Operação investiga o pagamento de propina feito por empresas a médicos ortopedistas que realizam cirurgias de coluna e de quadril em hospitais particulares. Em alguns casos, procedimentos são feitos sem necessidade. Um servidor da Secretaria de Saúde está envolvido

A poeira da Operação Drácon, que investiga distritais em um suposto esquema de corrupção, ainda nem assentou e uma outra ação policial mira desvios de recursos da saúde. A Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) deflagrou, nesta quinta-feira (1°/9), uma investida para desarticular um esquema criminoso envolvendo cartel formado por hospitais, médicos e empresas fornecedoras de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs).

Estima-se que cerca de 60 pacientes foram lesados em 2016 somente por uma empresa. O esquema movimenta milhões de reais em cirurgias, equipamentos e propinas. Segundo a Polícia Civil, o grupo tentou matar um paciente que ameaçava denunciar a quadrilha, deixando um arame de 50 cm na jugular dele. Além disso, há casos de cirurgias sabotadas para que o paciente fique sendo operado e gerando lucro para o esquema, utilização de produtos vencidos e troca de próteses mais caras por outras baratas.

Nas primeiras horas da manhã, agentes foram às ruas para cumprir 21 mandados de busca e apreensão, 12 mandados de prisão (sete temporárias e cinco preventivas) e quatro conduções coercitivas (quando a pessoa é obrigada a depor) em várias regiões do DF, como as asas Sul e Norte e o Lago Sul. Um dos mandados tem como alvo o Hospital Home, na 613 Sul (foto de destaque). Um coordenador da Secretaria de Saúde também é alvo da operação.

Autorizada pela 2ª Vara Criminal de Brasília, a operação é uma parceria com as promotorias de Defesa da Vida (Provida) e de Proteção ao Sistema de Saúde (Prosus) do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Vinte e um promotores participam da ação.

Cofres e dinheiro
Na casa dos envolvidos, a polícia apreendeu cofres e dinheiro. Na residência de um médico foram localizados R$ 50 mil em espécie. Outros R$ 100 mil estavam no imóvel de outro alvo da operação. Além de reais, os agentes encontraram 90 mil em dólares e euros.

Organização criminosa
A Operação Mister Hyde — em alusão ao filme de terror “Dr. Jekyll and Mr. Hyde” — investiga o pagamento de propina feito por empresas fornecedoras a médicos ortopedistas que realizam cirurgias de coluna e de quadril em hospitais particulares. Em alguns casos apurados pela investigação, os profissionais chegam a lesionar os pacientes para tornar necessária a utilização de placas e fios de titânio durante as operações.

Quanto mais materiais caros usados nas cirurgias, maior a propina recebida pelos médicos, que chegam a lucrar até 30% a mais sobre o valor pago pelos planos de saúde pela operação.

“Uma verdadeira organização criminosa se formou ao redor da doença das pessoas. Esse esquema conta com a participação de médicos, hospitais e as empresas que vendem os materiais. As fornecedoras pagam propina para terem seus produtos usados pelos médicos. São eles que escolhem quais materiais querem usar durante a intervenção cirúrgica. Quem não paga não vende e acaba engolido pelo cartel”, explicou uma fonte ouvida pelo Metrópoles.

Além dos pacientes, que correm risco de sofrer sequelas provocadas pelas lesões intencionais, o outro alvo do esquema são os planos de saúde, que acabam pagando mais caro por uma cirurgia que não necessitaria de órteses ou próteses. A propina geralmente é paga por depósito nas contas dos médicos ou então entregues em espécie nas proximidades dos hospitais onde ocorrem as cirurgias.

Alvo da operação Mr. Hyde, o Hopital Home foi citado pela CPI da Saúde do Distrito Federal como uma das cinco empresas que terão seus sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados. Elas teriam sido beneficiadas com o repasse de recursos liberados após acerto de suposto pagamento de vantagem a deputados distritais, no escândalo do bonde da propina. O Home teria recebido R$ 5 milhões em emendas.

Confira os números da operação:

  • 21 mandados de busca e apreensão
  • 12 mandados de prisão (sete temporárias e cinco preventivas)
  • Quatro conduções coercitivas
  • Sete médicos e um servidor da Secretaria de Saúde estão entre os alvos
  • Prisão de dois sócios da empresaTM Medical
  • Condução coercitiva de um diretor do Hospital Home
  • 240 policiais civis, entre delegados e agentes
  • 21 promotores do MPDFT
  • 21 agentes de segurança do MP

Aguarde mais informações

Da Redação com informações Metrópoles

3 COMENTÁRIOS

  1. A Polícia Civil inoperante resolveu trabalhar? Estão querendo créditos na operação, mas só estão cumprindo ordem judicial. Quem teve a coragem de denunciar essa máfia é quem merce os créditos e além do mais a PC está muito mole, pq isso é só a pontinha do iceberg. Faça uma devassa na SES/DF e nos hospitais particulares pq tem mais médicos envolvidos nessa máfia e deveriam estar na cadeia!

  2. A coisa está cada dia mais difícil,só Deus para interceder por nós,agora estão lesando as classes médias e alta,que possui convênio ou pg pelo tratamento.

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