Plenário da Câmara dos Deputados

“Nós trabalhamos para formar o bloco e não deixar a mão de Bolsonaro se impor na Câmara”, disse o presidente do PDT, Carlos Lupi

Por Redação

BRASÍLIA – Com os partidos de escolha prestes a embarcar em uma candidatura chancelada pelo presidente da Câmara , Rodrigo Maia ( DEM -RJ), o deputado Arthur Lira ( Progressistas -AL), nome do Palácio do Planalto para uma disputa pelo comando da Casa, adotou a estratégia de abordar individualmente parlamentares, na tentativa de garantir os votos da esquerda. A aposta de Lira, agora, é que a votação secreta o ajude a ganhar o apoio de “infiéis” dispostos a contrariar a orientação de suas legendas e definir a seu favor a eleição marcada para 1 ° fevereiro de 2021.

O PDT confirmou na terça-feira, 15, o apoio ao candidato do grupo de Maia e outros partidos de candidatura, como o PT , o PCdoB e o PSB , que devem aderir à campanha do candidato escolhido por ele. “Hoje, dentro do nosso bloco, existem dois nomes: Baleia Rossi ( MDB ) e Aguinaldo Ribeiro (Progressistas)”, afirmou o presidente da Câmara, indicando que a competição agora está entre os dois deputados, nessa ordem de preferência.


A eleição de fevereiro também vai renovar o comando do Senado . Uma nova rodada de conversas está marcada para esta quarta-feira, 16, quando é possível que seja anunciada a ampliação do bloco parlamentar de apoio ao candidato patrocinado pela Maia, atualmente formado por DEM, MDB, PSDB , PSL , Cidadania e PV . Se conseguir unir os partidos da esquerda, o nome com a bênção do presidente da Câmara somará quase 290 votos – são 513 deputados. O PSOL também vem sendo pressionado para desistir da candidatura própria.

“Nós trabalhamos para formar o bloco e não deixar a mão de Bolsonaro se impor na Câmara”, disse o presidente do PDT, Carlos Lupi , numa referência à entrada do presidente Jair Bolsonaro no embate do Legislativo. “Bolsonaro quer testa de ferro para cada vez mais manipular direitos civis da sociedade.”

A oposição, sozinha, tem aproximadamente 130 deputados e é vista como o “fiel da balança” na eleição para o comando da Câmara. Na tentativa de superar a condição de “candidato de Bolsonaro”, Lira abriu negociação com a esquerda há meses, com promessas sob medida para cada sigla e também para parlamentares, incluindo uma liberação de emendas, entrega do comando de comissões importante, revisão da cláusula de barreira e defesa da classe política como contraponto à Operação Lava Jato .

Líder do Centrão , Lira tem o respaldo de nove partidos, que somam 170 deputados, e vai rivalizar com um aliado de Maia. Sua aposta é a de que o trabalho iniciado há dois anos o ajude a conquistar votos individuais.

Com 54 deputados, a bancada mais cobiçada da eleição, a do PT, também está dividida e pode ter defecções. Para ganhar votos petistas, Lira acena com uma pauta anti-Lava Jato, indicar que, se for eleito, dará todo apoio para barrar decisões do Supremo Tribunal Federal de cassação de mandatos. Além disso, promete entregar a presidência de comissões importantes ao partido, mas nega negociações fisiológicas.

“Como candidato, tenho a obrigação de conversar com todos os líderes e partidos. Não há qualquer tratativa em relação a projetos referentes a Ficha limpa ou indicação de cargos”, disse.

Na semana passada, Lira teve o apoio explícito dos deputados do PSB Felipe Carreras (SE) e João Campos , prefeito eleito do Recife . Em seguida, porém, a cúpula do partido decidiu vetar o apoio ao candidato ao presidente Jair Bolsonaro. “Não é um veto a Lira pessoal, mas ao candidato do Palácio do Planalto”, disse ao Estadão o presidente do PSB, Carlos Siqueira .

A decisão da legenda foi tomada em reunião virtual com 80 participantes, dos quais nenhum se mostra diferente. “Bolsonaro quer um candidato escolhido do grupo da Maia, que é totalmente a favor da agenda econômica, porque quer pautas de fantasias, armamento, etc”, observou Siqueira, dizendo que o PSB vai ingressar num bloco de centro-esquerda.

A orientação, no entanto, não deve ser suficiente para unir os 31 deputados do partido. Uma parte da bancada se tornou o cabo eleitoral do líder do Centrão após negociar a liberação de emendas com o Planalto, como revelou a reportagem. Em reunião na semana passada, esse apoio foi explícito.

Felipe Carreras chegou a levar colegas de partido para reuniões no Planalto. “(Que) Fique claro: sou partição ao governo. Mesmo o voto sendo secreto, tenho candidato a presidente da Câmara: Arthur Lira”, escreveu ele em uma rede social.

Com informações do Estadão

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