Apoiadores de Bolsonaro comemoram visita de Musk ao Brasil e ligam o bilionário ao presidente. ‘Welcome to Brazil’, ‘Amazônia’ e ‘#BolsoMusk’ foram os assuntos mais comentados no Twitter na manhã desta sexta-feira

Por Redação*

A passagem de Elon Musk pelo Brasil deu o que falar, embora tenha durado pouco mais de quatro horas. O dono da Tesla e da SpaceX chegou ao aeroporto executivo Catarina, nos arredores de São Paulo, por volta das 10h. Musk, que só voa em aeronaves próprias, chegou em um jato Gulfstream G650 ER. Em seguida, recusou a oferta de embarcar em um helicóptero do Exército brasileiro, e seguiu de carro até o Fasano Boa Vista, em Porto Feliz (SP), a cerca de 40 km de distância do aeroporto.

Ao chegar, posou para fotos com o presidente Jair Bolsonaro e outros membros do governo. O executivo foi apresentado aos cerca de 20 empresários presentes pelo ministro das Comunicações, Fabio Faria. Apesar de o ministro ter dito que a associação com a Starlink, que tem o projeto de conectar milhares de escolas na Amazônia à internet, “ajudaria a revelar a verdade sobre a Amazônia”, o empresário saiu sem fazer qualquer menção à política ambiental brasileira.

A visita do bilionário sul-africano Elon Musk ao Brasil para participar do Conecta Amazônia mobilizou a base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. A comemoração de bolsonaristas pela chegada do fundador da SpaceX, que negocia uma operação para comprar o Twitter, ocupou ao menos quatro dos dez assuntos mais comentados na plataforma nesta sexta-feira, 20.

A hashtag #BolsoMusk foi a mais comentada nesta manhã, com 98,7 mil tuítes, seguida dos termos Amazônia; Welcome to Brazil (bem-vindo ao Brasil, em referência a Musk) e Porto Feliz (cidade onde o encontro aconteceu). A Starlink, braço da SpaceX que quer implementar satélites no Brasil, e o nome do ministro das Comunicações, Fábio Faria, também estiveram entre os termos mais citados na rede.

Musk é visto com ânimo por apoiadores do presidente pela defesa da “liberdade de expressão”, repetida com frequência por ele. O grupo já havia comemorado a compra do Twitter pelo bilionário – dias depois, Musk avisou que o negócio estava “temporariamente suspenso”.

Como Musk veio para vender um projeto de telecomunicações, o empresário teve reuniões com os cinco executivos das operadoras presentes ao evento: Christian Gebara (Telefônica/Vivo), José Félix (Claro), Rodrigo Abreu (Oi), Alberto Griselli (Tim) e Pietro Labriola (da Telecom Itália, dona da Tim). Segundo apurou o Estadão, nesses encontros a pauta se resumiu aos serviços da Starlink.

Posteriormente, Musk teve um encontro rápido com membros do governo, incluindo o presidente Bolsonaro. Alguns empresários chegaram a entrar no encontro, mas acabaram sendo convidados a sair. Inicialmente, a visita de Musk acabaria por aí, mas o empresário acabou ficando para o almoço.

O presidente, que divulgou foto do encontro com Musk nas redes sociais, chamou de “sopro de esperança” a possível troca no comando do Twitter. Faria disse ao empresário que “todo mundo no Brasil o ama”.

Nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já defende a narrativa de que o pai é próximo do empresário. Ele postou uma fotomotagem em que Bolsonaro e Musk estão lado a lado comendo pastel de feira e aproveitou para impulsionar a hastag “Bolsomusk”. Outros memes também fizeram montagens com a foto da dupla como se fossem personagens da franquia Power Rangers.

O senador Flávio Bolsonaro (PL) chamou a reunião de “encontro de mitos”.

Entre os posts mais compartilhados, estão referências à esquerda, que, segundo seguidores de Bolsonaro, estaria “chorando” com o encontro.

A conta “Te atualizei”, da blogueira bolsonarista Bárbara Destefani, disse que a conectividade na Amazônia proposta por Musk “vai levar internet para várias regiões distantes e livrar o povo do monopólio da Globo”.

Com menor expressão no Twitter, opositores do presidente usaram as mesmas hashtags para criticar a visita de Musk. O termo “Welcome to Brazil”, por exemplo, foi associado aos índices de pobreza e inflação do País.

A estratégia de comunicação nas redes sociais é classificada como crucial pelo Planalto para Bolsonaro enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro. Como mostrou o Estadão, integrantes da família Bolsonaro ganharam cerca de 200 mil novos seguidores no Twitter após a venda do aplicativo para Musk.

Esteves como ‘cicerone’, Hang como surpresa

À mesa, Musk sentou-se entre Bolsonaro e o fundador do BTG Pactual, André Esteves, que acabou se tornando uma espécie de “cicerone” do dono da Tesla. A questão da barreira do idioma fez diferença: Musk passou a maior parte do tempo conversando com Esteves e quase não interagiu com Bolsonaro, apesar de um tradutor estar o tempo todo posicionado próximo a ambos.

Entre os executivos presentes, Rubens Ometto, do grupo Cosan, acabou ganhando uma posição de destaque, ao lado do presidente Bolsonaro. Outros lugares próximos a Musk foram reservados a Fábio Faria (mente por trás do encontro) e a Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil. Os demais empresários tiveram poucas chances de interação com o quase trilionário.

Um nome que inicialmente não estava na lista de convidados, mas compareceu ao evento, foi o de Luciano Hang, fundador da varejista Havan e apoiador de primeira hora do presidente Bolsonaro. Segundo fontes presentes ao almoço, a chegada de Hang foi uma quase surpresa, e ele ainda trouxe a esposa e um amigo a reboque. O executivo postou ainda em suas redes sociais uma foto em que aperta a mão de Elon Musk, com o recado: “Será que vai ter uma megaloja da Havan em Marte?”

Mesmo com o almoço, a presença de Musk no Brasil não durou muito mais de quatro horas: segundo pessoas presentes ao evento, ele saiu por volta das 14h10, em direção ao aeroporto Catarina, de onde deixaria o País.

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*Com Estadão 

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