termos uma articulação com os Departamentos e com o próprio Ministério, para que possamos dominar os assuntos e os temas que estão sob nossa responsabilidade. A Secretaria de Vigilância em Saúde é de uma amplitude muito grande, que vai desde as doenças transmissíveis até as doenças não transmissíveis.

AC – No âmbito da SVS como a Secretaria analisa o êxodo dos emigrantes na fronteira da Venezuela com Roraima?

Dra. Sônia Brito – Infelizmente a gente está vendo um momento muito difícil naquele país (Venezuela). Isso é quase natural que países que fazem fronteiras com a Venezuela como é o caso do Brasil, Colômbia e Peru, estejam recebendo estas pessoas. O que a gente tem que fazer é minimizar o sofrimento delas. Acho que este é o esforço que nós da Vigilância estamos fazendo.

AC – Como gestora, qual a sua avaliação sobre os recursos que estão sendo enviados para aquela região. São suficientes?

Dra. Sônia Brito – Se a agente conseguir fazer uma gestão mais articulada, um trabalho mais eficiente, integrado em conjunto com os órgãos e unidades envolvidos, (não somente o Ministério da Saúde), então teremos os recursos melhor aplicados. Vejo que o governo federal tem feito um esforço neste sentido, porém todos os entes federativos devem estar juntos. É um desafio muito grande você receber, 400, 500, 800 pessoas todos os dias, como se fosse em qualquer estado do país. Roraima é um estado pequeno, onde está o município de Pacaraima que faz fronteira com a Venezuela. Tem deficiência de estrutura gigante como saúde e segurança, dentre outros. O que a gente tem feito é tentar minimizar este sofrimento, seja da população local de Roraima (Pacaraima e Boa Vista), seja da população da Venezuela que está migrando para estas cidades. Por uma questão humanitária e de acordos internacionais, você tem que recebê-los e tratá-los bem, sem esquecer a população local, que é nosso dever protegê-los também. Acho que é um esforço que a gente está fazendo sempre articulado com todas as áreas do governo federal, estados e municípios.

 AC – Mesmo com a saúde debilitada, temos visto o seu esforço a frente da SVS. Como é ser gestora há tanto tempo nesta importante Secretaria do Ministério da Saúde?

Dra. Sônia Brito – Estou realmente com um problema sério de saúde, principalmente de articulação. É um problema ortopédico que envolve uma série de inflamações no quadril, e com isso tenho muita dificuldade de ficar sentada durante muito tempo, prejudicando o trabalho que estou realizando. O trabalho para mim também faz parte de uma terapia. Eu que estou aqui há 15 anos, desde a criação da Secretaria de Vigilância em Saúde, tenho um amor muito grande por tudo que a SVS representa ao longo desses anos. A minha vontade é que a Secretaria consiga fazer cada vez mais de uma forma mais eficiente, eficaz e mais coordenada. Isso me dá forças e as vezes eu exagero (dito pelos médicos), por isso que insisto. Acho que a Vigilância tem uma importância fundamental para definição das ações e diretrizes do modelo de atenção que a gente quer para este país. Ela contribui necessariamente com seus dados, com suas informações, com seus estudos de predição do que pode acontecer das doenças que estão aqui, e daquelas que poderão ressurgir e serem mais ampliadas.

Da Redação do Agenda Capital

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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