O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe foi baleado na cidade de Nara. Fotografia: Yoshio Tsunoda/AFLO/REX/Shutterstock.

Atentado aconteceu no oeste do Japão, na cidade de Nara; o político sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu aos ferimentos

Por Redação

TÓQUIO – O ex-primeiro-ministro do japonês Shinzo Abe foi morto a tiros nesta sexta-feira, 8, em um ataque durante um ato eleitoral em Nara, oeste do Japão.

Abe, de 67 anos, foi baleado enquanto discursava antes das eleições parlamentares. Ele ainda foi transportado de avião para um hospital após sofrer uma parada cardiorrespiratória, mas não resistiu.

O suspeito foi identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos. Ele foi preso por tentativa de homicídio e uma arma de fogo foi confiscada. A rede de TV NHK informou que o suspeito serviu na Força de Autodefesa Marítima – A Marinha Japonesa – por três anos na década de 2000.

Conforme o jornal The New York Times, a Agência Japonesa de Gerenciamento de Incêndios e Desastres confirmou que o ex-primeiro-ministro sofreu um ferimento de bala no pescoço e no peito. Ainda não há informações sobre a motivação do crime.

O ataque a Abe foi transmitido ao vivo na TV. Abe discursava do lado de fora de uma estação de trem principal em Nara. De pé, vestido com um terno azul marinho, ele levantava o punho, quando um tiro é ouvido.

O ex-premiê chegou a apertar o peito ao ser atingido, e desmaiou com a camisa ensanguentada. No momento do ataque, ele estava fazendo um discurso em prol da campanha eleitoral de Kei Sato, do Partido Liberal Democrata (PLD), para a Câmara Alta do Parlamento japonês.

O primeiro-ministro Fumio Kishida chamou o ataque de “covarde e bárbaro” e acrescentou que o crime ocorrido durante a campanha eleitoral, que é o fundamento da democracia, era absolutamente imperdoável.

Suspeito de atirar no primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, é detido por policiais na estação Yamato Saidaiji em Nara. Foto: Yomiuri Shimbun/KYODO.

Trajetória

Abe foi o primeiro-ministro mais longevo do país e cumpriu dois mandatos — de 2006 a 2007 e de 2012 a 2020. Ele renunciou ao cargo em agosto de 2020, após apresentar problemas de saúde. Enquanto esteve no poder, ganhou notoriedade pela ascensão econômica aplicada no país. No Brasil, ele ficou conhecido por participar do encerramento das Olimpíadas do Rio, em 2016.

Seu sucessor, Yoshihide Suga, 64, foi indicado pelo Partido Liberal Democrata (PLD). Depois de um ano no cargo, renunciou, em uma saída precipitada pela má gestão da pandemia. O atual líder do Japão, Kishida, foi escolhido para liderar o país com o apoio tácito de Abe.

O ex-primeiro-ministro foi preparado para seguir os passos de seu avô, o ex primeiro-ministro Nobusuke Kishi. Sua retórica política muitas vezes focada em tornar o Japão uma nação “normal” e “bonita” com uma militarização mais forte e maior papel nos assuntos internacionais.

Ele disse aos repórteres na época que foi “doloroso” deixar muitos dos seus objetivos inacabados. Ele falou de seu fracasso em resolver a questão do japonês sequestrado anos atrás pela Coreia do Norte, em uma disputa territorial com a Rússia e uma revisão da Constituição de renúncia à guerra do Japão.

Seu ultranacionalismo irritou as Coréias e a China, e seu esforço para normalizar a postura de defesa do Japão irritou muitos japoneses. Abe não conseguiu reescrever formalmente a constituição pacifista redigida pelos EUA devido ao fraco apoio público.

A primeira passagem de Abe, repleta de escândalos, como primeiro-ministro foi o começo de seis anos de mudança anual de liderança, lembrado como uma era de “porta’’ política que carecia de estabilidade e políticas de longo prazo.

Quando voltou ao cargo em 2012, Abe prometeu revitalizar a nação e obter sua economia fora de sua estagnação deflacionária com sua fórmula “Abenomics’’, que combina estímulo fiscal, flexibilização monetária e reformas estruturais.

Ele ganhou seis eleições nacionais e construiu um sólido controle do poder, reforçando o papel e a capacidade de defesa do Japão e sua aliança de segurança com os EUA. Ele também intensificou a educação patriótica nas escolas e elevou o perfil internacional.

Repercussão internacional

Líderes mundiais tem lamentado ao longo do dia a morte de Shinzo Abe. O atentado foi um choque em uma das cidades mais seguras do mundo, localizada em um dos países com algumas das mais rígidas leis de controle de armas.

A Casa Branca enviou condolências à família do ex-premiê e disse estar acompanhando os desdobramentos do caso. No Twitter, o presidente da França, Emannuel Macron, enviou condolências para a família de Abe e afirmou que os franceses “apoiava o povo japonês”. Boris Johnson,o primeiro-ministro britânico que ontem anunciou sua renúncia, escreveu que a notícia do ataque o deixou “chocado e triste”.

Governos de diversos países ao redor do mundo, como Quênia, Irã, Rússia, Holanda e Portugal também condenaram a morte de Abe.

Sobre o histórico de armamento no Japão, o jornal The New York Times noticiou que 10 tiroteios que contribuíram para a morte, ferimentos ou danos materiais foram registrados em 2021, segundo estatísticas da Agência Nacional de Polícia do país. 

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AP, AFP, EFE, THE NEW YORK TIMES e WASHINGTON POST (via Estadão)

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