O PMDB realiza neste sábado (12), sua convenção nacional em meio a muitas incertezas sobre o cenário politico do País. Terá nos discursos o tom do desembarque do governo Dilma, bem como de apoio ao impeachment. Porém há um consenso entre os caciques do partido de que é mais prudente não aprovar nenhuma moção formal neste momento, para preservar a união interna que está em construção. Não faria politicamente sentido aprovar resoluções no partido que constrangessem alas que Temer tenta atrair, uma vez que nem o calendário do processo de impeachment está pronto. Temer não quer repetir os erros de dezembro.

A tendência é que o maior partido brasileiro, não faça grandes anúncios e tampouco escreva cartas bombásticas. Após a definição final do calendário do impeachment poderemos ver mais contundência nas ações e declarações. Este será o momento em que o assunto ganhará tração e as posições serão mais importantes e necessárias.

O silêncio muito barulhento do PMDB-RJ na semana passada, quando da condução coercitiva de Lula para depor, o cancelamento da agenda pública de Michel Temer e consequente aumento de conversas com interlocutores, aliados, e especialmente com Renan Calheiros, foram sinalizações importantes de que o PMDB avalia e negocia seu futuro e seus posicionamentos com relação ao governo Dilma e ao processo de impeachment.

Senado

renan-com-temerSe o PMDB da Câmara segue em compasso de espera, o do Senado atua mais abertamente. Declarações de Eunício Oliveira e Romero Jucá dão conta de uma evidente mudança de posicionamento. Já Renan Calheiros, fiel ao seu estilo, ainda testa os cenários ao tomar café da manhã com Lula e jantar com o PSDB. Renan sabe da importância de seu apoio para as pretensões de Temer, e não o vai entregar nem no momento errado, nem sem uma série de acordos políticos que o beneficiem.

Para que se entenda, sinalizações de Renan de que o impeachment poderia ser aprovado no Senado joga gasolina na fogueira da Câmara. Deputados que hoje se dizem contrários ou indecisos, seguem este raciocínio: “porque eu vou tomar risco e aprovar o impeachment na Câmara se o Senado vai rejeitar?” Uma mudança de posição do PMDB do Senado, portanto, tem muito peso.

Câmara

O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, é outro parlamentar que testa o clima interno na bancada e no mundo político. Em conversas com parlamentares do PMDB é evidente a preocupação dos até então pró-Dilma de ficarem em minoria interna. A ala pró-impeachment tem crescido, e Picciani, para seguir líder da bancada e para poder estar em condições de disputar a Presidência da Câmara, não pode ficar sujeito a um desequilíbrio interno que o desfavoreça. Intensas negociações têm sido feitas, mas o PMDB da Câmara é afetado pelo mesmo calendário – ou pela falta dele – que é o do rito do impeachment. Picciani apesar de jovem é um político prudente, portanto, espera, por saber que declarações e decisões intempestivas só colocariam mais pressão no processo de impeachment. Ao PMDB não interessa ver conturbações e exacerbações políticas ou sociais no país.

Michel Temer

micheltemerO vice-presidente Michel Temer enxerga no seu horizonte a chance de ser Presidente da República. Ele sabe que se conseguir uma união interna no PMDB, suas chances aumentam enormemente. Conhecedor do parlamento como poucos, sabe que uma debandada – na hora certa – do seu partido, inevitavelmente arrastaria boa parte dos partidos de centro que compõem a base aliada de Dilma. Hoje não é o PT quem segura a presidente no cargo, mas sim o PMDB.

Ele também sabe que precisará enormemente do seu partido para governar. Se virar mesmo Presidente, Temer sabe da enorme dificuldade que será formar um governo de coalizão e união nacional, e depois compor uma base aliada que lhe garanta aprovação mínima de projetos que recuperem a economia. Há a avaliação no seu entorno de que uma melhora no clima político já traria reflexos positivos para a economia, mas isso por si só não resolve os graves problemas econômicos do País.

Caso venha a ser presidente, se usar mesmo o documento “ponte para o futuro” como norte político para seu eventual governo, ele deve ter a exata noção de que pontes são obras demoradas e necessitam de bases sólidas. Conseguirá algum governante, nesse cenário político pulverizado e com este parlamento construir essa base sólida?

O Congresso Nacional vai fazendo seus cálculos semana-a-semana, a política não tem oferecido horizonte de avaliação e tomada de decisões mais elástica que isso. A política assim se move lateralmente, esperando e medindo os cenários que terão mais tração no próximo período. As articulações nos bastidores estão intensas, com certeza todos estão de olhos abertos em torno das manifestações politicas previstas para este domingo em todo País.

Da Redação do Agenda Capital

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