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Pesquisa do IBGE indica que renda ficou mais concentrada, problema que requer uma abordagem ampla

Por Redação*

A nova Pesquisa por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), do IBGE, referente a 2018, reflete o quadro indigente da má distribuição de renda no Brasil. Abrangente, por considerar todas as fontes de rendimento, a sondagem confirma a posição nada honrosa do Brasil como um dos 15 países mais desiguais.

Em um ano, de 2017 a 2018, o rendimento médio dos mais ricos subiu de R$ 25.593 para R$ 27.744, um crescimento de 8,4% – nada mau em um período de virtual estagnação econômica e de desemprego alto. E um mundo paralelo o dessa faixa da população.

Já no universo da renda mais baixa, os 5% mais pobres, a remuneração encolheu de R$ 158 para R$ 153, ou 3,2%. Quando a conjuntura econômica é auspiciosa, todos ganham, porém, o chamado topo da pirâmide costuma ganhar mais.

Só mesmo a conjugação de vários mecanismos perversos para gerar tanta iniquidade, considerando que, desde o início da redemocratização, em 1985, a palavra-chave dos governos é “social”. Inúmeros programas e planos foram lançados para resolver ou equacionar a questão “social” brasileira. Em vão, como demonstram as pesquisas.

Nos ciclos tucano e lulopetista, aplicaram-se políticas de valorização do salário mínimo. Sem desconsiderar efeitos perversos no lado fiscal da economia decorrentes do reajuste do salário básico acima da inflação, alguns sinais de melhoria no aspecto distributivo foram observados. Déficits fiscais crescentes, porém, voltam-se contra os pobres, pois são eles que em maior proporção perdem fontes de rendimento nas crises provocadas pela falta de controle das contas públicas. E o que aconteceu a partir de 2014.

Não é desprezível, nas iniquidades, a contribuição do ensino público básico, principalmente o médio, de baixa qualidade. O Brasil já começa a perder seu bônus demográfico – população mais jovem maior que a mais idosa, sem conseguir qualificar as novas gerações para ajudar no crescimento da produtividade na economia. O país corre o risco de ficar velho e não chegar a ser rico, ficar estacionado na renda média.

Só mesmo um conjunto de fatores pode explicar como se chega a uma situação como a detectado ano após ano por pesquisas do IBGE.

Está comprovada a relação entre nível de instrução e salário. Se ela é precária para a maioria da população, já fica estabelecido desde que a criança entra na escola um desnível entre faixas sociais que tende a permanecer o resto da vida.

O tratamento privilegiado que o funcionalismo público tem na aposentadoria em comparação com o assalariado da iniciativa privada é outro mecanismo de concentração de renda.

Portanto, a Pnadc precisa ajudar a difundir a ideia de que má distribuição de renda não será combatida por simples atos pontuais de vontade de governantes, mas quando houver um programa de políticas múltiplas para isso.

*Com informações do jornal O Globo

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