Rollemberg em reunião com distritais. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Por Hélio Doyle via Contexto Exato

A Câmara Legislativa pode prestar dois grandes serviços aos brasilienses, ainda que essa não seja sua prática rotineira: manter o veto do governador Rodrigo Rollemberg ao projeto do deputado Chico Vigilante que estabelece eleições e mandatos de quatro anos para os administradores regionais; e rejeitar liminarmente o projeto do governador estabelecendo que os administradores serão eleitos diretamente a partir de 2022.

São dois projetos oportunistas, demagógicos e nocivos para Brasília. A discussão sobre o assunto é importante e o processo de nomeação de administradores regionais deve mudar, mas não em ano eleitoral, sem debate com a população e com governador e distritais em fim de mandato. Essa discussão tem de ser levada à sociedade e não pode se limitar ao método de escolha dos chefes das administrações regionais — é muito mais profunda.

O governador levou três anos e um mês para apresentar o projeto de eleição direta dos administradores, promessa feita pelo então candidato Rodrigo Rollemberg. Nesses três anos usou as administrações como moeda para negociatas políticas com distritais, entregando a eles a indicação dos administradores e dos ocupantes de cargos comissionados. Não teve qualquer preocupação com a eficiência das gestões e com a boa prestação de serviços à população. Agora, no fim da gestão, apresenta o projeto para não dizer que não cumpriu a promessa eleitoral. Mas para vigorar em 2022…

Em 16 de maio de 2016 escrevi em minha coluna no Jornal de Brasília:

“A participação da comunidade na escolha de administradores regionais é fundamental. O que não pode é continuar o velho sistema de sempre: as administrações entregues a deputados distritais e a outros políticos como moeda de troca. A sociedade, por isso, tem de discutir intensamente qual a melhor maneira de assegurar essa participação da comunidade. Já que o Distrito Federal não tem municípios e prefeituras, a fórmula a ser adotada terá de ser inovadora.”

” O primeiro debate tem de ser sobre o que deve ser uma administração regional, qual o seu papel, como deve se organizar, como se relaciona com as secretarias e empresas públicas e que território deve abarcar. Esse, obviamente, precede a discussão sobre a eleição do administrador.” (ambos os trechos estão em meu livro Assim é a Velha Política)

Nem os distritais no último ano da legislatura nem o governo no último ano de mandato têm legitimidade para estabelecer o que vigorará para os futuros ocupantes da Câmara Legislativa e do Buriti. Esperaram três anos, um ano a mais não fará diferença. Podem continuar com o toma lá dá cá até dezembro.

Da Redação com informações do Contexto Exato

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here