“A falta de aprendizado sobre temas políticos pode ser a maior razão pelas quais os jovens brasileiros apresentem baixo interesse em debates e envolvimentos nas questões de ordem pública e política”, diz Daniel Leite

Por Daniel Leite*

Todos já ouvimos expressões do tipo: política é um assunto chato, não é campo para discussões ou, ainda, que é coisa para pessoas mais experientes que já fazem parte do meio.

Analisando essas expressões sob a perspectiva de que “o homem é produto do meio”, podemos notar que, em geral, essas afirmações são proferidas por pessoas que não tiveram a oportunidade de conhecer a fundo seus direitos e deveres, apenas lhes foram apresentados as obrigações inerentes ao ato de votar. Cidadãos que, em períodos eleitorais, talvez motivados por barganhas baratas, oferecem seus votos a representantes que não se preocupam com as reais necessidades de seus eleitores e da sociedade em geral.

A falta de aprendizado sobre temas políticos pode ser a maior razão pelas quais os jovens brasileiros apresentem baixo interesse em debates e envolvimentos nas questões de ordem pública e política. Olhando o contexto social, a apatia do jovem sobre esse assunto torna-se esclarecida, primeiro pela formação familiar, pois em lares mais desprovidos, os pais ou responsáveis não têm condições intelectuais de oferecer informações e promover entusiasmo sobre a matéria.

Outro aspecto que merece destaque, é o ambiente escolar que deveria, desde as series iniciais, viabilizar o ensino sobre os direitos fundamentais já garantidos pela Constituição Federal. Ainda nessa perspectiva, vemos uma minoria isolada que, ao contrário das classes mais altas, sofre as serias consequências da falta de informação sobre assuntos diversos, inclusive, aqueles inerentes à dignidade da pessoa humana. 

As camadas mais privilegiadas da sociedade estão em outro nível de conhecimento e, por isso, com mais facilidade conseguem incorporar seus integrantes nas engrenagens do poder, seja pelo sistema político ou pelo meio empresarial, pois entendem a importância de educar politicamente, socialmente e economicamente seus entes.

A única solução para romper com essa barreira cultural tão padrão é conceder e impulsionar o acesso à informação como solução para resolver as desigualdades sociais e, dessa forma, revolucionar ações pela busca de igualdade e luta por ocupação de lugares que hoje são ocupados por pessoas sem compromisso com o crescimento social. À exemplo, temos a luta das mulheres que a cada dia se fortalece e ganha espaço nas demandas individuais e coletivas graças à compreensão e ampla divulgação sobre seus direitos e deveres enquanto cidadãs. 

Não existe fórmula mágica para interromper essa cultura segregadora, o que se deve fazer é investir e despertar nos jovens o interesse de aprender e desenvolver o raciocínio crítico sobre questões que permeiam a sociedade em conteúdos diversos, privilegiando a luta por igualdade e inclusão nos diversos meios da organização da sociedade.

*Daniel Leite – Bacharel em Ciências Jurídicas pela UCB/DF; especialista em serviços jurídicos Notarial e Registral; atual gerente administrador do Taguaparque e gerente de Políticas Sociais da Administração de Regional de Taguatinga.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here