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Uso da tecnologia amplia acesso a especialistas no país e agiliza atendimento para quem de lato necessita

Por Folha de S. Paulo

O senso comum costuma associar tecnologia cm saúde a tratamentos de ponta, como a terapia genética ou medicamentos e equipamentos sofisticados c caros. Mas ações relativamente simples e de baixo custo, como a telemedicina, podem revolucionar o setor ajudando a organizar e analisar informações.

Essa foi uma das conclusões do painel “Tecnologia que Aumenta e Que Reduz Custos da Saúde”, o segundo do QR Content. No campo da organização de informações, o ideal, segundo os debatedores, seria criar uma base única de dados, com informações sobre os pacientes – como um histórico de cada mudos sistemas público e privado.

Isso traria enormes benefícios à saúde das pessoas e à produtividade do sistema, induziria custos e possibilitaria atender mais pessoas.

Os debatedores também apresentaram resultados do uso da telemedicina, ou telessaúde.

Ana Estela Haddad. professora associada da USP e diretora de relações institucionais da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde, por exemplo, comentou dados de um estudo desenvolvido pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

Segundo esse estudo, o uso de teleconsultorias (quando há profissionais nas duas pontas, ou seja, especialistas conversam com médicos que fazem o atendimento primário) evitou o encaminhamento para a atenção secundária em 64% dos casos, com a redução de filas nos procedimentos de maior complexidade. “Quando você melhora a resutabilidade na atenção primária |com a opinião de especialistas], você reduz as filas 11a atenção secundária”, afirmou.

Cesar Biselli. médico com especialização em Terapia Intensiva e Cuidados Paliativos e coordenador de Inovação e Tecnologia do Hospital Sírio-Libanês, reforçou a ideia de que o acesso a especialistas ajuda a reduzir desperdícios com procedimentos desnecessários.

Ele exemplifica comum convênio entre o Ministério da Saúde e o Sírio-Libanês, conduzido em quatro regiões do país: Porto Alegre, Belo Horizonte, Distrito Federal e Amazônia. Pelo projeto, quando o médico de uma UBS pede o encaminhamento a um especialista, seja de cardiologia.gastro ou ortopedia, uma equipe do Sírio, por meio de protocolos, devolve ao sistema uma lista que associa pertinência à prioridade. Nos casos em que as informações no sistema não permitem avaliar a pertinência, é liberado um canal 0800 para contato do médico que fez a solicitação.

Por meio de um recurso tão simples como um telefonema, o projeto vem conseguindo fazer uma mudança positiva. Em seis meses, mais de 170 mil encaminhamentos foram avaliados. Desses, 30% foram priorizados. Nos demais após avaliação, metade precisava apenas de uma atenção primária.

De acordo com Denizar Vianna, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, só com a telemedicina será possível ganhar escala na oferta de especialistas. Para vencer o gargalo dos casos de média complexidade em um país com 5.570 municípios, é preciso que o médico de atenção primária receba o suporte de um especialista para orientar suas decisões, explicou.

Enquanto países como Estados Unidos, Israel, Japão e Canadá se beneficiam de teletriagens, teleconsultas e diagnósticos a distância, no Brasil, a telemedicina depende de regulação para ser utilizada – o texto vigente do Conselho Federal de Medicina é de 2002. Em 17 anos, o avanço tecnológico foi enorme e requer uma evolução mais rápida da regulação.

Para Martha Oliveira, médica e diretora de estratégias e novos negócios da Qualirede, a tecnologia vai além do uso de softwares e hardwares. Envolve a utilização inovadora de práticas, recursos e modelos de gestão. Ela diz que é preciso preparar médicos e profissionais de saúde para lidar com a tecnologia. E, para aqueles que receiam que a telemedicina venha a desumanizar a medicina, ela responde: “Nada é mais desumano do que não conseguir ter a sua dúvida respondida”.

Da Redação com informações da Folha

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