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Levantamento da Secretaria de Saúde mostra que número de doadores efetivos e de transplantes caiu no primeiro semestre de 2019 na capital federal. Quantidade de operações de coração e rim apresenta queda em relação ao ano passado.

Por Redação / CB

Desde o nascimento, Larissa Rodrigues Nemésio, 16 anos, luta contra a insuficiência renal aguda. A doença fez a jovem perder os dois rins e depender de hemodiálises diárias para sobreviver. Em 2016, a garota conseguiu um transplante do órgão depois de oito meses de espera, entretanto, o corpo dela o rejeitou em menos de dois anos. Agora, Larissa será encaminhada, mais uma vez, à lista de espera da rede pública de saúde do Distrito Federal, que, hoje, contabiliza 874 nomes. “A minha maior vontade é voltar para a escola. Fiz 15 anos em abril, não tive festa nem bolo”, lamenta.

A brasiliense Larissa mora com a avó, Vera Lúcia Faustina da Silva, 53, na zona rural de Palmital (MG). Com a ajuda da Prefeitura, a garota percorre mais de 100km, de segunda-feira a sábado, para chegar ao Hospital da Criança de Brasília José Alencar. “Agradeço a Deus por ter conseguido essa hemodiálise para a minha neta. Somos muito humildes e tivemos de suar muito para ter esse tratamento”, conta Vera. Agora, a mulher ressalta que a maior preocupação é com a espera por um rim. “Onde moro não tem esse tipo de médico. Espero que não demore muito para a Larissa voltar a viver direito”, diz.

O drama da jovem fica maior com o número de doadores efetivos da capital do primeiro semestre de 2019, que se mostra o mais baixo dos últimos cinco anos. Nos seis primeiros meses de 2019, 26 pessoas doaram órgãos. Comparado a igual período de 2018, o resultado é 23% inferior, com 34 operações. Os procedimentos também revelaram queda, segundo levantamento da Secretaria de Saúde. Com 27 casos, o transplante de rim caiu 30%, com redução de 39, em 2018, para 27, neste ano.

Outros transplantes também diminuíram. Os de coração caíram de 21, no ano passado, para 18 neste ano, e as de fígado, de 49 para 46, no mesmo período. Apenas as operações envolvendo córnea apresentam resultado positivo, passando de 125 procedimentos em 2018 para 185 em 2019, um aumento de 48%. O DF ainda é considerado referência nacional em transplantes dessa natureza (leia Para saber mais). Com 502 pessoas à espera, o rim é o órgão mais requisitado na Secretaria de Saúde. A córnea fica em segundo, com 314 solicitações, seguida por coração (30) e fígado (28).MetasA diretora da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal, Joseane Gomes Fernandes Vasconcellos, diz que a queda nos números é causada por diversos fatores. “Temos bom aproveitamento dos nossos doadores de Brasília, principalmente de fígado e de rim. A gente tem margem mais restrita com o coração, que exige mais critérios para o transplante, como tamanho e tipo sanguíneo”, explica.

Apesar do número de óbitos por morte encefálica — tipo que permite a remoção de órgãos — ter permanecido estável, em alguns casos, não é possível fazer a retirada. “Avaliamos se o doador tem idade muito avançada, se o corpo não passou por muita medicação antes do óbito, comprometendo o rim. São diversos fatores que podem impactar os números”, revela.

Em relação à adesão dos doadores, Joseane comenta que, no geral, o brasileiro se compadece com a causa e costuma permitir a doação dos órgãos de familiares mortos. Para solucionar o problema e melhorar o cenário, ela garante que o ideal é semear a cultura dessa prática, principalmente entre os profissionais da saúde. “Estamos trabalhando para capacitar as nossas equipes. Temos núcleos nas unidades de saúde transplantadoras, que passam por cursos de comunicação, para abordar da melhor forma as famílias. Temos de semear essa ideia dentro dos hospitais”, frisa. Trata-se de um procedimento no qual uma máquina funciona como se fosse um rim artificial. Ela filtra o sangue e libera o corpo dos resíduos prejudiciais à saúde, como excesso de sal e de líquidos. Além disso, controla a pressão arterial e ajuda o corpo a manter o equilíbrio de substâncias como sódio, potássio, ureia e creatina.

Destaque na córnea

Em maio, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) divulgou que o Distrito Federal ocupa o terceiro lugar no ranking nacional de transplante de córnea. A pesquisa avaliou os procedimentos realizados no primeiro trimestre deste ano. O destaque veio por meio dos serviços prestados pelo Instituto Hospital de Base, que havia realizado 29 procedimentos no início do ano.

Da Redação com informações do Correio

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