Raimundo Ribeiro, advogado e ex-deputado distrital. Foto: Reprodução

Por Raimundo Ribeiro*

Atento à tudo que está acontecendo no Brasil, como ministro da saúde humilhado publicamente antes de ser demitido no auge da maior pandemia mundial, outro, pedindo demissão afirmando que seu chefe teria cometido inúmeros crimes e ele era ministro, da JUSTIÇA, outros defendendo que os órgãos não devem ter controle, outros “condenados” por terem relações pessoais com governantes, veículos de comunicação DESINFORMANDO e MENTINDO porque as entorpecentes verbas publicitárias minguaram, instituições outrora sacrossantas se transformando em santuário de pau oco após revelações profiláticas numa velocidade a jato, busco entender esse pandemônio com lições do passado.

Inicialmente, me vem à memória a imagem de Stanislaw Ponte Preta, mas seu resgate serve para constatar que, vivo, teria fonte inesgotável para sua obra FEBEAPÁ. 

Lembro também de Nelson Rodrigues que nos brindou com “os idiotas perderam a modéstia”, mas lembro principalmente das lições do Professor. Um maranhense da cidade de Barra do Corda, que em 1957 saiu do Rio de Janeiro para dirigir a primeira revista da nova capital, a revista Brasília.

Somente 20 anos depois nossos caminhos se cruzaram quando fui trabalhar no MEC e ele se tornou meu chefe. 

Generosamente compartilhava com todos sua cultura e sabedoria. Com seu jeito próprio (diria até único) de nos ensinar, de nos respeitar e de nos tratar, esse chefe logo se transformou em líder para rapidamente virar ídolo.

Com o tempo, nossa amizade se estreitava e minha admiração crescia.  Convergíamos em muitos temas e discordávamos noutros. Por exemplo, ele admirava Lacerda enquanto eu gostava de Brizola.

Ele deixou que os 02 filhos torcessem para Vasco e Botafogo, enquanto ele desfrutava do prazer de ser Fluminense (nisso estávamos de acordo) mas podia ser pior né!

Com o tempo, nossa amizade se fortalecia a ponto dele, já viúvo de dona Aimée me convidar para ser padrinho do seu segundo casamento com dona Nini; com a intimidade que nossa amizade permitia, brinquei que ele me convidara para ser “Damo de Honra”;

Claro que ele me deu uma enorme bronca, mas ele podia. Essa mesma intimidade me permitiu brincar ao visitá-lo no hospital ao ser operado de próstata. Outra bronca.

Lembro que quando assumi a ASMEC, ele foi o meu mais ilustre conselheiro, como foi também quando assumi a Secretaria de Justiça do DF.

Me perdoem tantas lembranças, mas serve para recordar inúmeros ensinamentos que tive o privilégio de receber do Professor.

Aqui destaco alguns:

Filhinho, o poder estará sempre te rodeando, mas não goste dele, pois no dia que gostar, ele te escravizará e você perderá sua essência“;

Filhinho, quer conhecer o vilão, dê-lhe o poder na mão“;

O poder não corrompe; revela“;

É PROFESSOR, quanta falta o senhor faz nos tempos atuais.

Era também advogado, jornalista e escritor, mas sempre foi mais Professor;

Nesta altura vocês já sabem de quem falo; quem é o Professor. Trata-se daquele que tem o nome mais brasileiro que alguém pode ter; Raimundo Nonato da Silva, Professor Nonato. Professor de milhares de pessoas, e desculpem a falta de modéstia, mas sou uma delas. 

Professor, sua falta sempre será sentida por quem teve o privilégio de privar de sua amizade, mas neste momento tão conturbado, suas lições, permanecem atuais, e rogo a Deus que o seu resgate sirva para iluminar  as mentes dos brasileiros,  principalmente dos governantes,  para que possamos sair desse teatro de horrores  e possamos reencontrar a vocação histórica do nosso país. 

*Raimundo Ribeiro –Advogado- OAB/DF nº 3.971; Ex-secretário de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do DF; Ex-deputado distrital. Colunista do Agenda Capital e “Aluno do Professor”

(As opiniões dos nossos colunistas não refletem necessariamente a linha editorial do Agenda Capital)

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here