Apesar dos possíveis ganhos econômicos e ambientais, a maioria da população brasileira tem se mostrado contrária à volta da medida, citando principalmente os impactos negativos na saúde. Para especialistas, a economia de energia é irrisória; governo diz que vários fatores serão levados em conta.

Por Delmo Menezes

O horário de verão, prática que consiste em adiantar os relógios em uma hora durante determinados períodos do ano, é um tema que divide opiniões no Brasil e em diversos outros países. A decisão de adotar ou não essa medida gera debates acalorados, com argumentos que vão desde a economia de energia até os impactos na saúde da população. No Brasil, a discussão ganhou ainda mais força nos últimos anos, com a extinção do horário verão pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e a possibilidade de seu retorno pelo atual governo sendo novamente considerada.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse nesta quarta-feira (11) que o governo avalia implementar a volta do horário de verão para economizar energia diante do cenário de estiagem no Brasil.

Apesar dos possíveis ganhos econômicos e ambientais, a maioria da população brasileira tem se mostrado contrária à volta da medida, citando principalmente os impactos negativos na saúde e na rotina diária. O retorno do horário de verão, portanto, traz à tona uma série de questões que precisam ser avaliadas com cautela, tanto do ponto de vista técnico quanto social.

Impactos na saúde: A alteração brusca do horário pode desregular o relógio biológico, levando a problemas de sono, como insônia e dificuldade em acordar. Esses distúrbios do sono, por sua vez, podem desencadear uma série de problemas de saúde, como fadiga crônica, irritabilidade, diminuição da produtividade e até mesmo aumentar o risco de acidentes de trabalho e de trânsito. Além disso, a mudança de horário pode exacerbar problemas de saúde mental em indivíduos com transtornos do sono ou de humor.

Comparação com outros países: Muitos países ao redor do mundo já abandonaram o horário de verão, como a Rússia e a maioria nos Estados Unidos. Estudos realizados nesses países indicam que os benefícios da medida, como a economia de energia, são cada vez menores com o avanço das tecnologias e a mudança nos padrões de consumo. Além disso, os custos associados à mudança de horário, tanto para indivíduos quanto para empresas, podem superar os benefícios obtidos.

Impactos positivos: Embora os impactos negativos do horário de verão na saúde sejam significativos e bem documentados, é importante reconhecer que a medida também apresenta alguns aspectos positivos que, ao longo dos anos, justificaram sua adoção em diversos países, como a economia de energia. Ao aproveitar melhor a luz natural, a demanda por iluminação artificial diminui, especialmente nos horários de pico. Essa economia pode ser significativa, principalmente em países com redes elétricas sobrecarregadas.

Outro fator defendido pelos empresários é o estímulo à economia. O horário de verão pode gerar um impacto positivo na economia, especialmente em setores como o comércio e o turismo. Com mais horas de luz, as pessoas tendem a sair mais de casa, frequentar bares e restaurantes, e realizar compras.

O que concordam com o horário verão também alegam que a maior luminosidade nas ruas, proporcionada pelo horário de verão, pode contribuir para a redução da criminalidade, especialmente em relação a crimes que ocorrem nas horas mais escuras do dia.

Os benefícios do horário de verão são questionáveis e podem variar de acordo com diversos fatores. Além disso, os impactos negativos na saúde da população são significativos e devem ser considerados ao tomar a decisão de adotar ou não essa medida.

A decisão de voltar com o horário de verão é complexa e envolve uma série de fatores, desde os impactos econômicos e ambientais até as consequências para a saúde da população. Embora a economia de energia tenha sido um dos principais argumentos em favor da medida no passado, estudos mais recentes questionam a magnitude desses benefícios. Por outro lado, os impactos negativos na saúde e a dificuldade de adaptação da população à mudança de horário são cada vez mais evidentes.

A volta do horário de verão pode representar uma medida de curto prazo para aliviar a demanda por energia, mas seus custos para a saúde sugerem que essa decisão precisa ser amplamente discutida com a sociedade, buscando alternativas que sejam sustentáveis ​​e menos prejudiciais para o bem-estar dos brasileiros.

O que diz o Ministério de Minas e Energia

Questionado sobre as probabilidades de adoção do horário de verão, o Ministério de Minas e Energia disse que está fazendo os estudos para embasar a decisão e está considerando fatores como a previsão de chuvas e as consequências da medida na economia.

“O retorno do horário de verão deve ser analisado sob diversos aspectos, como a geração de energia, os índices pluviométricos e, também, os aspectos econômicos da medida”, informou a pasta.

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Da Redação do Agenda Capital

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