Com aproximação do Natal, barracos se amontoam pelo DF. Foto: Reprodução

Por Miguel Lucena*

Às vésperas do Natal, famílias miseráveis, oriundas de outros estados, montam suas barracas de lona em diversos pontos de Brasília à espera da caridade alheia. Corre pelo Brasil que, nesta época do ano, os brasilienses se tornam mais generosos, repartindo o pão com quem precisa.

Não é, a meu ver, um fenômeno de Brasília a doação, nesta época, de um volume maior de esmolas aos que estão abaixo da linha da pobreza. No entanto, a fama de generosidade do Distrito Federal é maior que a dos demais estados da Federação.

Um governante de esquerda, preocupado com o aumento do número de pedintes pelas ruas do DF, promoveu a campanha de substituir esmolas por cidadania, sem dizer como o cidadão comum iria ensinar profissões e arranjar trabalho para quem vive ao léu.

Não sou adepto das esmolas, mas defendo a caridade como princípio. Entendo que, mesmo caído, o ser humano precisa ser respeitado, por isso quem resolver atender o pedido do esmoler deve fazê-lo sem humilhação.

Há pessoas que, fingindo ter sentimento humanitário pelo semelhante, concedem a esmola em forma de humilhação, dizendo ao pedindo como gastar o dinheiro: “Não vá tomar cachaça, está ouvindo?”, e assim acabam de espezinhar o miserável.

O ideal é que todas as pessoas conseguissem um lugar ao sol, mas há muitos que não aceitam as regras da vida, os compromissos familiares e sociais, os costumes e as leis. Preferem sair pelo mundo afora, alegando tragédias, mágoas e ressentimentos, mas no fundo carregam um egoísmo extremo, largando para trás pais, irmãos, filhos e netos.

Marxistas e cristãos se opõem em quase tudo, especialmente no que se refere ao Reino do Céu e à caridade. Sem entrar no mérito do confronto, digo, por experiência própria, que a sociedade estaria muito pior se não fossem os milhares de voluntários que socorrem diariamente os que mais precisam e vivem em comunidades pobres, a exemplo dos que, tirando às vezes de onde pouco têm, enchem o coração de alegria ao ver uma criança sorrir diante de um boneco do olho arranhado.

*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista, escritor e colunista do Agenda Capital

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