Em vez de se dedicarem a votar projetos de interesse do País, 184 deputados viajam mundo afora para visitar cassinos e assistir a shows, diz revista

Por Ary Filgueiras

O mês de maio é considerado uma das melhores épocas do ano para viajar a Roma. O clima é ameno, e a temperatura varia entre 10 e 27 graus. Católicos que estiveram por lá nesse período no ano passado puderam assistir a um show dos padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo no Circo Massimo, a fantástica ruína romana onde eram realizadas no passado corridas de bigas. Mas ninguém na plateia foi mais afortunado que o deputado Fernando Coutinho (PROS-PE). Ele viu o show de graça. Suas despesas foram pagas pela Câmara dos Deputados, portanto, dinheiro público. A viagem de Coutinho aconteceu no momento em que a Câmara já patinava na discussão da Reforma da Previdência. É um exemplo contundente da existência na Câmara de uma turma de congressistas que, preocupados com o próprio umbigo, se lixam para a situação do País.

Com uma enxurrada de projetos à espera de aprovação em comissões e no plenário, os deputados preferem dar suas escapulidas. Sob o caráter de “missões oficiais”, eles gastaram em 2017 nada menos que R$ 1,6 milhão somente em diárias para viagens ao exterior, para destinos como o Caribe, Inglaterra, Portugal, Itália, Espanha e Estados Unidos. Não raras vezes para assistir a shows ou discutir a conservação do Atum Atlântico na cidade de Marrakesh, no Marrocos. De acordo com dados confirmados por ISTOÉ junto ao portal de Transparência da Câmara, os parlamentares fizeram, em 2017, 286 viagens ao exterior. Foram pagas 1.312 diárias a um total de 184 deputados. O destino mais visitado foi Nova York, com 100 viagens. Para Lisboa, foram 23. Para Jerusalém, 17. Roma e Cidade do Panamá, 16.

Visitar cassinos no exterior foi um dos focos de alguns parlamentares. Entre os dias 5 e 20 de janeiro, em pleno recesso parlamentar, oito deputados foram ao exterior para tratar do funcionamento de cassinos e jogos de azar, que são proibidos no Brasil. Na China, entre idas a Xangai, Macau e Hong Kong, consumiram 40 diárias, totalizando R$ 63 mil. Foram ter uma aula sobre exploração de jogos de fortuna e azar naquele país. Para lá rumaram Herculano Passos (MDB-SP), Damião Feliciano (PDT-PB), Weliton Prado (PROS-MG), Hildo Rocha (MDB-MA), Lelo Coimbra (MDB-ES), Evandro Roman (PSB-PR), Jaime Martins (PROS-MG) e José Rocha (PR-BA).

Em novembro, a discussão sobre a legalização dos jogos fez com que os deputados Paulo Azi (DEM-BA), Efraim Filho (DEM-PB) e José Carlos Aleluia (DEM-BA) viajassem a Londres e Lisboa. Na Inglaterra, participaram da World Trade Market (WTM), a mais importante feira do setor do turismo no mundo. Já em Lisboa, estiveram reunidos com representantes do Grupo Estoril Sol e emprestaram a expertise deles sobre regulamentação de jogos, visitando cassinos na capital de Portugal.

Em 2017, 184 deputados visitaram 80 cidades pelo mundo afora. Os gastos consumiram R$ 1,585 milhão dos cofres públicos

O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), organizou sua excursão. Em novembro, ele e nove deputados usaram o avião da FAB para viajar a Israel, Palestina, Itália e Portugal. No périplo, visitaram o Museu do Holocausto, em Israel e a Basílica da Natividade, em Belém. Custo total: R$ 88 mil. Com o plenário não raro às moscas, 184 deputados exibem suas prioridades: preferem voar pelo mundo às custas do dinheiro do povo.

Carta do deputado Hildo Rocha (MDB-MA)

A informação noticiada não traduz a verdade e os reais interesses que motivaram a citada viagem, além de que incute nos leitores e na sociedade impressões negativas acerca da atuação parlamentar, do exercício do mandato outorgado pelo povo brasileiro, e das convicções políticas deste deputado.

É certo que houve viagem oficial à China, conforme devidamente publicado no site de transparência da Câmara dos Deputados. Entretanto, o deslocamento deste parlamentar – ex- membro da Comissão de Desenvolvimento Urbano -, àquele país se deu nos estritos limites dos interesses nacionais, da coletividade.

Afinal, marcou agenda política dedicada a estreitar laços entre o Brasil e a China nas áreas de Turismo e Desenvolvimento Urbano, a atrair investimentos para o país e, sobretudo, a conhecer projetos que alinhem crescimento econômico, utilização racional de recursos e preservação do meio-ambiente.

Importante destacar que é de minha autoria o Projeto de Lei n.º 7108/2017, que pretende substituir a utilização de água potável pela água do mar no abastecimento de sistemas e equipamentos sanitários de cidades litorâneas, a exemplo do que já ocorre no território chinês.

Durante a viagem oficial, pude ter contato e colher importantes subsídios com equipes técnicas de corporações especializadas em infraestrutura de saneamento básico, que demonstraram o funcionamento de sistemas de tratamento de água e esgoto, de soluções tecnológicas que viabilizam a utilização de água do mar em sistemas de saneamento, de sistemas de dessalinização de água e de instalações de tratamento de água para reuso, além de sistemas criados para transformar resíduos sólidos em energia.

Nota-se, portanto, que a viagem à China obedeceu aos princípios republicanos que devem orientar o exercício da atividade parlamentar, sendo descabidas as insinuações que tentam deslegitimar o interesse público que a motivou e sobre o qual se sustentou, subsistindo a necessidade de que se elucidem todos os fatos, divulgando-se a íntegra desse comunicado, para que se mitiguem os danos que injustamente este congressista e o parlamento nacional têm suportado em razão de notícia.

Da Redação com informações da IstoÉ

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