Por Elton Santos – Guardian DF

Em entrevista concedida ao portal Guardian DF, a sindicalista Marli Rodrigues, pontua os principais problemas que os servidores públicos, principalmente os da Secretaria de Saúde, estão enfrentando junto ao Governo do DF.

O ano de 2016, não foi um ano fácil para servidores públicos do Distrito Federal. Também não foi para o Governo de Brasília. E a relação dessas duas pontas foi protagonizada por diversos conflitos. A principal pauta da categoria, foi o reajuste salarial e incorporações de gratificações à folha de pagamento.

O problema de comunicação, na falta de diálogo, como defende o sindicalismo, ajudaram como querosene e incendiou mais ainda essa relação. A presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, que representa 104 categorias, faz um balanço do ano e diz o que faltou para governo e sindicatos se alinharem para o bem do servidor.

Veja entrevista com a sindicalista:

Na sua avaliação, em meio a esta crise financeira que o DF enfrentou em 2016, em qual ponto o governo errou com os servidores?

Sem dúvida, na falta de diálogo e de boa vontade, para construir alternativas que possibilitassem o cumprimento das leis. Tentar jogar a população contra os servidores, com campanhas midiáticas, foi outro infortúnio, causado por uma gestão que ainda não disse a que veio.

A falta de planejamento, aliada ao desconhecimento das instituições, de sua equipe de neófitos “estrangeiros”, provenientes, em sua maioria, do Senado Federal tem resultado na gestão catastrófica, constatada por toda a sociedade. A falta de gestão, principalmente, na saúde, é um dos motivos mais preocupantes, afinal, os erros e omissões nessa área, podem ser fatais.

Qual é a avaliação do SindSaúde em relação ao uso novamente do IPREV para pagar os salários dos servidores?

No ano passado, foi apresentado uma alternativa, para atender, em caráter excepcional, a situação dos servidores aposentados e o pagamento das pecúnias, de quem havia se aposentado em 2015. Infelizmente, o esforço concentrado para viabilizar esses pagamentos, não se mostrou eficaz, já que, os aposentados ainda aguardam o cumprimento dessa “promessa”. E, nessa nova investida para tomada de outro empréstimo, o SindSaúde vê com muita preocupação, o descompromisso do governo em cumprir a sua parte com os trabalhadores. Percebemos que, a excepcionalidade, tornou-se regra, e, nesse compasso, a dilapidação do patrimônio do IPREV, será fato consumado.

O governo não fez a sua parte, nesse “sacrifício” imposto a todos, pois, não reduziu os salários do seu secretariado e da cúpula do governo; não reduziu a farra dos cargos comissionados; continua celebrando contratos de terceirização, em detrimento dos serviços públicos, promovendo eventos “culturais”, enquanto falta o básico nos hospitais, dentre outras omissões. A falta de estrutura e a precarização do serviço público, tem reflexo imediato nos usuários do sistema de saúde, que sofrem de desassistência. Mas, atinge também os servidores, pois, os mesmos são submetidos a níveis de estresse alto e continuo, reduzindo a sua capacidade laborativa.

Dessa forma, nos posicionamos, radicalmente contra, essas medidas “fáceis” e miraculosas, para despistar a incompetência e a má vontade do governo, em promover ações concretas de economia e do uso racional dos recursos públicos. Como será o futuro do servidor, se continuarem saqueando o IPREV? Causa estranheza, a falta de posicionamento do TCDF, uma vez que, o TCU, deu parecer contrário, ao uso desse suposto “superavit”, no fundo, afirmando, ao contrário, que fazendo uma projeção futura, simples, o fundo está é deficitário. Portanto, carecendo de recomposição e melhor gestão.

O sindicalismo no DF está fatiado?

A nova conjuntura nacional e local, com as constantes investidas, para revisão e retirada dos direitos assegurados e duramente conquistados, pelos trabalhadores, urge a necessidade de nos reinventarmos, para termos sucesso em nossas demandas. Muitas lideranças, defendem a reunificação de entidades representativas na saúde. Alegam que, as maiores conquistas que temos, são da época do sindicato único. Maquiavel ja discorria sobre os benefícios da divisão, para o governo. Ele ensinava que, para o governante dominar, seria interessante estimular a divisão, a fragmentação de forças, ou, “Dividir para governar”. Esse é um ponto delicado e que merece um profundo debate, por parte dos interessados, para construirmos caminhos alternativos ao enfraquecimento dos sindicatos e, consequentemente, dos servidores.

O que se percebe é que os sindicatos entram em conflito entre si. Isso não representa um problema para a categoria?

Não existe conflitos entre os sindicatos, mas sim, “modus operandis” diferentes e, muitas vezes, bases iguais, pelo fato de o SindSaúde ter legitimidade para representar todas as categorias da saúde. Mas, essas situações não se sobrepõem aos interesses dos servidores. Um dos principais focos da atuação do SindSaúde, além da luta pela manutenção e cumprimento das conquistas dos servidores da saúde, é o combate ostensivo à terceirização. O governador Rollemberg já se posicionou, categoricamente, pela implementação das OSs.

O que preocupa o sindicato com a implantação das OSs?

A parceria com o IBROS e o senhor Renilson Rehem, superintendente do Hospital da Criança, recentemente, reconduzido ao cargo, por decisão judicial, nos coloca em posição de alerta, pois, significa o fim do SUS, no Distrito Federal. Enquanto, o governo passa a mão no IPREV, caloteia os direitos dos servidores, não investe em estrutura e infra estrutura dos serviços públicos, alegando falta de dinheiro, ele planeja terceirizar parte da saúde, para atender aos seus compromissos de campanha, olvidando a qualidade e a prestação efetiva dos serviços.

Da Redação 

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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