Em qualquer análise de problemas, a incerteza é uma variável a ser considerada. Isto é marca histórica do momentos de crise mundiais. Após um momento ruim, virá um melhor, que precederá outro ruim, e assim por diante.

Se observarmos dados do passado, veremos que esta é uma tendência inquestionável. Crises acontecem, não obstante o seu motivo gerador, e depois de certo tempo, alcançam uma fase de melhoria. Óbvio que este processo é complexo e depende de muitas variáveis correlatas tais como desempenho macro econômico, cenário político e social, tragédias da natureza, etc.

Mas quanto tempo dura, de verdade, uma crise?

Um estudo realizado nos Estados Unidos pelo NBER – National Bureau of Economic Research de Cambridge, avaliou os períodos de ciclo da economia americana entre 1854 e 2009. A análise levou em consideração momentos de contração (duração em meses, entre os momentos de melhor e pior resultados) e de expansão (o inverso: do pior momento ao pico em termos de aquecimento da economia). Um ciclo de contração ou expansão corresponde ao tempo, em meses, entre o último momento onde se verificou resultado positivo (ou negativo) e o próximo.

Até a década de 2000, as piores contrações, ou recessões, foram às ocorridas entre outubro de 1873 e março de 1879 (que ficou conhecida como a Longa Depressão com duração de 65 meses), seguido pela crise da bolsa americana em 1929. Na época, foram 43 meses para a retomada do estado de expansão.

Observando os dados deste estudo, podemos perceber que a duração dos períodos de contração, em geral, é menor em relação aos de expansão. Ou seja, chegamos mais rápido ao fundo do poço e demoramos mais para retomar ao pico econômico. Em média, a duração dos períodos de contração (tempo entre o momento de alta e baixa) é de 17 meses, enquanto o de expansão é de 38 meses. A maior duração histórica do Ciclo de Contração, ou seja, do espaço entre crises, ocorreu no período de março de 1991 a novembro de 2001. Pura calmaria. Quem aproveitou este período colocou-se em vantagens competitiva diante dos demais. Foram 128 meses no total, sendo que, destes, 120 foram de expansão. Outro período positivo ocorreu de fevereiro de 1961 a novembro de 1970, com 117 meses de duração, sendo 106 de expansão.

Mais recente, se olharmos para a crise econômica deflagrada em dezembro de 2007, com seu epicentro nos Estados Unidos, e em diversos países da Europa, podemos notar algo semelhante. Somente em junho de 2009 é que o NBER considerou, através de suas análises, a economia americana oficialmente no fundo do poço, fora da recessão e em fase inicial de preparo para as fases de recuperação e expansão.

Foram 18 meses percorridos, e sofridos, para que o pior estágio fosse alcançado,o que transforma este ciclo em um dos mais longos ocorridos desde a segunda guerra mundial. Este ciclo ainda continua aberto. Após mais de 8 anos, ainda não existe consenso de que a crise tem sido totalmente superada. Alguns indicadores indicam que sim, outros ainda merecem maior atenção.

Mas temos que lembrar, sempre, que este é um processo cíclico. No atual outros estão começando a trilha da crise, alguns estão no meio dele, outros próximos da recessão a assim por diante. Quanto durará o processo de recuperação destes países, só o tempo dirá.

Fonte: Exame /Renato Ricci

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here