Osnei Okumoto. Foto: Agenda Capital

Osnei Okumoto fala ao JBr sobre o desafio de ter reassumido a pasta da Saúde e adianta as ações que serão tomadas quando houver vacina.

Por Redação*

Depois de 05 meses afastado da secretaria de Saúde do Distrito Federal e presidindo a Fundação Hemocentro de Brasília (FHB), o farmacêutico Osnei Okumoto volta às pressas ao comando da pasta depois da prisão de ex-secretário Francisco Araújo e de mais cinco dirigentes do órgão. Okumoto não nega que ficou assustado com a situação, mas disse que encarou como mais uma missão, e agora quer olhar para a frente e colocar a casa em ordem.

Com a redução dos casos de coronavírus no Distrito Federal, o secretário informou que é preciso além de tratar as vítimas da pandemia cuidar dos pacientes que possuem outras doenças e que ficaram longe dos hospitais, mas que necessitam de tratamento.

No momento Okumoto está montando a sua equipe. Com relação ao coronavírus, o secretário acredita que o pior da pandemia já passou, mas alertou para importância de continuar se cuidando e evitando aglomerações.

Com relação a uma vacina contra o coronavírus, o secretário acredita que ela estará pronta em 2021 e que será destinada aos que não tenham sido contaminados.

Leia a íntegra da entrevista:

Secretário, após 5 meses no comando do Hemocentro, como como é voltar agora a SES-DF em plena pandemia e com os ex-administradores enfrentando problemas com a Justiça?

Tivemos várias conquistas na secretaria de Saúde, principalmente na integração com os 35 mil servidores. Procurei visitar todas a unidades e trazer essa confiança. Leva um certo tempo para que as pessoas possam entender as ideias do secretário. Saí no início da pandemia, não por medo da pandemia, porque eu fui secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, cuidei de quatro epidemias, duas grandes e duas localizadas. Foram sarampo, febre amarela, raiva, Pará e Toxoplasmose, em Santa Maria. Estive em todas essas localidades e ajudei a montar os laboratórios para diagnóstico. Então eu estava preparado para a pandemia daqui também. Devido a um problema de saúde na família tive que sair. Estava cansado também, e por isso deixei a Secretaria.

O senhor ficou assustado de voltar a comandar a pasta num momento tão delicado?

A pandemia não assustou porque eu já vinha acompanhando. Mas a situação realmente me assustou bastante e o que a gente precisa fazer agora é cumprir a missão de atender a população, de fazer o sistema de saúde voltar ao normal. Naqueles pacientes que não foram aos hospitais durante a pandemia as doenças existentes se tornaram crônicas e eles precisam ter um atendimento. A gente vai retornar para os hospitais, para as Unidades Básicas de Saúde (UBS), para as Unidades de Pronto Atendimento (UPA).

Há uma preocupação grande também com as pessoas que ficaram em casa por muito tempo, com as que tiveram covid. Muitas estão com o emocional muito abalado, vão precisar de acompanhamento de psicólogos de psiquiatras. Foi observado um aumento das necessidades nessas especialidades. Estamos organizando tudo para receber esses pacientes novamente.

A rede de atendimento sairá da pandemia em melhores condições devido aos equipamentos adquiridos para atender aos casos de coronavírus?

Esses equipamentos ficarão para o atendimento em UTI, será um legado. Mas como eu gosto de alertar, e já disse ao governador, temos um grande número de UTIs, mas também temos um grande número de pacientes. Todo paciente do entorno que precisa de UTI recorre a Brasília porque lá não tem. É preciso organizar o atendimento de UTIs e de terapias de cuidados intermediários, que são utilizadas para atender, por exemplo, pacientes que saem de uma cirurgia, não precisam de ir para a UTI, mas precisam de cuidados intermediários.

Neste seu retorno, o senhor fez ou está fazendo alguma mudança na Secretária, na equipe?

Estamos fazendo inúmeras mudanças. Eu deixei a Secretaria numa configuração que atendia as minhas necessidades e agora estou realizando mudanças. A identificação da equipe, a cumplicidade é muito importante. Saiu a nomeação do subsecretário de Administração Geral (Suag), que é o coração do Departamento de Acompanhamento de Contratos Convênios. A Suag trata de todos os processos de aquisição, faz empenhos, é um local muito sensível, onde temos que ter uma pessoa especial. Convidei para esta subsecretaria o coronel Sérgio Cordeiro. No ano passado eu o nomeei para a direção do Hospital de Brazlândia. O coronel fez um excelente trabalho lá e agora o convidei para assumir a Suag da Secretaria. Ele também comandou a Suag do Hospital da Polícia Militar. Outra pessoa que trouxe para a equipe foi Beatriz Gautério, que assumirá a secretaria adjunta de gestão.

Já existe um plano de vacinação para quando a vacina contra a covid-19 chegar ao DF?

Normalmente a produção de uma vacina leva em média de um ano e meio a dois anos. Eu era responsável por comprar os seis bilhões de vacinas do Ministério da Saúde, então tive contato com todos os fornecedores de vacina do mundo, conheço as particularidades de cada uma dessas indústrias, da China, da Índia, dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França. Para que se adquira uma vacina ela deve ser segura e eficaz e, para isso, é preciso passar por todas as análises necessárias. Portanto a produção de uma vacina leva em torno de dois anos.

Na atual circunstância do novo coronavírus, as indústrias estão tentando produzir uma vacina um pouco mais rápido. Efetivamente a vacina vai estar pronta para todo mundo no meio do próximo ano. Mas ainda não estamos falando sobre grupos prioritários para recebê-la, mas o que a gente já tem de informação é que as pessoas que tiveram o coronavírus não são indicadas a receber a vacina porque elas já têm o anticorpo IGG, que é quem dá imunidade.

Então as pessoas que não tiveram a covid é que deverão receber a vacina. Se a pessoa já possui anticorpos IGG não precisa tomar a vacina para produzir mais desses anticorpos. E a vacina têm as suas reações adversas. Pode causar uma síndrome de Guillain Barré, por exemplo, que é uma doença autoimune estimulada pelo antígeno da vacina. Isto pode acontecer quando se produz um número muito grande de anticorpos e esses anticorpos começa a atingir os músculos respiratórios e os das pernas, podendo levar a uma paralisia e a morte. As pessoas que já estão imunizadas não têm a necessidade de receber a vacina.

O senhor acha que o pior da pandemia já passou?

Creio que sim. A gente já observou uma queda agora. Eu tinha essa previsão de que o platô seria muito prolongado. Mas apesar de o pior já ter passado, as pessoas têm de continuar tomando cuidado, utilizando máscaras, lavando as mãos, utilizando álcool gel, buscando não se aglomerar. É preciso ter consciência que todas as medidas de higiene devem continuar sendo adotadas. As pessoas fazem festas, churrascos e os mais jovens levam os vírus para casa, infectando pais e avós, pessoas que realmente são do grupo de risco.

*Com informações do JBr

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